Homem faz sucesso no TikTok recuperando iPhones “sem jeito” e é intimado pela Apple
A empresa de tecnologia alegou que Wilmer Becerra estava se passando por técnico autorizado, versão que foi rebatida pelo profissional.
Um técnico de celulares recebeu uma notificação oficial da Apple, após fazer sucesso consertando aparelhos da marca considerados “sem jeito”.
O colombiano Wilmer Becerra desenvolveu uma técnica para recuperar celulares danificados, mas a empresa norte-americana exigiu o fim do oferecimento do suporte para produtos Apple.
Após receber a notificação dos representantes legais da marca, Wilmer Becerra decidiu criar um debate importante sobre o consumo de produtos eletrônicos.
“O proprietário de um iPhone não é livre para decidir onde reparar os equipamentos que possui?… Neste mundo tão saturado de lixo eletrônico, oferecer uma alternativa para dar vida a um aparelho e evitar que ele seja jogado no lixo e polua é errado?”, respondeu o colombiano em suas redes sociais.
O empreendimento do técnico ficou popular na web quando ele começou a recuperar telefones considerados perdidos, devido a problemas como telas quebradas e baterias danificadas.
Desse modo, o seu serviço fez com que uma grande quantidade de produtos não se tornasse lixo eletrônico, gerando mais poluição.
Wilmer Becerra, colombiano que recupera iPhones “irrecuperáveis”. (Imagem: Wiltech/Reprodução)
Serviço técnico oferece inovação e economia
Becerra contou ao jornal El País que sempre teve interesse por eletrônicos, por isso, se dedicou a aprender e entender o funcionamento deles. “Desde que consegui um emprego consertando laptops, eu dizia: ‘isso é coisa minha’”, contou o técnico ao jornal.
Quando começou a atender diretamente, percebeu que muitas pessoas reclamavam do atendimento recebido nas lojas da Apple. Elas afirmavam que o conserto dos itens era muito caro, quase chegando ao valor de um produto novo.
O empreendedor notou que tais equipamentos precisavam ser recuperados, por conta do alto valor de mercado. Logo, eles não deveriam ser descartados facilmente, como acontece com frequência.
Assim, ele se empenhou em conhecer as configurações e peças dos aparelhos e desenvolveu uma forma própria de consertá-los. Depois, aproveitou a visibilidade das redes sociais para compartilhar seu trabalho, principalmente no TikTok.
Seu negócio ganhou notoriedade em diversos países da América Latina. Por isso, em agosto, ele recebeu um comunicado dos representantes legais da Apple para que encerrasse os serviços com os produtos da marca, como supracitado.
O objetivo da Apple era proibi-lo de usar os logotipos ou a informação de que era um serviço autorizado.
Regulamentação do direito ao reparo
Em resposta à empresa de tecnologia, Wilmer Becerra pontuou que o consumidor tem o direito de escolher com quem vai consertar os dispositivos.
Além disso, informou que não se apresentava como um serviço autorizado e que já não usava produtos da marca “há muito tempo”.
O debate também levantou outra discussão na Colômbia, já que outros países, como os Estados Unidos, já ordenaram que as empresas, como a Apple, disponibilizem peças e manuais de reparo para quem adquirir seus itens durante 10 anos.
“É uma questão de consumismo. Grandes fabricantes limitam a vida útil dos componentes para continuarem fabricando mais. No final, quem perde é o usuário, porque antes comprava um aparelho que durava 20 anos. Agora, com o telefone, eles pegam o 15 e já falam que o 14 é velho”, ressaltou Becerra.
Como resultado, sua reclamação incentivou a iniciativa da senadora colombiana Laura Fortich para criar uma lei que garanta os direitos do consumidor no Congresso colombiano.
Além de oferecer alternativas às pessoas, a medida, caso seja aprovada, também promoverá uma redução do impacto ambiental ao diminuir a quantidade de lixo eletrônico gerado anualmente.
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