Incrível obra reviveu rio que estava ‘morto’ há mais de dois séculos; entenda
O processo de restauração do rio teve início em 2016 e culminou na restauração das suas curvas naturais e na criação de um ambiente propício para desenvolvimento da flora e fauna locais.
A restauração de um trecho de 1 km do rio Swindale Beck, localizado próximo ao reservatório de Haweswater, na cidade inglesa de Cúmbria, ressuscitou a natureza que havia desaparecido por cerca de dois séculos.
A empreitada, que custou 200 mil libras (aproximadamente R$ 1,2 milhão), foi financiada pela Sociedade Real de Proteção às Aves (RSPB), a United Utilities (empresa proprietária da área de recursos hídricos) e por duas agências governamentais dedicadas ao meio ambiente.
A história do local começa no século XIX, quando a comunidade de Swindale iniciou um projeto ambicioso para retificar o trecho do rio, acelerando o fluxo de água no vale e expandindo a área de terras agrícolas circundantes.
Contudo, tal intervenção resultou em efeitos colaterais não desejados. O aumento da velocidade do rio prejudicou a desova de peixes como o salmão e a truta, e o aumento do transporte de sedimentos tornou a água mais turva.
A obra de “desretificação”
Natureza ao redor do rio voltando à vida. (Foto: Victoria Gill/BBC/Reprodução)
Em 2016, a RSPB e seus parceiros, inclusive a United Utilities, embarcaram em um projeto de “desretificação” do rio, visando retorná-lo ao seu estado original.
Após estudos para localizar o antigo curso de água, escavadores foram contratados para criar um canal sinuoso que se estende cerca de 180 metros a mais do que a reta que cortava o vale por dois séculos.
Os resultados foram impressionantes, com a restauração das curvas sinuosas desacelerando o fluxo da água e criando habitats aquáticos ideais para a vida selvagem.
Lee Schofield, da RSPB, destacou os benefícios desse projeto:
“Agora temos vegetação no rio, onde os peixes jovens podem se abrigar, existem bancos de cascalho, piscinas profundas e corredeiras. Há partes rasas e partes turbulentas do rio onde a água absorve oxigênio. Tudo isso beneficia a cadeia alimentar inteira”, explica o especialista.
O governo britânico apoia projetos de conservação semelhantes sob o programa Landscape Recovery Scheme, que financia a restauração da biodiversidade em terras agrícolas e a melhoria dos rios.
Para a United Utilities, a “desretificação” do rio trouxe o benefício adicional de autolimpeza, uma vez que rios com cursos sinuosos têm um fluxo mais lento e depositam sedimentos nas margens, reduzindo o risco de inundações.
De forma irônica, empresas de água que causam danos ambientais podem ser multadas, com o dinheiro reinvestido em um fundo de restauração hídrica e usado para projetos de conservação liderados pela comunidade.
A United Utilities, que enfrentou problemas de despejo de esgoto, declarou-se comprometida em proteger a qualidade da água e beneficiar a biodiversidade.
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