Tudo que você precisa saber sobre o Lobo-guará

Saiba um pouco mais sobre as características e comportamento do maior canino selvagem do mundo.

O lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) é um animal que chama bastante a atenção de quem o observa pessoalmente. Parece uma raposa de cabelos compridos e pernas peludas sobre palafitas.

Esse canídeo é amplamente conhecido por se comunicar principalmente com o cheiro. Assim como inúmeros outros animais, eles usam urina e excrementos para marcar seus territórios. O gigante canino tem uma aparência simpática e é usado como representante nas campanhas de conservação do Cerrado.

Características do Lobo-Guará

Com um comprimento de até 1,2 metros quando totalmente crescido, esta espécie é o maior membro selvagem da família canina. (Mesmo assim, não é nem de perto o mais pesado: lobos-guará adultos chegam a pesar até 30 kgs, enquanto o lobo cinza pode pesar até 80 kgs.)

Lobo-Guará Habitat

Distribuição Geográfica do Habitat do Lobo-Guará
Distribuição Geográfica do Habitat do Lobo-Guará

O lobo-guará deve sua estatura impressionante a suas pernas desproporcionalmente longas, que provavelmente evoluíram devido a preferência de habitat. Os animais geralmente podem ser encontrados em pastagens abertas no Brasil, Peru, Paraguai, Uruguai e Argentina, levando os cientistas a teorizarem que suas pernas evoluíram para ajudá-los a enxergar ervas e arbustos altos enquanto procuravam presas.

Aspectos evolutivos

Apesar do nome, ele não é realmente um lobo. Também não pode ser considerado uma raposa, se levarmos em conta suas características. O lobo-guará têm pupilas circulares. Raposas reais têm pupilas elípticas, orientadas verticalmente, que as ajudam a emboscar presas em condições de pouca luz.

Graças a inúmeras peculiaridades anatômicas, o lobo-guará não pode ser confortavelmente classificado como qualquer tipo de raposa, lobo, cachorro, coiote ou chacal. Uma análise genética de 2009 determinou que o parente mais próximo da espécie era o lobo das Ilhas Malvinas, que foi extinto por volta de 1880.

O último ancestral comum desses dois mamíferos provavelmente viveu em algum lugar cerca de 6,7 milhões de anos atrás.

Os pesquisadores acreditam que, entre os animais ainda vivos, o lobo-guará é mais parecido com o cão-do-mato, outro animal estranho do Novo Mundo. De aparência bastante encorpada, o cão-do-mato é notável por ter dedos palmados que permitem escavar com mais eficiência e ter um estilo de vida semiaquático.

Vocalização

Esse canídeo tem uma série de vocalizações que são usadas principalmente para se comunicar com outros lobos-guará que estão a longas distâncias. Quando irritados ou angustiados, os lobos-guará produzirão um rosnado baixo como um aviso. Eles também são conhecidos por soltar gemidos de saudação de alta frequência.

Alimentação

O que comem o lobo-guará? Amostras fecais indicam que, frutas e vegetais são responsáveis por um terço da dieta de um lobo-guará. Os canídeos costumam comer raízes e bulbos, mas preferem uma fruta parecida com tomate, conhecida como lobeira (o nome da fruta é derivado do entusiasmo do lobo-guará por ela).

Fruto da lobeira
Fruto da lobeira

Eles são muito hábeis em caçar mamíferos menores como tatus e roedores, sendo itens de presas comuns. Répteis, pássaros, insetos e ovos também são consumidos quando a oportunidade se apresenta.

Ecologia

Sementes de lobeira tendem a germinar mais eficientemente depois de passar pelo trato digestivo de um lobo-guará. Além disso, essas criaturas têm um hábito útil de defecar diretamente em formigueiros.

Os insetos usam essa matéria fecal para fertilizar seus jardins de fungos. No processo, eles lançam quaisquer sementes que possam encontrar nas pilhas de lixo da colônia, onde as sementes podem facilmente se firmar e se transformar em plantas frutíferas. E assim, todo o ciclo mutuamente benéfico se repete.

Reprodução

Ao contrário dos lobos reais, esses animais não formam matilhas. Embora os adultos vivam em pares monogâmicos, o macho e a fêmea raramente interagem fora da época de reprodução. Durante a maior parte do ano, eles caçam, viajam e dormem sozinhos. Entre abril e junho, no entanto, os parceiros rebeldes se reúnem para se reproduzir.

Após um período de gestação de 62 a 66 dias, a fêmea gera entre um e cinco filhotes. Em cativeiro, os machos ajudam a criar os filhotes, mas não se sabe se os seus homólogos selvagens seguem o exemplo.

Os filhotes têm pêlo tão escuro que quase parece preto. À medida que amadurecem, sua pelugem adota uma tonalidade predominantemente avermelhada, embora a metade inferior de cada perna permaneça escura (eles também têm um tufo de branco na cauda). Depois, há a chamada juba, um fio de cabelo escuro que desce pelo pescoço, terminando logo acima dos ombros.

Conservação

O futuro desses canídeos é preocupante. Apenas cerca de 17.000 adultos maduros estão na natureza. A maioria deles habita o Brasil, onde a população local de lobo-guará diminuiu cerca de 20% nos últimos 15 anos. Os animais há muito são caçados e mortos por criadores de frango em toda a América do Sul.

Além disso, os lobos-guará são suscetíveis a doenças disseminadas por cães domésticos, muitos dos quais agem agressivamente contra seus primos distantes. Mas a maior ameaça para os animais é a perda de habitat. Como pastagens e florestas regularmente se tornam terras agrícolas, lobos-guará acabam sofrendo as consequências.

Consequentemente, a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) considera esta espécie como ‘quase ameaçada’. Isso significa que, num futuro não muito distante, o lobo-guará pode se tornar vulnerável – ou pior. Esperançosamente, o aumento da conscientização e programas de reprodução em cativeiro ajudará a mudar as coisas.

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