Níveis de testosterona e cortisol influenciam reações agressivas a situações de vitimização

Adolescentes com altos/baixos níveis de testosterona e cortisol reagem mais agressivamente à vitimização/provocação, segundo estudo realizado na Espanha.

Um estudo conduzido na Espanha mostrou que adolescentes com altos ou baixos níveis de hormônios testosterona e cortisol tendem a reagir de forma mais agressiva em situações de vitimização ou provocação por colegas. O estudo, publicado na revista Development and Psychopathology, também descobriu que meninas apresentam respostas agressivas relacionadas à proporção desses hormônios.

A vitimização entre pares é um problema frequente em crianças e adolescentes, e pode envolver bullying, agressão física, exclusão social, insultos e humilhação direta. Estima-se que de 15% a 35% dos jovens sofrem com essa forma de violência.

Cyberbullying

O cyberbullying é uma forma relativamente nova de vitimização entre pessoas que envolve o envio de mensagens ofensivas ou a publicação de conteúdo negativo sobre a vítima nas redes sociais. Essa forma de violência pode afetar negativamente a autoestima e a autoimagem da vítima, e muitos adolescentes tendem a reagir de forma agressiva ao serem alvo de cyberbullying.

Isso pode levar a um ciclo de vitimização e agressão que pode persistir ao longo do tempo. Por isso, é importante examinar como os níveis de testosterona e cortisol podem moderar a resposta de uma pessoa ao cyberbullying, a fim de prevenir e interromper esse tipo de violência.

A autora do estudo, Esther Calvete, professora de psicologia na Universidade de Deusto, afirmou que, apesar de décadas de pesquisas sobre a relação entre testosterona e agressão em humanos, os resultados ainda não são conclusivos. Meta-análises anteriores apontaram limitações metodológicas significativas, como tamanho de amostra insuficiente e escassez de desenhos longitudinais.

Pesquisa

Para resolver essas questões, o estudo atual analisou dados de 577 adolescentes entre 12 e 17 anos, coletados em 10 escolas do País Basco, Espanha, como parte de um estudo que examina formas de prevenir a depressão e outros problemas psicológicos em adolescentes.

Neste estudo, os participantes responderam a questionários que avaliaram sua experiência com vitimização e comportamento agressivo, tanto online quanto offline, usando o Questionário de Experiências de Pares Revisado e o Questionário de Cyberbullying.

Os pesquisadores coletaram amostras de saliva para medir os níveis de testosterona e cortisol dos participantes em sala de aula. Os resultados indicaram uma forte relação entre vitimização e perpetração de comportamento agressivo, o que significa que aqueles que foram vítimas de agressão tinham mais probabilidade de ser agressivos. Também foi observada uma forte associação entre a agressão online e offline, sugerindo que adolescentes agressivos em um ambiente também tendiam a ser agressivos em outro.

Resultados

Os resultados de um estudo liderado por Esther Calvete indicam que a combinação de níveis de testosterona e cortisol pode influenciar a reação agressiva de adolescentes em situações de vitimização ou provocação online. O estudo constatou que os participantes com altos ou baixos níveis de ambos os hormônios apresentaram comportamentos agressivos.

A pesquisa destaca que a testosterona não é suficiente para explicar a agressividade em adolescentes, sendo a combinação com outros hormônios e experiências de vitimização um fator relevante.

A Pesquisa indica que a combinação de altos níveis de cortisol e testosterona está ligada a respostas online mais agressivas em meninas, enquanto níveis mais altos de testosterona estão associados a respostas online menos agressivas quando o nível de cortisol é baixo. A vitimização offline foi associada a reações agressivas em meninos, mas não em meninas.

A proporção dos níveis de testosterona e cortisol na saliva também esteve relacionada a respostas agressivas online em meninas, mas não em meninos. Os resultados desafiam a hipótese do hormônio duplo, que sugere que a testosterona só está ligada ao comportamento agressivo quando o cortisol está baixo.

Estudo revela a conexão entre concentrações hormonais e comportamento complexo, mas aponta limitações que devem ser consideradas. A medida de concentração hormonal foi feita apenas em uma hora do dia, embora seja conhecido por variar. Além disso, a avaliação de vitimização e perpetração foi baseada apenas em auto-relatos, o que pode ter contribuído para a forte associação entre avaliações de vitimização e comportamentos agressivos.

O estudo indica que a associação entre testosterona e agressão depende da situação e de outras características pessoais dos adolescentes, como níveis de cortisol e estruturas de conhecimento relevantes para a agressão. Os próximos passos da pesquisa são investigar e identificar esses fatores.

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