Número de passos diários necessário para saúde é menor que 10 mil, diz estudo

De antemão, vale ressaltar que a amostragem aponta apenas uma indicação médica, que pode, ou não, estar de acordo com a rotina da maioria das pessoas.

Certamente você já ouviu falar que, para ter uma vida saudável, é necessário caminhar 10 mil passos por dia. Mas, não é bem assim.

Essa máxima popular ganhou corpo a partir da Olimpíada de 1964, realizada na cidade de Tóquio, no Japão. Naquela época, a campanha de marketing de um pedômetro foi atrelada ao evento esportivo, que é difundido mundialmente. Desde então, as pessoas creem que é necessário andar 10 mil passos por dia.

Recentemente, um estudo realizado pela Universidade de Granada, na Espanha, desmentiu essa tese de marketing.

De acordo com a pesquisa, andar entre 7 e 8 mil passos por dia já é suficiente para manter uma boa circulação sanguínea, estimular a musculatura e promover a saúde mental.

O autor do estudo, professor Francisco B. Ortega, explicou a relação entre a propaganda de 1964 e a realidade científica.

“Tradicionalmente, muitas pessoas pensavam que era necessário atingir cerca de 10 mil passos por dia para obter benefícios para a saúde – uma ideia que surgiu no Japão na década de 1960, mas que não tinha base na ciência”, afirmou.

Ortega afirmou ainda que não há um número exato de passos necessários por dia, apenas recomendações.

“Nós mostramos pela primeira vez que, quanto mais passos você der, melhor, e que não há um número engessado de passos que devam ser dados”, disse.

(Imagem: divulgação)

A metodologia do estudo e demais resultados

O professor Francisco Ortega e sua equipe revisaram 12 estudos internacionais, que, somados, abrangeram 110 mil pessoas. Com isso, chegaram aos resultados que foram divulgados recentemente.

Ainda segundo Ortega, além do número de 7 ou 8 mil passos indicados inicialmente, o estudo comprovou que qualquer aumento na prática diária de exercícios físicos, por mínimo que seja, já se mostra como algo benéfico para a saúde.

“Neste estudo, mostramos que benefícios mensuráveis podem ser obtidos com pequenos aumentos no número de passos por dia e que, para pessoas com baixos níveis de atividade física, cada 500 passos adicionais melhoram sua saúde”, afirma.

“Esta é uma boa notícia, pois nem todos conseguem caminhar quase 7, 8 ou 9 mil passos por dia, pelo menos não no início. Portanto, você pode começar com pequenos objetivos, estabelecendo metas alcançáveis e, gradualmente, progredir e aumentar o número de passos diários”, completa o pesquisador.

A velocidade dos passos também importa

(Imagem: divulgação)

Além dos passos em si, o estudo conduzido por Francisco B. Ortega comprova que andar mais rapidamente, ou até mesmo dar pequenos tiros de corrida, é um fator preponderante para a redução dos riscos de morte prematura.

Adicionalmente, um outro estudo semelhante afirma que manter uma rotina de 4 mil passos por dia, que representa metade da meta ideal, é eficaz na prevenção de doenças como a esteatose hepática (gordura no fígado), hipertensão, diabetes e outros males provenientes do sedentarismo.

Esse outro estudo, conduzido pela Faculdade de Medicina da Universidade Johns Hopkins, dos EUA, e pela Universidade Médica de Lodz, na Polônia, afirma que a cada 1 mil passos diários adicionais, os riscos de morte prematura são diminuídos em 15%.

Por outro lado, a cada 500 passos a mais, você adquire 7% menos de chances de morrer de infarto ou AVC. Mas, claro, esses dados se referem a uma prática diária e constante.

Outras recomendações

Em paralelo ao estudo realizado na Espanha e à outra amostra citada, as autoridades de saúde do governo britânico, em parceria com o Royal College, emitiram um comunicado importante à população do Reino Unido.

De acordo com o documento publicado em 2018, manter 150 minutos (cerca de 2h30) de caminhada por semana, ou até mesmo fazer caminhadas rápidas de 10 minutos por dia, pode mudar a qualidade de vida de uma pessoa.

“Os benefícios adicionais à saúde que podem ser alcançados caminhando em ritmo acelerado por períodos de 10 minutos ou mais –, em vez de totalizar um certo número de etapas ao longo do dia – são inegáveis “, afirmou Sir Muir Gray, especialista que corroborou a recomendação governamental na época.

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