O que é o projeto político pedagógico e qual sua importância para a escola?

Vamos começar este artigo com um questionamento: qual é o papel social da escola? Apenas ensinar a ler, escrever e encaminhar o aluno para a universidade e mercado de trabalho? Ou formar cidadãos responsáveis, conscientes e que contribuam com a sociedade em que estão inseridos?

Mentalizando a função social escolar, é necessário compreender que ela é feita por um todo. Nela, estão envolvidos alunos, professores, diretores, agentes da limpeza, pais e responsáveis. Sabendo que a escola desempenha o papel de formador e que não está isolada no mundo, seus membros já pararam para pensar em como isso está sendo feito?

Ao dar uma voltinha rápida pela escola, conversando com os membros de sua comunidade, é possível observar que sempre há algo a melhorar. Alunos reclamam do sistema de aulas e estrutura. Serventes pedem melhorias nos instrumentos de trabalho. Professores acham que poderia haver maior organização.

Como pode ser visto, cada um tem um desejo. Então, por que não articular isso em uma proposta só, com a finalidade de atender a todos? Esse direcionamento compartilhado é o que chamamos de Projeto Pedagógico, cujas bases estão fincadas no que é conhecido como gestão democrática escolar.

O que é o PPP?

Toda escola precisa ter sua própria identidade que pode ser estabelecida pelo Projeto Político Pedagógico (PPP). Trata-se de um instrumento norteador das práticas escolares, buscando o comprometimento de todos os envolvidos. Juntos, seus membros visam compartilhar ideias de educação.

Suas abordagens e denominações podem ser diferentes em cada região do país. Em São Paulo, por exemplo, é chamado de Plano de Gestão. Independente de como é conhecido, o documento deve orientar os trabalhos escolares ao longo do ano letivo. É por meio dele que serão estabelecidos os objetivos, o desenvolvimento de competências e como o fará.

Como pode ser visto, o PPP reflete a proposta educacional da instituição, demonstrando suas intenções em realizar um trabalho de excelência. Porém, depende de reflexões e questionamentos feitos em conjunto sobre o que é a escola hoje e no que ela pode se tornar. O objetivo, então, é inovar a prática pedagógica aprimorando a qualidade do ensino.

Seus principais princípios são a gestão democrática, garantir o acesso e permanência do aluno na escola, valorizar os profissionais da educação, buscar a qualidade do ensino, organizar e integrar o currículo, além de incluir toda a comunidade escolar.

Seguindo a filosofia da gestão democrática, apesar de ter caráter de documento formal, o PPP precisa ser disponibilizado para todos aqueles que pertencem à comunidade escolar.

Toda escola precisa elaborar um PPP?

Toda instituição de ensino no Brasil precisa ter um PPP. Essa obrigatoriedade foi definida pela “Lei de Diretrizes e Bases”, de 1996.

De fato, a ideia basilar do PPP já foi incluída na constituição de 1988, mesmo que regulamentada alguns anos depois. Vale lembrar que o estabelecimento de uma gestão democrática da educação é discutida há tempos, no intuito de formar cidadãos conscientes e autônomos.

Qual a importância do PPP para a escola?

O projeto político pedagógico dá caminhos para que a escola articule a abordagem de cada conteúdo, considerando a realidade da comunidade na qual é inserida. Ou seja, a unidade assume seu papel social e, diante disso, atende à capacidade de transformar aquela realidade, considerando suas próprias especificidades.

Ou seja, o PPP confere, à escola, sua personalidade própria. Ademais, o projeto possibilita que os membros da escola tomem consciência dos problemas mas, mais ainda, que há soluções que podem ser apresentadas por todos. Daí, a importância do debate democrático pois, através dele, a instituição pode refletir o pensamento do coletivo que a compõe.

Quem deve participar do PPP?

Em uma democracia, há que se ter a participação de toda a comunidade, certo? Não é diferente na elaboração do PPP. O documento não é responsabilidade, apenas, do diretor ou coordenador. Inicialmente, até pode ser idealizado pela direção e corpo docente, mas, precisa incluir o coletivo escolar como um todo.

Por ter o objetivo de definir quais estratégias devem ser adotadas pela escola rumo aos seus objetivos, é necessário que o PPP seja baseado na coletividade. Lembra que seus pilares estão na gestão democrática? Pois bem! Inclusive, sua eficácia só será percebida se houver o compromisso de todos com a proposta educacional da instituição.

Ainda que caiba, ao diretor, o papel de conduzir os trabalhos e dar a versão final do documento, a participação de todos é fundamental. Neste ponto, cada escola é livre para decidir com pode incluir a comunidade no processo de criação do PPP. Isso pode ser feito pela formação de um conselho escolar, realização de plenárias, entre tantas outras formas.

O que importa é ouvir a todos quando o projeto começar a ser elaborado. É importante lembrar que, assim como todos participaram, assim deve ser feito no acesso ao documento final. Dada a versão final, o diretor deve proceder com sua divulgação.

O que preciso colocar no PPP?

Veja quais são os elementos que devem ser inseridos no projeto político pedagógico:

Identificação da escola: no cabeçalho, inserir o nome da escola, entidade mantenedora (se houver), localização, CNPJ, registro civil, nome do diretor, do coordenador pedagógico e outros membros da equipe responsável.

Missão: são os princípios da instituição de ensino. É importante, aqui, contar a sua história e como pretende formar cidadãos conscientes e responsáveis pela sociedade em que está inserido, assumindo sua função social.

Situação familiar dos estudantes: é preciso traçar um panorama da comunidade atendida pela escola, levantando informações pelas fichas de matrícula, pesquisas e, para fazer algo bem feito, estatísticas socioeconômicas.

Dados de aprendizagem: em uma auto-análise, a escola precisa descrever como é o seu ensino atual, número de alunos matriculados, faixa etária, médias das notas e taxas de reprovação. Para ter um parâmetro, basta comparar com estatísticas municipais ou regionais. Outro ponto que deve ser considerado é o aspecto pedagógico. Por isso, o PPP deve conter uma leitura da proposta pedagógica, necessidades e valores dos alunos, estratégias para recuperação, além da valorização dos profissionais.

Recursos disponíveis: listar os recursos que a escola tem, incluindo estrutura física, funcionários e dispositivos tecnológicos disponíveis. Esse item é fundamental para perceber as potencialidades e limitações da escola, viabilizando a sugestão de propostas realistas

Diretrizes Pedagógicas: aqui, a escola vai descrever o conteúdo e como ele é ensinado, ou seja, o método de ensino. Esta é uma das partes nas quais a participação dos professores é importante. Eles vão informar se o ensino leva em conta a cultura local, se há o uso de tecnologias, além de seus próprios conhecimentos específicos.

Plano de ação: o plano de ação é o conjunto de estratégias que a escola vai usar para atingir seus objetivos. Assim, esse trecho deve estabelecer atitudes objetivas a serem tomadas, além de prazos, recursos e profissionais envolvidos. Lembre-se de traçar metas possíveis para que o projeto não fique, apenas, no papel.

Como elaborar um PPP?

Sabendo o que é necessário colocar no PPP, é hora de elaborá-lo. Para facilitar a reunião de tantas informações, o ideal é dividir o processo de criação em três momentos. São eles:

Diagnóstico

Não adianta elaborar propostas sem conhecer a própria realidade, não é verdade? Portanto, nesta parte, a comunidade deve responder às seguintes perguntas: como é a escola hoje? Qual proposta de trabalho realizada? Qual sua prática pedagógica? Comece seu PPP levantando números, informações e estatísticas envolvendo a instituição.

Fichas de alunos, fontes oficiais e pesquisas na comunidade podem ajudar bastante nesse levantamento.

Construção da identidade

Ok, informações levantadas, é hora de abrir para o debate. Toda a comunidade escolar precisa participar desse momento, pois, é ela quem “dá a cara” da escola. Juntos, definam quais são as estratégias, como pretendem superar os desafios enfrentados, como trabalha na formação dos alunos e como se posiciona na comunidade em que está inserida?

Outros pontos importantes, também, devem ser discutidos, como a concepção de cada um sobre gestão escolar, compreensão de currículo e avaliação e a forma como a instituição encara a metodologia de ensino.

É interessante, nesta etapa, ouvir a ideia que cada um faz do trabalho pedagógico, objetivando inovações no cotidiano da escola. Todas as contribuições devem ser anotadas até que se chegue a um consenso e ele só vai chegar se uma linha de ação for estabelecida a partir do que o coletivo pensa como prioridade.

Execução das ações

Profissionais de cada área podem contribuir, de forma efetiva, sobre como a escola pode atingir seus objetivos. Seus conhecimentos nortearão, de forma específica, a elaboração de propostas, definição de currículos e sugestão de metas.

Porém, é importante que a direção e coordenação avalie a realidade das sugestões apresentadas, ou seja, se estas são viáveis e, de fato, solucionarão as dificuldades enfrentadas.

Pós-elaboração

Em seção anterior, frisamos que o PPP deve ser disponibilizado para toda a comunidade escolar. É responsabilidade do diretor da escola imprimi-lo e distribuí-lo ou, pelo menos, deixá-lo acessível a qualquer pessoa. Todos devem ter conhecimento sobre o conteúdo do documento a fim de que se mantenham engajados nas propostas.

Mas, de nada adianta estabelecer objetivos e metas sem cumprí-los. O acompanhamento dos trabalhos realizados pela escola deve ser frequente, analisando se o projeto está sendo seguido. As observações podem ser expostas em reuniões pedagógicas nas quais a equipe pode discutir como as atividades escolares estão progredindo.

Diante dos dados coletados, o coletivo verificará onde estão possíveis problemas e como estes podem ser resolvidos. Ao mesmo tempo, saberá quais são os progressos já alcançados.

E aí, conseguimos transmitir a importância do PPP para a Educação? Com ele, é possível que a escola promova a construção de sua própria identidade, dê autonomia para seus educadores e, acima de tudo, desenvolva a cidadania.