Pegadas fossilizadas encontradas há três anos têm gerado debates entre arqueólogos norte-americanos; entenda
As discussões, que também envolvem geólogos renomados, giram em torno do período que se iniciou o povoamento da América do Norte, que pode ter sido calculado de maneira errada todo esse tempo.
Há três anos, no misterioso Parque Nacional de White Sands, Novo México, um enigma intrigante surgiu: pegadas fossilizadas com uma idade estimada de 21 mil a 23 mil anos.
As pegadas criaram um desafio para os sustentadores de teorias convencionais que sugeriam a chegada dos humanos à América do Norte entre 16 e 13 mil anos atrás.
(Imagem: USGS/Reprodução)
Por seu impacto, tal descoberta desencadeou controvérsias entre arqueólogos, questionando a precisão das datas.
Para resolver o mistério, uma equipe liderada por Jeff Pigati, um geólogo do Instituto Geológico dos EUA (USGS, na sigla em inglês), buscou evidências adicionais.
Quais foram os questionamentos dos cientistas?
A primeira reação dos arqueólogos foi de ceticismo, indagando sobre a solidez da datação que sustentava a ideia de humanos na América do Norte durante a Era Glacial.
Como resolver a charada? Pigati e sua equipe embarcaram em uma busca por outras fontes de evidência que pudessem lançar luz sobre o mistério.
Inicialmente, o estudo original havia determinado as idades usando a datação por radiocarbono de sementes da planta aquática Ruppia cirrhosa, presente nos fósseis.
Entretanto, havia um problema em potencial. Plantas aquáticas têm um jeito peculiar de absorver carbono, tirando-o da água em vez do ar.
Isso poderia levar a idades equivocadas, inflando o tempo de vida dessas pegadas surpreendentes. Por isso, a equipe precisou confirmar as revelações e eliminar a névoa de dúvida.
Para tanto, os cientistas concentraram seus esforços em um método inovador chamado luminescência opticamente estimulada para datar quando os grãos de quartzo presentes nas camadas de pegadas foram expostos à luz solar.
Quanto a isso, os resultados revelaram que as pegadas tinham uma idade mínima de 21,5 mil anos. Três pistas valiosas, uma confirmação espetacular.
Mas o que essa idade realmente significa? Além de apoiar a cronologia surpreendente, os pesquisadores conseguiram traçar o quadro do ambiente da época em que as pegadas foram feitas.
O pólen encontrado remonta a plantas que prosperam em condições glaciais frias e úmidas, uma imagem notável que contrasta com o pólen das praias modernas, com a vegetação desértica atual.
Portanto, o que esses vestígios nos contam sobre o passado é um enigma cativante que continua a surpreender e intrigar a comunidade científica.
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