Possível calendário de 2 mil anos de idade é descoberto em tumba na China

O achado é o primeiro do tipo a ser feito no país.

Recentemente, a agência oficial de notícias do governo chinês anunciou uma descoberta arqueológica intrigante: uma coleção enigmática de peças retangulares feitas de madeira, associadas a um antigo calendário astronômico.

Esses artefatos foram encontrados dentro de uma tumba de 2.000 anos que estava surpreendentemente bem preservada, localizada em Wulong, no sudoeste da China.

Os 23 tabletes de madeira encontrados, cada um medindo cerca de 2,5 centímetros de largura por 10 centímetros de comprimento, exibem caracteres relacionados ao antigo calendário chinês Tiangan Dizhi, conhecido como “Dez Hastes Celestiais e 12 Ramos Terrestres”.

O Tiangan Dizhi remonta à dinastia Shang, que governou o país asiático entre aproximadamente 1600 a.C. e 1045 a.C.

Especula-se que um desses tabletes representasse o ano vigente, enquanto os outros 22 poderiam ter sido utilizados para indicar anos específicos dentro do calendário antigo.

(Imagem: Chongqing Relíquias Culturais e Instituto de Pesquisa Arqueológica/reprodução)

Além disso, as bordas dos tabletes apresentam perfurações circulares, sugerindo que em algum momento estiveram interligados. No entanto, permanece um mistério para os especialistas como exatamente esse conjunto funcionava.

A prática de registrar em tiras de madeira ou bambu era comum na China antes do advento do papel. No entanto, é a primeira vez que algo semelhante a um calendário é descoberto, o que desperta um grande interesse no campo da arqueologia.

Como se deu o achado?

A descoberta dos fascinantes tabletes de madeira e outros artefatos ocorreu no início de 2023, dentro de uma tumba localizada no distrito de Wulong, aproximadamente 1.400 quilômetros a sudoeste de Pequim, como supracitado.

Vista aérea da tumba onde os artefatos foram achados. (Imagem: Chongqing Relíquias Culturais e Instituto de Pesquisa Arqueológica/reprodução)

Documentos encontrados na tumba relatam minuciosamente todos os objetos enterrados, mencionando ainda que o túmulo foi construído em 193 a.C. Este período coincide com a dinastia Han Ocidental, uma época considerada uma “idade de ouro” na China, onde muitas tradições foram estabelecidas.

O renomado arqueólogo Wang Meng descreveu essa tumba como o mais bem preservado túmulo de câmara de madeira encontrado na região sudoeste da China em toda a história.

Além dos tabletes, o túmulo abrigava mais de 600 artefatos culturais, incluindo tigelas de laca, caixas, frascos, pratos, utensílios de bambu, instrumentos musicais, lanças e tripés de cozinha feitos de cobre, estatuetas de madeira, bem como objetos de cerâmica e bronze.

Um dos vasos de cerâmica encontrados no túmulo. (Imagem: Chongqing Relíquias Culturais e Instituto de Pesquisa Arqueológica/reprodução)

Mas, havia mesmo um calendário ali?

Embora os tabletes tenham sido considerados por alguns como um calendário antigo, o astrônomo norte-americano Ed Krupp, ao analisar as descobertas de Wulong, questiona essa conclusão.

Para ele, esses tabletes de madeira com inscrições calendáricas são únicos e representam possíveis símbolos anuais, mais como objetos decorativos do que como um registro de um calendário.

Dessa forma, embora os tabletes sejam significativos como o único exemplo conhecido desse tipo de inscrição nesse tipo de objeto, permanece a incerteza sobre sua exata função como um calendário astronômico antigo.

* Com informações da Live Science

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