Redes sociais estão impulsionando o consumismo das gerações Z e Millennials, diz pesquisa
O levantamento ouviu 22 mil indivíduos de 44 países e trouxe dados importantes sobre compras por impulso e sem necessidade clara.
Ao que parece, as redes sociais estão criando uma espécie de “tensão de consumo” em indivíduos das gerações Z e Millennials. Pelo menos é isso que demonstrou uma pesquisa feita recentemente.
A pesquisa em questão foi encomendada pela empresa de auditoria e consultoria Deloitte. Foram ouvidas mais de 22 mil pessoas que nasceram entre 1980 e 2010, em cerca de 44 países.
O dado mais curioso captado pelo levantamento foi o de que 43% dos entrevistados responderam que as redes sociais os impulsionam a comprar mais do que deveriam.
Inclusive, muitas dessas pessoas afirmaram que chegam a se endividar por causa dessa compulsão estimulada.
Michele Parmelee, que é diretora de Pessoal e Relacionamento da Deloitte, afirma que esse comportamento é motivado pela propaganda de roupas, acessórios e outras coisas utilizadas por influenciadores, bem como pelo tráfego pago.
“Isso pode ser o resultado da exibição regular de postagens de amigos ou influenciadores exibindo roupas e férias sofisticadas, além de anúncios direcionados”, afirma Michele.
“Dessas maneiras, as mídias sociais podem gerar o desejo de ter mais coisas e gastar mais dinheiro”, completa a executiva.
Os jovens estão cada mais sem dinheiro para “luxos”
Em contraponto aos dados garimpados por essa pesquisa, outros levantamentos feitos recentemente vêm demonstrando que jovens das gerações Z e Millennials não estão com dinheiro para gastar com “mimos para si mesmos”.
Acontece que, por causa da inflação e da crise econômica desencadeada pela pandemia de Covid-19, cada vez mais jovens buscam conseguir segundos empregos para pagar contas e planejam cortar gastos supérfluos para controlar melhor as finanças.
Nesse sentido, a enxurrada de anúncios e publicidade forçada nas redes sociais pode agir como um vetor de problemas para essas pessoas que já estão precisando de ajuda financeira.
Isso porque o consumismo pode servir como uma válvula de escape para a tensão, à medida que agrava ainda mais os danos financeiros já enfrentados pelos jovens.
As famosas compras por impulso tendem ainda a provocar arrependimento nos compradores, que podem desenvolver até algum tipo de problema psicológico a médio ou longo prazo.
Sarah Foster, que é analista de dados do site Bankrate.com, falou sobre como o excesso de publicidade nas redes sociais pode ser nocivo. “Eles [os anúncios nas redes sociais] podem prejudicar nossas finanças mais do que beneficiar nossas vidas”, afirmou.
A saída mais viável é se desconectar
O estudo da Deloitte demonstra ainda que pelo menos um em cada cinco indivíduos das gerações Z e Millennials passam mais do que quatro horas por dia nas redes sociais e serviços de streaming.
Isso faz com que essas pessoas estejam mais expostas a anúncios, e, além disso, passam a comparar a sua própria vida e situação financeira atual com as de influencers e outros figurões das redes, o que também é nocivo para a saúde mental.
Segundo Brittany Harker Martin, que é professora associada de liderança, política e governança na Universidade de Calgary, no Canadá, ficar muito tempo em exposição a esses conteúdos tem um efeito negativo sobre o cérebro.
“Longas sessões de rolagem nas redes sociais fazem nosso cérebro verificar e enviar sinais neuroquímicos de desmotivação e falha”, disse a estudiosa.
Os efeitos apontados por Brittany podem até mesmo resultar em problemas de ordem psicológica, como ansiedade e depressão, por exemplo.
Portanto, manter-se longe das redes sociais por mais tempo, dando mais atenção à vida real, pode ser a solução para muitos problemas.
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