“Não sou louco, nem freak, nem esquisito. Só que minha maneira de receber e processar a informação é diferente”. Essa é a forma como um menino de oito anos se posiciona ao descrever como é ter a Síndrome de Asperger.
Federico García Villegas é colombiano e, com a ajuda da mãe, gravou um depoimento sobre seu dia a dia com a doença. O vídeo postado em sua página do Facebook, a Soy diferente, soy como tú, já alcançou mais de 7,5 milhões de reproduções.
Enquadrada nas perturbações do espectro autismo, a Síndrome de Asperger é uma condição que interfere na forma como a pessoa se comunica e relaciona com seus semelhantes.
A verdade é que, assim como o autismo, a disfunção ainda permanece como um mistério e, infelizmente, torna quem a tem um alvo de preconceito no convívio social.
Afinal, o que é a Síndrome de Asperger?
Antigamente, era considerada como uma condição relacionada, porém, distinta do autismo. Sua redefinição veio em 2013, com a quinta edição do DSM (Diagnostical and Statistical Manual of Mental Disorders — Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).
Com isso, deixou de ter diagnóstico separado passando a ser incluída dentro dos Transtornos do Espectro Autista (TEA). Isso significa que a Asperger é, hoje, tratada como um tipo mais brando do autismo.
Manuais recentes a apontam como desordem do espectro autista nível I, sem apresentar danos verbais ou intelectuais. A condição afeta de 3 a 7 em cada 1.000 crianças. As causas, porém, ainda não foram esclarecidas de forma elucidativa.
Como será visto adiante, especialistas de diferentes correntes apontam sugestões diversas a respeito das origens da Síndrome. Entre elas, há vertentes que defendem alguma anormalidade no cérebro, fatores genéticos ou disfunção cerebral.
Porém, nada ainda foi comprovado. Pesquisas esclarecem, também, que o transtorno não tem relação com relacionamentos abusivos na infância ou algum tipo de privação emocional.
Estatísticas
O Jornal El País apresentou estatística de que, aproximadamente, 1% da população tenha algum tipo de TEA. Os dados foram coletados dos Centros para o Controle e a Prevenção de Doenças do Governo dos Estados Unidos.
A revista especializada Jama Pediatrics, por sua vez, indica que mais de 604.000 pessoas foram classificadas no espectro autista no Reino Unido. Nos Estados Unidos, o número chega a mais de 3,5 milhões.
No Brasil, a estimativa é de que hajam, aproximadamente, 2 milhões de autistas, 407 mil, somente, em São Paulo.
Transtornos do Espectro Autista (TEA)
O TEA compreende as condições psicológicas que são classificadas de três formas:
- Autismo
- Síndrome de Asperger
- PDD NOS (transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação)
Porém, a nomenclatura TEA engloba as três classificações.
Principais características
Pessoas com Asperger têm uma forma peculiar de ver, ouvir e sentir o mundo. É como se tivessem um quadro próprio para a vida. Habitualmente, possuem inteligência acima da média, sem problemas com aprendizagem.
Ao contrário dos autistas, apresentam menos problemas com a fala, porém, ainda podem ter alguma dificuldade em entender e processar a linguagem.
Ao serem questionadas sobre a forma como enxergam o mundo, as pessoas com a Síndrome assumem que o sentem de forma esmagadora, o que pode gerar quadros de ansiedade.
Há dificuldade em interpretar linguagem verbal e não verbal e, no geral, não conseguem compreender quando uma palavra é utilizada com segunda interpretação. Por isso, pessoas com Asperger podem ter problemas em compreender tons de voz, piadas, ironias, conceitos abstratos e imprecisos.
Porém, nada de entendê-las como incapacitadas, pois, geralmente, têm boas habilidades linguísticas. É necessário, apenas, observar que podem repetir o que a outra pessoa acabou de dizer (ecolalia) ou conversar extensamente sobre seus próprios interesses.
Quanto à interação social, aqueles que possuem Asperger têm dificuldade em reconhecer sentimentos ou expressar suas próprias emoções. Por isso, podem apresentar-se como insensíveis, procurando ficar sozinhos quando se sentem sobrecarregados e não buscam carinho de outros.
Outra característica é a possível preferência por manter rotina diária, assim, saberão o que vai acontecer todos os dias. Por exemplo, assistem o mesmo programa, seguem o mesmo caminho para a escolha ou comem a mesma coisa no café da manhã.
Também é notável diferente sensibilidade sensorial a sons, cheiros, toques, luz ou dor. Ao mesmo tempo em que podem ouvir um som que outros ignoram, outro pode lhe passar despercebido.
Ou, ainda, podem se sentir fascinados com coisas, para alguns, muito simples, como objetos giratórios. Uma característica, também, muito marcante é a fixação por uma só atividade, demonstrando interesses específicos e limitados.
Diagnóstico
Especialistas apontam causas diretas com alguma anormalidade no cérebro da criança. Porém, isso ainda não foi encontrado. O fato de não haver um marcador biológico impede que técnicas de mapeamento cerebral obtenham resultados mais precisos.
Por isso, o diagnóstico da Síndrome de Asperger baseia-se, ainda, em critérios comportamentais.
Normalmente, é feito por uma equipe multidisciplinar que inclui pediatra, fonoaudiólogo, psicólogo e psiquiatra. A síndrome pode ser diagnosticada a partir dos três anos de idade, com menor incidência na faixa entre cinco e nove anos.
Caso os pais percebam algumas das características citadas acima, é necessário buscar um pediatra que, imediatamente, indicará profissionais especializados.
Como a síndrome varia de pessoa para pessoa, seu diagnóstico pode não ser tão fácil. Este deve ser feito por testes neuropsicológicos, ou seja, tarefas que a criança deve realizar com os especialistas.
Nelas, são observados critérios, como memória, atenção e sociabilidade. Durante a consulta, o desenvolvimento social é enfatizado, avaliando pontos fortes e deficientes na comunicação.
O diagnóstico, também, pode ser feito por testes de reconhecimento de emoções e compreensão do pensamento de outra pessoa. Isso porque pessoas com Asperger apresentam alterações comportamentais ao enfrentar situações desse gênero.
Como lidar na escola?
É importante ter paciência, respeitando o tempo de aprendizagem e estimulando sua comunicação com os colegas.
O educador deve conversar com o aluno de maneira objetiva e clara, apresentando, visualmente, as atividades propostas, evitando ruídos e bloqueios na compreensão.
É aconselhável, também, explorar temas que sejam de interesse do aluno para abordar novos assuntos. Por exemplo, se o aluno tem uma coleção de bonecas, utilizá-la para tratar do sistema de numeração.
Outro conselho é comunicar antecipadamente qualquer ação que envolva mudança de rotina. Lembre-se que a pessoa com Asperger prefere padrões.
Trabalho em uma escola inclusiva, no Atendimento Educacional Especializado, temos crianças com o transtorno de Asperger e a as informações foram muito relevantes.
Interessante observar q sempre q se fala s TEA só falam de crianças…e o adultos? Ou sera q começaram a ter os transtornos somente dps das descobertas e estudos!
Lamentável!