Você arrisca dizer qual o idioma mais antigo do mundo?

A língua falada mais antiga é um grande mistério, mas a escrita cuneiforme suméria revela segredos sobre a evolução da linguagem e da comunicação.

A origem da linguagem é um tema de grande interesse na linguística e antropologia, com diferentes abordagens para explicar sua evolução.

Sabe-se que as línguas evoluem progressivamente, não surgindo de maneira repentina. Como a fala antecede a escrita em milênios, não existem registros documentados que possam comprovar qual foi a língua falada mais antiga.

Estima-se que a linguagem verbal tenha surgido entre 50 mil e 150 mil anos atrás, durante a transição para o Homo sapiens. No entanto, a falta de registros impossibilita a identificação de uma língua específica desse período.

Os pictogramas e o surgimento da comunicação visual

Uma das mais antigas formas de representação simbólica são os pictogramas, encontrados em cavernas ao redor do mundo. Essas figuras primitivas representavam objetos, ações ou conceitos, funcionando como um passo inicial rumo à linguagem escrita.

Diferentemente da fala, pictogramas são de fácil compreensão, permitindo que várias culturas, mesmo sem um sistema linguístico formal, consigam interpretá-los.

O pictograma de uma chama, por exemplo, comunica a ideia de ‘fogo’ ou ‘perigo de incêndio’, compreensível entre diferentes culturas. Inicialmente, cada pessoa representava suas ideias de forma única, sem uma padronização.

Em culturas como a suméria e a egípcia, os pictogramas formaram a base dos primeiros sistemas de escrita. No sistema sumério, essa transição dos objetos pictográficos para símbolos fonéticos (logogramas) marcou um grande avanço.

Com o tempo, essas representações evoluíram para escritas mais organizadas, como o cuneiforme e os hieróglifos egípcios.

A escrita cuneiforme data aproximadamente de 3100 a.C. e era feita com um instrumento de metal sobre argila – Imagem: Reprodução

A mais antiga escrita documentada

Registros apontam o sumério como a língua escrita mais antiga, datando de aproximadamente 3100 a.C. Descobertos em tábuas de argila na cidade de Uruk, no atual Iraque, esses documentos marcam o fim do Período Neolítico e o início da Idade Antiga.

A escrita cuneiforme, nome derivado do latim ‘cuneus’, tinha esse formato porque os símbolos eram feitos com estiletes em forma de cunha sobre argila úmida.

Inicialmente, os registros eram documentos administrativos, relacionados a questões comerciais e contábeis. Ao longo dos milênios, o cuneiforme evoluiu para logogramas (símbolos representando ideias ou palavras inteiras) e fonogramas (representações de sons), permitindo a expressão de conceitos abstratos, nomes próprios e até valores numéricos.

O legado da escrita cuneiforme

A flexibilidade da escrita cuneiforme possibilitou sua adaptação para textos religiosos, jurídicos, literários e históricos, e seu uso em várias línguas, como o acádio, o elamita e o hitita.

Esse sistema de escrita teve um impacto duradouro no desenvolvimento das civilizações da Mesopotâmia, servindo como meio de preservação do conhecimento.

Obras fundamentais, como o Épico de Gilgamesh, foram escritas em cuneiforme, perpetuando a cultura, mitologia e religião da época.

O sumério e a escrita cuneiforme dominaram a antiga Mesopotâmia por séculos, até serem gradualmente substituídos pelo alfabeto aramaico, mais simples e adaptável.

O último documento registrado em cuneiforme data de 75 d.C., um almanaque astronômico que detalha os movimentos dos astros ao longo dos meses.

*Com informações de Scientific American e BBC*

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