2 mil anos depois, IA revela os escritos dos pergaminhos de Pompeia
A inteligência artificial desvenda segredos de pergaminhos da Era Romana, revelando textos filosóficos milenares.
Em um feito que marca um ponto de virada na história da ciência e da tecnologia, pesquisadores usaram a inteligência artificial para revelar os conteúdos de pergaminhos de quase 2 mil anos. Eles foram carbonizados durante a erupção do Monte Vesúvio, que ocorreu em 79 d.C., destruindo a cidade de Pompeia.
O ‘Desafio Vesúvio’, iniciado em 2023 e liderado por Brent Seales, da Universidade do Kentucky, com o apoio de investidores do Vale do Silício, desafiou a comunidade científica a desenvolver algoritmos capazes de decifrar os textos ocultos.
Imagem: Reprodução
O vencedor do desafio levaria 700 mil dólares como prêmio. Na segunda-feira (5), foram anunciados três vencedores. Eles não só conseguiram traduzir palavras, mas também abriram um novo capítulo na compreensão da filosofia e cultura da antiguidade. São eles:
- Luke Farritor – estudante de Computação da Universidade de Nebraska e estagiário da SpaceX
- Youssef Nader – doutorando de Computação na Universidade de Berlin
- Julian Schillinger – Mestre em Robótica na Universidade de Zurique
A missão dos cientistas era criar um software capaz de ler os documentos carbonizados. Utilizaram-se de milhares de imagens de tomografia computadorizada em 3D que, aliadas ao software criado e treinado, possibilitaram a leitura por meio da identificação delicada dos pontos onde havia tinta presente.
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Até o momento, o modelo conseguiu decifrar aproximadamente 2 mil caracteres de apenas um dos quatro pergaminhos, o que representa apenas 5% de todo o texto. A equipe acredita que, com o auxílio da tecnologia (IA), será possível ler até 90% do conteúdo de todos os quatro pergaminhos, ainda em 2024.
Os pergaminhos, mantidos pelo Instituto de Paris, foram descobertos em uma biblioteca que os arqueólogos acreditam ser de Lúcio Calpúrnio Pisão Cesonino, sogro de Júlio César. A revelação dos textos, que incluem obras potencialmente do filósofo Filodemo de Gadara, um seguidor de Epicuro, fala sobre as fontes de prazer na vida, como comida e música.
Devido à carbonização, era quase impossível manipular os pergaminhos; a cada tentativa, eles começavam a se desmanchar. No entanto, o que parecia uma maldição, na realidade, se provou uma bênção, segundo as palavras do Dr. Federica (pesquisador de papirologia da Universidade de Nápoles). Ele afirma que as altas temperaturas da erupção carbonizaram e preservaram o conteúdo dos escritos que, em situações normais, teriam sido decompostos pelo tempo.
As primeiras descobertas:
Em 2023, Luke Farritor, destacou-se por decifrar a primeira palavra dos textos antigos. Ele identificou o termo “πορφύρας” do grego, que se traduz como “roxo”, possibilitando alguns insights. Segundo Brent Seales:
Este termo nos oferece um vislumbre inicial do conteúdo de um livro que jamais foi aberto, evocando imagens de realeza, riqueza e até de zombaria. O professor complementou que isso pode se conectar com as obras de Plínio, o Velho, sobre a produção do púrpura tíria, bem como com as histórias bíblicas que mencionam que Jesus Cristo usou vestes nessa cor antes da crucificação.
* Com informações e imagens da BBC e The Guardian
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