Muitas pessoas, ao observarem as formas de relevo e as paisagens naturais da Terra, consideram que substrato superficial terrestre é um elemento estático e contínuo, de atividades previsíveis e lineares. No entanto, os estudos sobre a evolução geológica e histórica do nosso planeta revelam que o relevo é um elemento extremamente dinâmico, ou seja, que está sob contínuas transformações.
E o relevo só se transforma continuamente ao longo dos milhares e milhares de anos pelo fato de existir uma série de elementos naturais responsáveis por essa transformação. A esses elementos, damos o nome de agentes de transformação do relevo, devido à importância dos impactos de suas ações sobre a superfície terrestre, incluindo a formação de montanhas, a constituição do solo, a produção de novas rochas, entre inúmeros outros exemplos.
A compreensão da forma com que os agentes de transformação agem sobre o relevo é tão importante que, para fins didáticos, eles são classificados em dois tipos: os agentes endógenos, também chamados de agentes internos, e os agentes exógenos, também chamados de agentes externos.
OS AGENTES ENDÓGENOS DE TRANSFORMAÇÃO DO RELEVO
Os agentes endógenos do relevo são aqueles que agem a partir de processos originados no interior da Terra, de forma a exercerem impactos ou alterações na superfície. Basicamente, todos eles estão associados ao movimento das placas tectônicas.
Nas áreas de encontro entre duas diferentes placas tectônicas, surgem as mais variáveis formas de relevo. Quando duas se separam e se distanciam uma da outra, surgem as dorsais oceânicas, com uma grande cadeia de montanhas no fundo do oceano. Nas áreas em que as placas se encontram, há a formação de montanhas, além de vulcanismos e terremotos. Os tremores de terra também ocorrem quando as placas se deslocam unilateralmente.
De maneira geral, podemos subdividir os efeitos dos agentes endógenos do relevo em dois tipos: os movimentos orogênicos e os epirogênicos. A orogênese corresponde ao conjunto de movimentos que resultam no processo de constituição e elevação das áreas montanhosas, por meio da “dobra” do relevo em áreas de encontro entre duas placas tectônicas. Já a epirogênese equivale aos movimentos de deslocamento vertical do relevo, geralmente em áreas mais estáveis e em uma velocidade muito menor, tanto para cima (soerguimento) quanto para baixo (subsidência).
A formação dos vulcões, o que também está associado ao movimento e impactos das placas tectônicas, permite a formação de fissuras que servem de passagem do magma existente no interior da Terra sob uma forte pressão. Assim, quando eles entram em erupção, expelem uma grande quantidade desse magma e outros materiais que, rapidamente, se convertem em rochas ígneas, dando novos contornos à superfície.
AGENTES EXÓGENOS DE TRANSFORMAÇÃO DO RELEVO
Os agentes exógenos ou externos de transformação do relevo atuam, principalmente, com o processo de desgaste das composições superficiais, o que faz com eles também sejam chamados de agentes modeladores ou esculpidores. Os principais elementos da natureza que exercem essa função são os componentes da atmosfera e da hidrosfera: a água das chuvas e dos rios, a força dos ventos, as variações de temperatura, o gelo, etc. Dentre eles, a ação da água é a mais preponderante no desgaste da morfologia terrestre.
O conhecimento dessa dinâmica nos permite, até mesmo, ter um apanhado geral sobre a idade de determinados lugares. Afinal, as formas de relevo geologicamente mais antigas ficaram mais tempo submetidas aos agentes exógenos ao longo de centenas de milhares de ano e, por isso, são mais desgastas e, geralmente, possuem menores altitudes e uma morfologia mais aplainada. Por outro lado, ambientes mais recentes (como as montanhas) tiveram pouco tempo de exposição e, por isso, são mais acidentados e pouco erodidos.
A água das chuvas age em processos erosivos através do escoamento do excedente não absorvido de imediato pelo solo. Assim, diz-se que houve uma “lavagem” do substrato superficial, o que é chamado de lixiviação ou erosão laminar. Em áreas inclinadas, a velocidade do deslocamento da água aumenta e também se intensificam os seus efeitos, que somente podem ser diminuídos com a presença de vegetação, responsável por diminuir a força das águas.
As águas dos rios, além de erodirem lentamente as margens dos cursos d’agua – modificando os seus leitos – também atuam no aprofundamento dos mesmos. Uma outra função é carregar os sedimentos (partículas de rochas erodidas ou desgastadas) de um lugar para outro, incluindo os oceanos onde deságuam, o que acarreta na formação de rochas sedimentares nesses locais.
Já água dos mares, por meio de suas ondas, vão solapando e intensificando o desgastes das estruturas sólidas litorâneas, gerando, após longo tempo, os sedimentos que formam as areias das praias e a composição dos ambientes no fundo do mar.
O gelo age tanto na alteração química das rochas quanto na sua quebra através do processo de dilatação. Nesse caso, acumula-se água nos pontos de fissuras das rochas em tempos de maiores temperaturas; assim, quando esfria, eventualmente essa água acumulada se transforma em gelo e provoca a quebra das estruturas rochosas.
Destarte, merece destaque também a ação dos ventos no relevo, por meio da erosão eólica. Muitas paisagens vão sendo esculpidas pela força dos ventos, provocando profunda alterações em suas formações morfológicas. Os sedimentos gerados nesse processo são carregados para outras áreas, formando solos ou servindo de base para a constituição de novas formas de relevo.
Por Rodolfo F. Alves Pena
Mestre em Geografia
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