Aluísio Azevedo – Biografia, quem foi, Carreira, obras e Escrita
Conheça a vida e obra do escritor maranhense, considerado o principal representante da escola literária naturalista no Brasil
Aluísio é conhecido por ser o maior representante do naturalismo, escola literária que se baseia na fiel observação da realidade, sem sua idealização, e por ter sido um dos sócio-fundadores da Academia Brasileira de Letras (ABL), na qual ocupou a cadeira nº 4.
O escritor nasceu em 14 de abril de 1857, em São Luís, capital do Maranhão. Era filho do vice-cônsul português David Gonçalves de Azevedo e de D. Emília Amália Pinto de Magalhães, casal que era julgado na sociedade maranhense da época por David, viúvo, e Emília, separada, nunca terem oficializado a união. Era irmão mais novo do jornalista e teatrólogo Artur Azevedo, que ao lado de Aluísio, também fez parte do grupo fundador da ABL, onde ocupava a cadeira nº 29.
Passou a infância e adolescência em São Luís, onde trabalhou como caixeiro e guarda-livros. Na capital, completou os estudos do secundário, aos 17 anos, no Liceu Maranhense. Depois, começa a trabalhar como comerciante ao lado do irmão Artur, mas rejeita a carreira e decide se tornar professor de português no colégio Feillon.
O adeus a São Luís
Em 1876, aos 19 anos, Aluísio resolve ir para o Rio de Janeiro, onde Artur já se encontrava. Lá, matricula-se na Imperial Academia de Belas Artes, hoje atual Escola Nacional de Belas Artes, onde estuda pintura. No entanto, desiste da carreira como pintor, por não ter recursos para ir para a Itália e se aperfeiçoar na área.
De forma a se sustentar no Rio, Aluísio começa a fazer caricaturas para os jornais, como Fígaro, O Mequetrefe, Zig-Zag e A Semana Ilustrada. Nelas, ele retrata figuras como reis, padres, políticos e outras personalidades proeminentes da época.
Aluísio se inspira em suas caricaturas e a partir delas, começa a escrever cenas de romances. Na Mequetrefe, chega inclusive a publicar o poema satírico A missa.
O início na escrita
Em 1878, devido a morte repentina do pai, Aluísio regressa a São Luís para cuidar dos familiares. Lá, ele encontra seu sustento na carreira de escritor. Seu primeiro livro, Uma lágrima de mulher, uma obra romântica e sentimental, é publicado em 1879.
Neste período, Aluísio ajuda a lançar e colabora com o jornal O Pensador, publicação anticlerical que defendia a abolição da escravatura. Periódico trimensal, publicado três vezes ao mês, era redigido por jovens sob pseudônimos, com a proposta de defender os interesses da sociedade moderna. Na mesma época, ele também passa a ser colaborador do jornal Pacotilha, de seus cunhados Libânio Vale e Vitor Lobato.
A linguagem naturalista pela qual Aluísio ficaria conhecido vem com o seu segundo livro, O mulato, publicado em 1881. Com ecos do escritor francês Émile Zola e do português Eça de Queiroz, a obra causa escândalo pelo jeito cru com que ele retrata o preconceito racial sofrido pelos mestiços da sociedade maranhense.
De volta ao Rio de Janeiro
Se a recepção em São Luís foi negativa, no Rio de Janeiro a situação era diferente – O mulato se tornou referência do Naturalismo. Em 1881, Aluísio regressa a então capital brasileira, agora dedicado ao trabalho jornalístico e literário. Assim, começa a publicar romances em folhetins para garantir seu sustento.
Atento à realidade da época, Aluísio passa a incluir em suas obras questões que lhe eram pertinentes, como problemas sociais urbanos e contradições raciais e étnicas da sociedade. Desta preocupação, surgem livros como Casa de Pensão, de 1884, e O Cortiço, de 1890, este considerado sua obra-prima.
No período de 1882 a 1895, Aluísio publica sem interrupção. Romances, contos, crônica e até mesmo, peças de teatro, escritas em parceria com o irmão Artur e Emílio Rouède essas últimas em parceria com seu irmão Arthur e o artista francês Emílio Rouède.
A vida como diplomata
Como não conseguia se sustentar apenas como escritor, em 1855, Aluísio resolve fazer concurso para cônsul. Com a carreira diplomática, cessa a atividade literária. Ele serve na Espanha, e depois no Japão, no Uruguai, na Inglaterra, na Itália, no Paraguai e na Argentina. Lá, conhece Pastora Luquez, de quem adota os filhos Pastor e Zulema e posteriormente se torna sua companheira.
Aluísio Azevedo falece em Buenos Aires no dia 21 de janeiro de 1913. Ele é sepultado na capital argentina, mas, seis anos depois, por iniciativa do escritor conterrâneo Coelho Neto, tem seus restos mortais transferidos para São Luís.
Em 1984, é publicado postumamente o livro O Japão, manuscrito inédito de Aluísio escrito entre 1987 e 1989, período em que ele foi vice-cônsul do Brasil em Yokohama. O documento foi encontrado na ABL e lançado com notas de Luiz Dantas, ex-professor e diretor do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que teve como tese de doutorado na universidade francesa de Aix-en-Provence a temporada de Aluísio no Japão.
Obras de Aluísio de Azevedo
Romances
- Uma Lágrima de Mulher (1880);
- O Mulato (1881);
- Memórias de um Condenado (1882), (reeditado com o título A Condessa Vésper);
- Mistérios da Tijuca (1883), (reeditado com o título Girândola de amores);
- Casa de Pensão (1884);
- Filomena Borges (1884);
- O Homem (1887);
- O Coruja (1890);
- O Cortiço (1890),
- O Esqueleto (1890) (em colaboração com Olavo Bilac);
- A mortalha de Alzira (1894);
- Livro de uma Sogra (1895);
- Pegadas (1897);
- O Japão (1984) (póstumo, com notas de Luiz Dantas e, posteriormente, com as de Fábio Lima);
Contos e crônicas
- Demônios (1893) – (contos);
- O Touro Negro (1938) – (crônica).
Teatro
Em colaboração com Artur Azevedo:
- Os Doidos (1879) – (comédia);
- Flor de Lis (1881) – (opereta);
- Casa de Orates (1882) – (comédia);
- Frizmark (1888) – (revista);
- A República (1890) – (revista);
- Um Caso de Adultério (1891) – (comédia);
- Em Flagrante (1891) – (comédia).
Em colaboração com Emílio Rouède:
- Venenos que Curam (1886) – (comédia);
- O Caboclo (1886) – (drama).
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