Os anos 70

A década de 70 foi o período em que as transformações mundiais o cimentaram de forma parecida com a que conhecemos hoje.

Os eventos da década de 70 aproximaram o mundo com o cenário que conhecemos hoje. A antiga ingenuidade social e estéticas artísticas foram abandonadas. A economia adotou os sistemas que usamos hoje. As raízes da tecnologia digital foram lançadas nesse período.

Economia

A economia global mudou radicalmente na década de 70. A Revolução Verde (desenvolvimento de novas sementes, agrotóxicos e fertilizantes) permitiu aumento na produção agrícola, na população e na economia de países agropecuários. O pagamento da dívida adquirida pelos países europeus com o Plano Marshall rendeu aos Estados Unidos bilhões de dólares.

Em contrapartida, diversos países ocidentais foram impactados pela Crise do Petróleo de 1973, iniciada quando os países da OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) proclamaram um embargo em protesto ao apoio americano a Israel na Guerra do Yom Kipur. No final do embargo,  o preço do petróleo subiu de US $ 3 por barril para quase US $ 12 globalmente.

Em 1971, o presidente americano Richard Nixon pôs fim ao padrão-ouro do dólar, acabando com a conversibilidade direta da moeda e encerrando o sistema monetário Bretton Woods. Isso significa que, desde 71, não há obrigatoriedade de os Estados Unidos possuírem lastro em ouro de toda moeda que emitem, e que o sistema monetário internacional passou a atuar no esquema das taxas flutuantes de câmbio, com base fiduciária (ou seja, com base na fé que se tem no valor da moeda).

O Brasil criou em 1975 o programa para a produção de álcool hidratado a partir da cana-de-açúcar, o Pró-alcóol. O chamado “milagre econômico” postergou os efeitos da crise do petróleo.

O general Ernesto Geisel, utilizou as reservas para emprestar internacionalmente e equilibrar a balança comercial deficitária. A Segunda Crise do Petróleo, em 79, atingiu o Brasil mais duramente e gerou a crise inflacionária que seria sentida na década de 80.

O neoliberalismo, iniciado no Chille do ditador Augusto Pinochet, rapidamente ganhou adeptos, como a Grã-Bretanha de Margaret Thatcher. A morte de Mao Tse Tung gerou grandes mudanças na política externa chinesa, com a reaproximação do mercado com o ocidente. O toyotismo foi o modelo de produção industrial que moveu com mais força essas transformações globais.

Ciência e Tecnologia

A invenção do computador nos anos 60 criou uma explosão de descobertas e novas ferramentas investigativas na ciência. Pela primeira vez, a conservação da biodiversidade se tornava uma preocupação.

As ciências sociais passaram por uma transformação após adoção de novos conceitos da análise comportamental, cognitivismo, linguística e estatística. A engenharia genética, o sequenciamento do DNA humano, as cirurgias plásticas datam da década de 70

Foram inventados na década de 70:

  • Tomografia por emissão de pósitrons (PET-Scan)
  • Microprocessador
  • Fibra óptica
  • Microondas
  • E-mails
  • Disquetes
  • Vídeo games comerciais

Sociedade

O jornalista Tom Wolfe criou o termo “a década do eu” em um ensaio publicado na New York Magazine em agosto de 1976 para se referir a auto-indulgência que surgia na década de 70. O termo traça um paralelo com o comunitarismo e pensamento coletivista da década de 1960.

Os hippies, as comunidades alternativas, a ideia ingênua de que a falta de amor era o que movia guerras foram descartados e substituídos por individualismo.

De certa forma, as características que Wolfe observou na década de 70 se intensificariam nos anos subsequentes até os dias de hoje.

Alguns eventos que motivaram o cinismo setentista foram: a escalada da violência urbana; o arrastar da Guerra do Vietnã; o fim que a Revolução Sexual teve, com a reação crescente contra as atitudes sexuais libertinas por conta da epidemia de AIDS.

Cultura

A década de 70 foi marcada pela multiplicação de gêneros, pelo pós-modernismo e pela criatividade artística. Principalmente na música, literatura e cinema, houve um momento de concordância entre crítica e sucesso comercial.

Alguns exemplos de filmes que uniram público e críticos são: O Poderoso Chefão (1972 e 1974), O Exorcista (1973), Um Estranho no Ninho (1975), Tubarão (1975), Taxi Driver (1976), Annie Hall (1977), Star Wars (1977), Contatos Imediatos do Terceiro Grau (1977), O Franco Atirador (1978) e Kramer vs. Kramer (1979).

Na literatura brasileira, Dalton Trevisan, Rubem Fonseca, Nélida Piñon, Lygia Fagundes Telles e outros alcançaram sucesso crítico e comercial. Don Delillo, Thomas Pynchon, Kurt Vonnegut e outros estabeleceram o gênero do pós-posmodernismo. Segundo matéria da Estante Virtual, os dez livros mais vendidos na década de 70 foram:

Conversa na catedral, de Mario Vargas Llosa; Pássaros feridos, de Colleen McCullough; Cai o pano, de Agatha Christie; Gabriela, Cravo e Canela, Jorge Amado; Portal do destino, de Agatha Christie; As veias abertas na América Latina, Eduardo Galeano; Honra teu pai, de Gay Talese; Love Story, de Erich Segal; O Poderoso Chefão, de Mario Puzo

A televisão no Brasil se tornou mais popular. Os programas de auditório, as telenovelas e as séries cômicas tiveram uma explosão de audiência. A produção cinematográfica brasileira foi marcada pelas pornochanchadas.

A década de 70 foi a era de ouro dos videogames arcade. Alguns exemplos populares foram Space Invaders, Asteroids, Snake, Pong, e Breakout. O Atari 2600 foi lançado em 1977.

Esta foi a última década do período em que o rock clássico esteve em alta. Do meio da década de 70 em diante, o mercado trocou o gênero pela disco music, pop, e música regional. O samba, o sertanejo e a música nordestina foram resgatados por cantores populares no Brasil.

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