Brincadeiras africanas – Dia da Consciência Negra
Conheça e leve para a sala de aula jogos e brincadeiras de origem africana que são culturalmente muito ricos.
A cultura brasileira guarda importantes traços que foram herdados da cultura africana. Esta, por sua vez, chegou ao nosso país por conta das pessoas que foram escravizadas e trazidas até o Brasil durante o período colonial.
Vale lembrar que muitas vezes, e em muitos aspectos, as pessoas enxergam o continente africano de forma homogênea, enquanto na verdade, ele é um verdadeiro mosaico de povos e culturas. Sendo assim, é impossível pensar em tradições únicas.
Isso reflete diretamente da cultura brasileira, já que a religião, a cultura e os costumes de cada um dos povos têm grande participação da formação das tradições nacionais.
Entre os povos trazidos para o Brasil, estão os bantos, nagôs, jejes, hauçás e malês. Ainda que a cultura desses povos tenha sido duramente reprimida pelos portugueses, a herança na culinária, religião, música e outros aspectos são inegáveis.
Outro ponto muito importante, que não pode ser esquecido, são as brincadeiras. Mesmo que a vida dos escravos tenha sido extremamente dura, quase sempre em condições sub-humanas, a tradição oral, aquela passada de pai para filho, é a grande responsável por não deixar que esses brincadeiras sejam esquecidas.
Confira a seguir uma lista de brincadeiras africanas. Ótimas opções para serem trabalhadas durante todo o ano, em 21 de novembro, Dia da Consciência Negra, elas ganham uma motivação a mais.
1. Acompanhe meus pés
Com origem no Zaire, a brincadeira é uma ótima opção para trabalhar a memória das crianças. Para brincar elas devem formar um círculo enquanto o líder canta e bate palma.
Em um determinado momento, ele para na frente de uma criança e faz um tipo de dança. Se ela conseguir imitar os passos será o próximo líder. Se não, este escolherá outra pessoa e novamente faça a dança, até que o novo líder seja definido.
A brincadeira dura o tempo estipulado pelo professor, ou até que as crianças mostrem-se cansadas.
2. Pegue a cauda
Para brincar dessa brincadeira que tem origem nigeriana é muito simples. A turma é dividida em duas equipes, que formarão filas, com os coleguinhas se segurando pelos ombros ou cintura.
A última pessoa da fila vai colocar um lenço em seu bolso ou cinto, e o objetivo é que a primeira conduza os demais para tentar agarrar o lenço. Vence a equipe que conseguir agarrá-lo primeiro.
3. Saltando o feijão
De origem nigeriana, o único material necessário para desenvolver a brincadeira é uma corda. Um dos participantes será escolhido para ser o “balançador”, que será o responsável por girar uma corda no chão.
Os demais formarão um círculo ao seu redor e quando o balançador gira a corda no chão os colegas devem saltá-la sem que sejam atingidos. Se isso acontecer, o participante estará fora da competição. Aquele que ficar por último será o vencedor.
4. Escravos de Jó
Uma das cantigas brasileiras mais conhecidas, a brincadeira pode ser inúmeras variações entre as regiões do Brasil. Para começar, é necessário ter ao menos dois participantes para brincar.
Uma das formas mais conhecidas de brincar de escravos de Jó é a sincronização dos movimentos. Cada jogador recebe um pedrinha e o objetivo é executar todos os movimentos sem errar nenhum.
Juntos, em formato de círculo, todos começam a cantar a música. Nas primeiras fases, as pedrinhas são transferidas para o colega que está do lado direito, ou seja, em sentido anti-horário.
Quando chegar no verso “Tira, põe, deixa ficar”, todos obedecem o que diz a letra da música. No verso seguinte a passagem de pedrinhas é retomada, até que no trecho “Fazem zig-zig-zá” as pedras são movimentadas, mas sem entregá-las a ninguém.
Os jogadores que errarem algum movimento serão eliminados da competição, até que reste apenas o vencedor. Confira, a letra mais tradicional da cantiga:
“Escravos de jó
Jogavam cachangá
Tira, põe, deixa ficar
Guerreiros com guerreiros
Fazem zig-zig-zá
Guerreiros com guerreiros
Fazem zig-zig-zá”
5. Mamba
A brincadeira é tradicional da África do Sul. Para brincar de mamba é necessário delimitar um certo espaço no chão e todos que estiverem brincando devem ficar dentro do espaço. Somente um dos participantes ficará de fora. A mamba (ou cobra), ficará correndo ao redor do espaço demarcado com o intuito de pegar quem estiver dentro dele.
Quando um deles for pego, ele precisa segurar nos ombros ou cintura da mamba e assim por diante. Somente o que está em primeiro lugar da fila poderá pegar os demais colegas, entretanto, os membros da fila poderão ajudá-lo, uma vez que eles não podem passar pelo corpo da cobra. Vence a brincadeira o último que for pego.
6. Pengo Pengo
Antes de começar a brincadeira o educador escolherá duas crianças para serem os líderes. Quando eles forem escolhidos, cada um dos participantes se dirigirá até eles, que por sua vez, pedirão para os colegas escolherem entre carne e arroz ou azul e verde.
Conforme as escolhas forem acontecendo, os participantes vão se posicionando atrás do líder que caracteriza sua escolha, formando um fila ligada pelas mãos. Segurando as mãos dos oponentes, os líderes dão início a um cabo de guerra. Vence a equipe que conseguir arrastar o líder adversário.
7. Terra-mar
Originária de Moçambique, a brincadeira é muito fácil de ser executada. Basta riscar uma extensa linha no chão. De um lado deve-se escrever a palavra “terra” e do outro lado, a palavra “mar”. No começo todos podem ficar na terra.
Porém, quando o professor gritar “mar!” todos devem pular para o lado contrário. O procedimento vai se repetindo, e o interessante é que as ordens sejam dadas cada vez mais rápidas. Aqueles que foram errando o lado vão sendo eliminados, até que aquele que ficar por último seja o vencedor.
8. Obwisana
Sentados em círculo, os alunos passam uma pedra de mão em mão, batendo-a no chão conforme o ritmo da música a seguir.
“Obwisana sa nana
Obwisana sa
Obwisana sa nana
Obwisana as.”
Podem ser usadas duas ou mais pedras, mas sempre passando-as aos colegas. O interessante desta brincadeira cantada é despertar a sonoridade, e a coordenação entre a letra da música e o barulho feito pelas pedrinhas.
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