Consumo de álcool, em qualquer quantidade, pode elevar o risco de 60 doenças, incluindo 33 previamente não associadas

Um novo estudo levantou questões problemáticas quanto ao consumo da bebida alcoólica. São 60 doenças associadas às bebidas com álcool, sendo 33 delas inéditas para a ciência.

Um estudo realizado pela Universidade de Oxford, que analisou dados de meio milhão de homens na China, sugere que o consumo de álcool pode aumentar o risco de desenvolver diversas doenças.

Além das doenças já conhecidas, como cirrose hepática, derrames e câncer, o estudo revelou que o consumo excessivo de álcool também pode estar associado ao aumento do risco de desenvolvimento de gota e catarata.

O mesmo estudo revelou que o consumo de álcool também pode estar associado a outros distúrbios que, antes, não eram diretamente ligados a essa prática.

É interessante observar que algumas dessas associações foram encontradas mesmo em indivíduos que consumiam quantidades de álcool abaixo das diretrizes de saúde estabelecidas, como as do NHS (Sistema Nacional de Saúde do Reino Unido).

Isso indica que mesmo um consumo moderado de álcool pode apresentar riscos para a saúde em diversas áreas.

O álcool não deve ser consumido?

Conforme mencionado pelos especialistas, as descobertas do estudo destacam que o consumo de álcool está associado a uma gama mais ampla de doenças, um caso muito mais grave do que a ciência poderia pensar.

Essas descobertas são preocupantes, considerando-se que o consumo excessivo de álcool é estimado como um fator contribuinte para cerca de 3 milhões de mortes em todo o mundo anualmente.

É verdade que a posição da Organização Mundial da Saúde (OMS) é de que nenhuma quantidade de álcool é segura para o consumo. Essa recomendação é baseada nas evidências de que o consumo de álcool está associado a diversos riscos à saúde.

Apesar da comprovação da OMS, existem estudos e pesquisas que exploram os possíveis benefícios à saúde de quantidades moderadas de álcool, como um copo de vinho ou uma cerveja por dia.

Alguns desses estudos sugerem que o consumo leve a moderado de álcool pode estar associado a uma redução do risco de certas doenças, como doenças cardíacas.

No entanto, o estudo realizado por pesquisadores de Oxford em colaboração com acadêmicos chineses contribui para a compreensão dos efeitos do consumo de álcool na saúde, identificando uma ampla gama de doenças associadas a esse hábito.

Essas descobertas são valiosas para aumentar a consciência sobre os riscos à saúde relacionados ao consumo de álcool e subsidiar políticas públicas de saúde.

Os pesquisadores de Oxford envolveram a análise de um grande banco de dados chinês contendo informações de saúde de mais de 512 mil adultos, com uma idade média de 52 anos.

De acordo com os resultados, aproximadamente um terço dos homens relatou beber álcool regularmente, o que foi definido como pelo menos uma vez por semana. Por outro lado, a taxa de consumo regular de álcool entre as mulheres foi de apenas 2%.

As mulheres foram utilizadas como grupo de controle para investigar se o aumento do risco de doenças observado nos homens estava relacionado especificamente ao consumo de álcool, e não a outros fatores, tais como a genética.

Os pesquisadores utilizaram registros hospitalares de um período de 12 anos para investigar como o consumo de álcool afetou o risco de desenvolvimento de 207 doenças diferentes. Essas doenças incluíam condições médicas, bem como acidentes de transporte e ferimentos.

Essa abordagem permite uma análise abrangente dos efeitos do álcool em diversas áreas da saúde, tanto em termos de doenças médicas específicas como em relação a eventos adversos, como acidentes e ferimentos.

Resultado do estudo

As descobertas do estudo realizado na China e publicado na revista Nature Medicine revelaram que o consumo de álcool aumenta o risco de 60 doenças em homens.

Entre essas doenças, 28 já eram previamente conhecidas e estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como relacionadas ao álcool, incluindo cânceres de fígado, intestino e reto.

Os pesquisadores identificaram 33 doenças que não haviam sido previamente estabelecidas como relacionadas ao consumo de álcool. Essas doenças incluíam condições, como gota, catarata, algumas fraturas e úlceras gástricas.

Eles observaram que beber diariamente, beber em excesso ou beber fora das refeições aumentaram particularmente os riscos de certas doenças relacionadas ao álcool.

Além disso, foi identificada uma relação dose-dependente, o que significa que o risco de ter uma doença relacionada ao álcool aumentava com a quantidade de álcool consumida. A cada quatro drinques por dia, o risco de desenvolver uma doença relacionada ao álcool aumentava em 14%.

Esses resultados reforçam a importância de adotar padrões de consumo de álcool saudáveis e moderados. Consumir álcool de forma responsável, limitando a quantidade e evitando comportamentos de risco, pode ajudar a reduzir os riscos associados ao consumo de álcool.

De acordo com Iona Millwood, professora associada da Oxford Population Health e autora sênior do estudo, há uma crescente compreensão de que o consumo prejudicial de álcool é um dos principais fatores de risco para problemas de saúde, tanto a nível nacional como global.

De acordo com Puja Darbari, diretor-gerente da Aliança Internacional para o Consumo Responsável, a análise principal do estudo apresenta uma limitação significativa, uma vez que não faz distinção entre o consumo leve ou moderado e o consumo pesado, além de não incluir uma comparação com os indivíduos que não consomem álcool.

Darbari destaca que a média de consumo entre os participantes do estudo foi de 280 g por semana, o que representa mais do que o dobro das diretrizes estabelecidas no Reino Unido e também o dobro das diretrizes para homens nos Estados Unidos.

60 condições de saúde cujo risco aumenta com o consumo de álcool

  1. Tuberculose
  2. Câncer de laringe
  3. Câncer de esôfago
  4. Câncer de fígado
  5. Neoplasia incerta
  6. Câncer de cólon
  7. Cancro do pulmão
  8. Câncer retal
  9. Outro câncer
  10. Câncer de lábio, cavidade oral e faringe
  11. Cancro do estômago
  12. Outras anemias
  13. Púrpura e outras condições hemorrágicas
  14. Outros distúrbios metabólicos
  15. Diabetes melitus
  16. Condições psiquiátricas e comportamentais menos comuns combinadas
  17. Epilepsia
  18. Ataques isquêmicos cerebrais transitórios
  19. Catarata
  20. Flebite e tromboflebite
  21. Miocardiopatia
  22. Hemorragia intracerebral
  23. Sequelas da doença cerebrovascular
  24. Cardiopatia hipertensiva
  25. Hipertensão essencial (primária)
  26. Infarto cerebral
  27. Complicações da doença cardíaca
  28. Traçado, não especificado
  29. Oclusão e estenose de artérias cerebrais
  30. Oclusão e estenose de artérias pré-cerebrais
  31. Outras doenças cerebrovasculares
  32. Cardiopatia isquêmica crônica
  33. Doenças circulatórias menos comuns combinadas
  34. Bronquite crônica não especificada
  35. Outra doença pulmonar obstrutiva crônica
  36. Pneumonia
  37. Doença hepática alcoólica
  38. Fibrose e cirrose hepática
  39. Outras doenças inflamatórias hepáticas
  40. Abscesso das regiões anal e retal
  41. Doença do refluxo gastroesofágico
  42. Úlcera gástrica
  43. Outras doenças do sistema digestivo
  44. Outras doenças do fígado
  45. Pancreatite
  46. Outras infecções locais (pele/tecido subcutâneo)
  47. Osteonecrose
  48. Gota
  49. Outras artroses
  50. Resultados anormais de estudos de função
  51. Mal-estar e fadiga
  52. Outras causas de mortalidade mal definidas/não especificadas
  53. Causas de morbidade desconhecidas/não especificadas
  54. Fratura de ombro e braço
  55. Fratura de fêmur
  56. Fratura de costela(s)/esterno/coluna torácica
  57. Lesões menos comuns, envenenamento e outras causas externas combinadas
  58. Lesão autoprovocada intencionalmente
  59. Quedas
  60. Acidentes de transporte
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