Cora Coralina – Biografia, História e Poesia
Saiba um pouco sobre a vida e obra de uma das maiores escritoras brasileiras do século XX.
Quem foi Cora Coralina? Cora Coralina, ou Ana Lins dos Guimarães Peixoto Brêtas, nasceu na cidade de Goiás em 1889, Cora foi uma poetista e contista brasileira. Seus pais eram Jacintha Luíza do Couto Brandão Peixoto e Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto.
Francisco era o segundo marido de Jacintha, 43 anos mais velho que ela, e morreu dois meses após o nascimento de Cora.
Segundo a filha de Cora, Vicência Brêtas Tahan, em seu livro Cora Coragem, Cora Poesia, a infância de Cora não foi muito agradável. Todos na cidade consideravam-na uma menina desajeitada, “triste, nervosa e feia”, terrivelmente lenta para aprender as lições ensinadas na escola de Mestra Silvina.
‘Estranho hábito’
Cora tinha o “estranho” hábito de ler livros, em vez de se preparar para ter um marido. Quando tinha 16 anos e começou a namorar José, que estudava medicina no Rio de Janeiro e passava as férias em Goiás, seus pais decidiram mandá-lo de volta ao Rio mais cedo que o normal, para evitar a união com uma mulher que sabia ler, mas não conseguia lidar com tarefas domésticas.
Depois disso, ela se sentia cada vez mais sozinha, porque ninguém parecia interessado em sair com ela e todos os seus velhos amigos agora eram casados e tinham filhos, tópicos que não faziam parte de seu mundo. Então Cora encontrou abrigo em seus livros, e aos 18 anos, foi considerada um caso perdido: ela já era uma solteirona.
Casamento
Embora parecesse destinada a esse triste destino, alguns meses após seu vigésimo aniversário sua vida mudou quando um novo chefe de polícia, o advogado Cantídio Tolentino de Figueiredo Brêtas, chegou a Goiás. Entre todas as garotas bonitas e talentosas da cidade ele escolheu Aninha, e logo se apaixonaram.
Todos os seus sonhos de casamento poderiam ser cumpridos agora. Tudo parecia perfeito até o dia em que descobriram que antes de ir para Goiás, Cantídio se casara no estado de São Paulo, onde teve três filhos. Ele então se mudou para o norte do Brasil, onde teve uma filha com outra mulher.
A mãe de Cora proibiu-os imediatamente de se verem, destruindo a única esperança de casamento para a jovem. No entanto, Cora continuou namorando Cantídio em segredo. Como resultado, ela ficou grávida. Como os habitantes conservadores da cidade não aceitariam sua gravidez e seu casamento com um homem casado, Cora e Cantídio decidiram fugir para o estado de São Paulo em 1911.
Viajaram alguns dias a cavalo, pegaram um trem, chegaram à cidade de São Paulo e, alguns dias depois, mudaram-se para Jaboticabal, uma pequena cidade a 320 quilômetros da cidade de São Paulo.
Fora de Goiás
Em Jaboticabal, Cora trabalhou para uma instituição de caridade, cujos principais objetivos eram distribuir leite para crianças carentes, fornecer tratamento de saúde para idosos e encontrar emprego para os mendigos da cidade.
Lá, ela também comprou uma pequena fazenda e começou a plantar rosas para vender para seus amigos e vizinhos. Depois de viverem juntos por quinze anos, Cantídio e Cora receberam uma carta com a notícia de que sua primeira esposa estava morta e finalmente se casaram.
Seu casamento, no entanto, não durou muito, pois em 1934 Cantídio morreu. Após sua morte, Cora decidiu se mudar para a cidade de São Paulo, onde seus filhos poderiam continuar seus estudos. A fim de pagar por sua educação, ela abriu uma pousada. Ela ganhou algum dinheiro com esse empreendimento, mas também a esgotou, então fechou a pousada e começou a vender livros.
A próxima cidade em que Cora se mudou foi Penápolis, ainda no estado de São Paulo, onde abriu uma loja de tecidos. Depois, mudou-se para Andradina, novamente em São Paulo, onde comprou uma fazenda e começou a plantar milho e algodão.
Em Andradina ela também teve uma grande surpresa: um deputado do Rio de Janeiro pediu que ela se casasse com ele. Ela se sentiu muito satisfeita, mas não pretendia se casar novamente e recusou seu pedido.
Retorno
Em 1956 Cora retornou a Goiás e começou a fazer doces para vender na Casa Velha da Ponte. Ela também estava pensando em publicar seus poemas e, por esse motivo, decidiu fazer um curso de digitação.
Na época, Cora tinha 70 anos, o que a tornou a aluna mais velha da escola, mas também um símbolo de coragem e persistência para os alunos mais jovens.
Acidente
Um dia ela caiu enquanto cozinhava e quebrou uma perna. Seu médico sugeriu que seria melhor para ela ir a Goiânia, onde os hospitais estavam melhor equipados para tratá-la.
Suas amigas lhe enviaram muitas flores, que ela decidiu levar com ela na ambulância para decorar seu quarto de hospital.
Após o acidente, Cora viajou por todo o país para dar palestras, entrevistas e divulgar seus livros, e aos 94 anos, recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal de Goiás.
Morte
Suas frequentes viagens eram demais para sua saúde. Ela contraiu pneumonia e foi forçada a voltar para Goiás. Com o agravamento de sua condição, foi levada para Goiânia, onde morreu durante à noite, em 1985.
Deixou quatro filhos, dezesseis netos e vinte e nove bisnetos. Seu corpo foi enterrado no túmulo de seu pai, na cidade de Goiás, e ela deixou o seguinte epitáfio para a posteridade:
Morta… serei árvore
Sereia tronco, serei fronde
E minhas raízes
Enraíza às pedras do meu berço
São como cordas quebradas de uma lira.Enfeitai de folhas verdes
A pedra do meu coração
Num simbolismo
De vida vegetal.Não morre aquele
Que deixou na terra
Uma melodia de seu cântico
Na música de seus verso
Poesia
Cora começou a escrever seus poemas quando tinha 14 anos. Durante seus anos em São Paulo, ela também publicou muitos artigos sobre questões de justiça social, mostrando-se uma mulher à frente de seu tempo.
Ela define sua poesia assim: “Minha poesia … já estava viva quando eu nem nasci. Ela se derramou em uma veia de cascalho distante. Meu berço foi feito de pedra. Meu caminho foi feito de pedra. Meus versos: Pedras quebradas no rolar e bater de tantas pedras.”
Frases de Cora Coralina
- Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.
- O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher.
- O saber a gente aprende com os mestres e os livros. A sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes.
- Fiz a escalada da montanha da vida removendo pedras e plantando flores.
- Todos estamos matriculados na escola da vida, onde o mestre é o tempo.
- Recria tua vida, sempre, sempre. Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.
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