Grande parte dos graduados não trabalha na área de formação, revela estudo
Metade dos graduados enfrentam subemprego.
Uma recente análise revelou uma realidade preocupante para graduados universitários nos Estados Unidos: aproximadamente metade deles ocupa posições que não exigem suas qualificações acadêmicas. Este fenômeno, conhecido como subemprego, afeta diretamente não só os rendimentos iniciais dos trabalhadores, mas também suas trajetórias profissionais a longo prazo.
O estudo, conduzido pelo Burning Glass Institute e pela Strada Education Foundation, analisou os currículos de mais de 10 milhões de pessoas que ingressaram no mercado de trabalho na última década, descobrindo que 52% dos graduados se encontram em situações de subemprego, um número superior ao anteriormente estimado.
Desemprego e subemprego são altos entre graduados / Imagem: Burning Glass Institute analysis of Lightcast Career Histories Database/Reprodução
No Brasil não é diferente
Entre 2019 e 2022, o número de empregados com ensino superior completo no Brasil aumentou 15,5%, segundo o Dieese, com base na PnadC do IBGE. Entretanto, este crescimento foi mais significativo em ocupações que não requerem tal formação.
Houve um aumento de 22% de graduados atuando como balconistas ou vendedores e um incremento de 45% entre aqueles trabalhando na área de enfermagem de nível médio. Apesar do crescimento de 7,1% de ocupados com ensino médio e de 4% no total de empregados, a elevação no número de profissionais com alta escolaridade reflete a maior qualificação geral da população brasileira.
Notavelmente, dos 704 mil motoristas de aplicativo, 86 mil possuem diploma superior, predominando, no entanto, aqueles com ensino médio (461 mil). Entre os 589 mil entregadores, aproximadamente 70 mil têm formação superior.
Esta situação coloca em xeque o valor da educação superior, uma vez que o custo da universidade aumentou significativamente. A análise sugere uma desconexão entre os conhecimentos adquiridos pelos estudantes e as habilidades procuradas pelos empregadores.
O estudo do Burning Glass Institute também revelou que o campo de estudo de um indivíduo é um determinante crucial para evitar o subemprego, mais até do que fatores como raça, gênero e a universidade escolhida. Além disso, a importância de estágios durante o curso universitário foi enfatizado, indicando uma forte correlação entre experiência prática e obtenção de empregos a nível universitário após a graduação.
Surpreendentemente, nem mesmo diplomas nas áreas de STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) garantem uma inserção adequada no mercado de trabalho. Por exemplo, quase metade dos graduados em biologia e ciências biomédicas permanecem subempregados cinco anos após a conclusão dos estudos. O mesmo se aplica a certos cursos de negócios, onde a falta de habilidades quantitativas pode levar ao subemprego.
Comentários estão fechados.