Guerra dos Mascates – Resumo, causas e objetivos
Tendo a capitania de Pernambuco como palco, o conflito se desenrolou durante o período colonial, entre os anos de 1710 e 1711.
O que foi a Guerra dos Mascates? A Guerra dos Mascates foi uma insurreição de caráter nativista que aconteceu em Pernambuco, envolvendo as cidades de Recife e Olinda. O confronto foi travado entre fazendeiros donos de engenhos e comerciantes portugueses, chamados pejorativamente de mascates.
Contexto histórico
Com o objetivo de se estabelecer na economia açucareira, em 1624, no contexto da União Ibérica, os holandeses invadiram o Brasil. Porém, a tentativa de ocupar a cidade de Salvador foi rapidamente contida e eles foram expulsos no ano seguinte.
Em 1630 eles fizeram uma nova tentativa, dessa vez, em Pernambuco. As vilas de Recife e Olinda foram conquistadas e o território litorâneo que ficou conhecido como Brasil-holandês se estendia de Sergipe ao Maranhão.
Para comandar o governo local a Companhia das Índias Ocidentais nomeou o conde Maurício de Nassau. Ele teve uma administração notória, em um período de muito desenvolvimento para a região.
Em 1640 terminou o período em que Portugal estava sob domínio espanhol. D. João IV, novo rei português decidiu recuperar o nordeste brasileiro. Contudo, o processo de expulsão dos holandeses só se concretizou em 1654, com a Insurreição Pernambucana.
A saída dos invasores, no entanto, causou um baque na economia da colônia, sustentada pela cana-de-açúcar. Apesar disso, os senhores de engenho de Olinda, que haviam alcançado considerável respeito, continuaram controlando o cenário político da região.
Vale salientar que, apesar do sentimento antilusitano dos moradores de Olinda e a proposta de transformar a cidade em uma República independente, o conflito não pode ser considerado separatista.
Por outro lado, ele é tido como uma rebelião nativista, já que os opositores, chamados de mascates, eram comerciantes de origem portuguesa.
Principais causas
Para analisar a Guerra dos Mascates é importante lembrar que o conflito não teve o propósito de fazer reivindicações sociais. Pelo contrário, o principal objetivo era a atingir o domínio da política local, disputado entre Olinda e Recife.
Se de um lado os fazendeiros de Olinda detinham o poder político, do outro os comerciantes portugueses de Recife se sobressaiam na economia. Os mascates, além de comercializar seus produtos, faziam empréstimos com altas taxas de juros aos olindenses.
Ademais, outro fator de peso é que o processo de expulsão dos holandeses deixou graves marcas em Olinda. Recife, por outro lado, tinha um dos melhores portos da colônia, corroborando a consolidação do centro econômico.
Nesse cenário de baixa da economia, enquanto os latifundiários de Olinda empobreciam e contraíam altas dívidas para manter suas propriedades, o comércio ascendente se consolidava a cada dia em Recife.
Não obstante, os holandeses começaram a produzir nas Antilhas e a crise da economia açucareira se alastrou, fazendo com que os preços do produto despencassem e os fazendeiros não conseguissem honrar suas dívidas.
Em 1703 representantes do comércio de Recife conseguiram o direito de representação na Câmara de Olinda. Contudo, foi somente através da Carta Régia de 1709 que a vila passou a ser independente, alcançando autonomia política em relação à Olinda.
No mesmo ano os recifenses passaram a contar com a sede da Câmara Municipal e o Pelourinho, alicerçando a autonomia em relação à Olinda. Porém, os olindenses, temendo que Recife, além de centro comercial, se tornasse o palco das decisões políticas, ficaram inconformados.
Líderes e Conflito
Sob a liderança de Bernardo Vieira de Melo e do Capitão-mor, Pedro Ribeiro da Silva, em 1710 os senhores de engenho de Olinda argumentando que Recife não estava respeitando os limites estabelecidos entre as comarcas, invadiram a cidade, destruíram o Pelourinho e libertaram todos os presos, dando início à Guerra dos Mascates.
O contra-ataque foi feito em 1711, quando os mascates se organizaram para atacar Olinda, obrigando os senhores de engenho a recuar. No mesmo ano a Coroa nomeou Félix José Machado como governador da capitania e enviou tropas para conter os revoltosos.
Desfecho da Guerra dos Mascates
No ano seguinte, em 1712, Recife tornou-se a sede administrativa do município. Dois anos depois, o Rei D. João V anistiou os envolvidos no confronto. Além disso, manteve as propriedades dos olindenses e perdoou as dívidas, sob as condições de que eles não fizessem novos ataques.
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