Instituto Butantan cria proteína capaz de rastrear a bactéria da leptospirose antecipadamente

Com a doença sendo identificada mais cedo, há uma melhora nas chances de tratamento e sobrevida.

Em uma amostragem científica publicada na revista Tropical Medicine and Infectious Disease, pesquisadores do Instituto Butantan explicaram o processo que usaram para criar uma proteína capaz de identificar a bactéria Leptospira, a responsável por transmitir a leptospirose a seres humanos e animais.

A proteína criada é totalmente sintética e, para concebê-la, os cientistas copiaram fragmentos da própria Leptospira. Os testes que se seguiram à concepção da proteína foram bastante promissores, funcionando em até 82% das tentativas.

De acordo com infectologistas especializados na doença, a leptospirose, que é transmitida por meio do contato com a urina de roedores infectados, não é facilmente detectável nos primeiros dias de infecção.

Isso porque depois que a Leptospira penetra no organismo, o sistema imune demora até 10 dias para criar anticorpos que combatem o patógeno. Dessa forma, a utilização de testes MAT, o mais comum atualmente, torna-se inútil nesse intervalo de tempo.

De qualquer forma, rastrear a doença é fundamental para garantir a eficácia dos tratamentos propostos, uma vez que mesmo em período de incubação a Leptospira já fica ativa no corpo humano e, quanto antes ela for neutralizada, menos danos causará.

A pesquisadora Ana Lúcia Tabet Oller Nascimento, que atua no Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do Butantan, explica que detectar a leptospirose rapidamente é uma garantia da qualidade de vida das pessoas infectadas.

Ademais, a cientista explica que o teste criado no Butantan é eficaz porque trabalha com várias cepas da Leptospira, o que facilita a detecção e minora os erros de diagnóstico.

“Vale ressaltar que o teste padrão possui cunho epidemiológico importante e deverá continuar sendo aplicado. Isso porque ele contém culturas de bactérias Leptospira de diferentes sorotipos, ajudando a identificar qual tipo está em maior circulação ou causando epidemias. As Leptospiras patogênicas [que causam doença] possuem mais de 200 sorotipos”, disse ela.

Por sua arquitetura eficiente, o teste bateu 99% de especificidade. Ou seja, ele não vai identificar a presença de Leptospiras não patogênicas nem anticorpos de outras doenças, apenas aqueles criados pelo sistema imunológico para combater a leptospirose.

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