Paráfrase e paródia – Qual a diferença entre essas intertextualidades?

Enquanto uma se trata de releitura cômica e oposta à obra original, a outra é a reafirmação do que foi dito pelo autor. Entenda melhor essa diferença.

intertextualidade é conhecida como a produção de um material baseado em algum texto já existente. Isso pode ser de maneira explícita ou implícita. Caso seja explícito, as fontes ficam claras. Já em casos implícitos, isso não acontece.

A paródia e a paráfrase são dois tipos de intertextualidade. Em muitos casos, esses recursos são vistos como sinônimos, mas são diferentes. Apesar disso, ambos criam diálogos entre diferentes textos.

Confira agora qual a diferença entre paródia e paráfrase:

O que é paródia

A paródia se trata de uma releitura cômica ou oposta à da obra original. Apesar de ser engraçada e crítica, costuma promover uma reflexão sobre determinado assunto. Confira exemplo de paródia:

Texto original:

Canção do Exílio 
(Gonçalves Dias)
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
(…)

Paródia:

Canto de regresso à pátria
(Oswald de Andrade)

Minha terra tem palmares
onde gorjeia o mar
os passarinhos daqui
não cantam como os de lá.

Essa paródia tem um contexto histórico, social e racial. Palmares foi um quilombo liderado por Zumbi, que foi morto em 1695. O contexto, então, foi modificado para o sentido de crítica à escravidão existente no Brasil.

O que é paráfrase

A paráfrase é uma reafirmação de um tema que já foi trabalhado por outro autor. Então, mesmo que palavras, estilos e estruturas diferentes sejam usadas, a ideia principal continua sendo transmitida.

Agora, vamos conferir exemplo de paráfrase, utilizando a mesma canção de Gonçalves Dias:

Texto Original:

Canção do Exílio 
(Gonçalves Dias)
Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.
(…)

Paráfrase: 

Europa, França e Bahia 
(Carlos Drummond de Andrade)
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra…
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!
(…)

A “Canção do Exílio”  é uma canção original de Gonçalves Dias. Carlos Drummond de Andrade foi apenas um dos ícones que parafraseou a música, mantendo a mesma essência do texto original.

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