Pesquisa descreve o "poder" da solidão sobre nossa percepção de mundo

Descubra como pessoas solitárias percebem a vida de modo diferente e adquirem um olhar único sobre o mundo e as outras pessoas.

Sendo um dos mais poderosos sentimentos humanos, a solidão pode afetar profundamente a maneira como percebemos o mundo ao nosso redor.

Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, revelou o impacto da solidão nas pessoas e de que modo isso modificou a visão delas sobre a vida.

Um fator relevante dessa apuração é a percepção diferente do mundo que as pessoas solitárias têm em comparação com as demais. No entanto, também são apresentadas variações significativas na forma de indivíduo solitário ler sua realidade.

Interpretando o mundo à sua maneira

Com exames cerebrais não invasivos, a psicóloga Elisa Baek e sua equipe exploraram a atividade neural daqueles que se sentem isolados.

As descobertas indicam que essas pessoas apresentam uma percepção única do mundo. Isso pode resultar na sensação de que são pouco compreendidas, algo bastante relacionado à solidão.

(Imagem: Adobe Stock/Reprodução)

No passado, estudos já sugeriram que tal sensação em pessoas não solitárias ativa áreas cerebrais relacionadas à conexão social e ao processamento de recompensas. Em contraste, aqueles que se sentem incompreendidos mostram mais atividade em áreas vinculadas a emoções negativas.

Os pesquisadores exploraram o “princípio Anna Karenina”, baseado na obra de Liev Tolstói, que afirma: “todas as famílias felizes são iguais; cada família infeliz é infeliz à sua própria maneira”.

Ao aplicar esse conceito à pesquisa, sugere-se que indivíduos sem sentimentos de solidão interpretam o ambiente de forma semelhante, enquanto cada pessoa solitária experimenta uma percepção única do mundo.

As análises cerebrais revelaram ainda que indivíduos não solitários apresentaram respostas cerebrais notavelmente semelhantes, bastante diferentes de alguém mais sozinho.

Os sujeitos assim têm padrões neurológicos significativamente distintos entre si e em relação aos indivíduos conectados. Isso indica que cada participante solitário desta pesquisa conta com uma interpretação única da vida e do mundo.

De acordo com a pesquisadora Elisa Baek, possuir uma perspectiva diferente da de outros intensifica o sentimento de isolamento, uma vez que essas pessoas tendem a ser menos compreendidas.

A sensação de solidão não está, necessariamente, ligada à falta de atividade social, já que nem todos os participantes da pesquisa demonstraram uma vida social inativa.

Em suma, foram observados padrões neurais distintos em comparação com os indivíduos não solitários, mesmo entre aqueles que relataram um nível satisfatório de interação social na pesquisa, com amigos e participação em eventos sociais.

O estudo ressalta a importância de abordar a solidão como uma questão de saúde mental, além de promover a necessidade de criar estratégias e políticas capazes de lidar com esse sentimento, estimulando conexões sociais saudáveis.

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