Pesquisadores do Instituto Butantan incluem crianças em estudo sobre peixe perigoso

Um grupo de pesquisadores do renomado Instituto Butantan, em São Paulo, acaba de publicar um artigo revolucionário na revista científica Frontiers for Young Minds.

O texto apresenta uma abordagem inovadora para compartilhar descobertas com o público infantil. Assim, estimula o estudo e desenvolvimento da ciência em crianças. Saiba mais!

Pesquisadores estudam peixe perigoso

A equipe brasileira, que estuda os venenos de peixes peçonhentos, identificou uma molécula no veneno de um peixe brasileiro chamado niquim. Essa molécula pode se tornar um futuro tratamento para doenças inflamatórias, incluindo asma e esclerose múltipla.

O niquim (Thalassophryne nattereri), encontrado na região Nordeste do Brasil, é um peixe que pode causar acidentes dolorosos aos desavisados que pisam em seus espinhos venenosos enterrados na areia.

Com o objetivo de entender melhor o veneno dessa espécie, os cientistas do Butantan identificaram uma molécula específica chamada TnP, ou peptídeo do Thalassophryne nattereri.

A equipe sintetizou quimicamente a TnP e conduziu experimentos utilizando o peixe-zebra (Danio rerio). Esse animal é valorizado pela semelhança genética com os humanos, o que facilita o estudo de vários fenômenos biológicos.

Além disso, sua rápida taxa de desenvolvimento e sua transparência possibilitam a visualização de estruturas internas, tornando-o uma escolha ideal para essas pesquisas.

(Imagem: Divulgação)

Já nos testes com roedores, a TnP mostrou-se promissora no tratamento de quadros inflamatórios semelhantes à asma e à esclerose múltipla, apresentando segurança e poucos efeitos colaterais.

Se os resultados se mantiverem positivos, em alguns anos, a TnP poderá ser testada em humanos como um possível remédio contra doenças inflamatórias.

Pesquisa estimula ciência no público infantil

O notável desse estudo é a abordagem interativa com crianças, empregada na revista Frontiers for Young Minds. O Instituto Butantan, referência na pesquisa de venenos, investe em divulgação científica e na inclusão de crianças em sua missão.

Ao receberem sugestões e revisões de crianças de escolas americanas, os cientistas-autores aprimoraram o artigo, adicionando ilustrações e um glossário para melhorar a compreensão.

A cientista Carla Lima destaca que o objetivo é tornar o trabalho científico mais acessível e compreensível para todos, independentemente do conhecimento técnico.

Tal experiência trouxe benefícios não apenas para o público, mas também para a própria equipe de pesquisa. Isso permitiu que eles enxergassem seu trabalho sob novas perspectivas e encontrassem respostas para questões importantes.

A descoberta da TnP abre um caminho promissor na busca por novos tratamentos contra doenças inflamatórias, seguindo os passos de outros medicamentos inspirados em venenos de animais.

A pesquisa científica no Brasil ganha destaque com o Instituto Butantan, que lidera esforços para aproximar a sociedade de conceitos complexos por meio da interação com o público infantil.