O que foi a revolução francesa? A Revolução Francesa de foi um movimento de contestação do governo imposto pelo Antigo Regime. O episódio causou enorme repercussão na Europa e demais continentes, servindo de exemplo para vários movimentos eclodidos em diversas partes do mundo.
A grande importância da Revolução Francesa levou os historiadores a considera-la como marco de passagem da Idade Moderna para a Idade Contemporânea.
Iluminismo e a Revolução Francesa
No século XVIII, o movimento de independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa foram alguns dos episódios que sofreram a influência dos valores iluministas.
Os filósofos iluministas pretendiam reorganizar a sociedade com base nos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade, lema da revolução francesa. Seus princípios direcionavam-se ao estudo da política, economia e sociedade, o principal alvo de ataque dos iluministas era o Antigo Regime e os abusos cometidos pelos monarcas.
Crise Econômica
Apesar de no século XVIII a França ter vivido um período de grande prosperidade, o absolutismo monárquico comandado pelo rei Luís XVI dificultava o desenvolvimento das demais camadas da sociedade. O país tinha as suas bases fixadas na agricultura, 80% da população vivia no campo em um regime econômico semelhante ao feudalismo da Idade Média.
A crise econômica começou a abalar a nação em 1774, quando ficou evidente que os altos impostos cobrados pelo governo serviam apenas para sustentar os luxos da família real. Enquanto a população padecia pela falta de assistência e excesso de tributos, o monarca ostentava uma vida de luxo no Palácio de Versalhes, bem distante das necessidades do povo.
Causas da Revolução Francesa
Além das desigualdades sociais, os problemas foram agravados pelas adversidades naturais como a grande seca de 1788. A falta de alimentos contribuía para o descontentamento da população, o desespero e a miséria aumentaram as pressões populares contra o governo.
A divisão social da população em três estados gerava uma grande desvantagem na hora de tomar as decisões referentes aos rumos que o país deveria seguir. O governo absolutista era exercido em benefício de uma minoria, a maioria da população não possuía nenhum tipo de privilégio.
- Primeiro Estado: formado pelo clero, os representantes da Igreja detinham uma série de privilégios terras, cargos e isenção fiscal.
- Segundo Estado: composto pela nobreza, a corte e toda a família do rei. Nesse grupo também estavam aqueles que não nasceram nobres, porém compravam títulos de nobreza.
- Terceiro Estado: a formação desse grupo era bastante heterogênea. Composto pela alta burguesia (banqueiros, industriais e grandes comerciantes), a pequena burguesia (pequenos comerciantes, pessoas que possuíam algum cargo público e profissionais liberais), os trabalhadores urbanos chamados de sans-culottes, trabalhadores rurais: livres e servos.
Assembleia dos Estados Gerais
O descontentamento do Terceiro Estado motivou o rei Luís XVI a convocar a Assembleia dos Estados Gerais. Para fim na crise econômica, o monarca aumentou os impostos desse grupo e continuou não instituindo a cobrança de impostos para os demais Estados.
A convocação do parlamento francês denominado de Estados Gerais tinha como objetivo a tentativa de obrigar o Terceiro Estado a arcar com todos os tributos da nação.
A Assembleia dos Estados Gerais era composta por integrantes dos três Estados, porém cada um tinha direito a um voto, o que tornava a votação desigual, sendo que a maior parte da população estava concentrada no Terceiro Estado.
Como o clero e a burguesia compartilhavam dos mesmos interesses, o povo sempre saia em desvantagem nas votações. Na abertura da reunião, o Terceiro Estado exigiu maior participação na votação e a substituição do voto por Estado pelo voto por cabeça. Cedendo as pressões do povo, o rei elevou para quinhentos o número de participantes do Terceiro Estado, o que gerou uma crise devido ao descontentamento dos outros estados.
Assembleia Nacional Constituinte
Contando com o apoio de representantes dos outros Estados: o baixo clero (Primeiro Estado) e da nobreza togada (Segundo Estado) o Terceiro Estado iniciou a formação da Assembleia Nacional Constituinte. Entre seus objetivos estavam o desejo de colocar fim aos privilégios do clero e da nobreza, aplicar leis que garantissem direitos iguais a toda população e o direito a propriedade e liberdade.
Para conter os revoltosos, o rei formou um exército para sufocar as manifestações populares. A reação do povo levou a criação da Guarda Nacional que formou milícias populares em Paris para lutar contra as tropas do governo. A tomada da prisão da Bastilha (lugar para onde eram enviados os presos políticos) em 1789 marcou o início da Revolução Francesa.
Em 1789, a Assembleia Nacional Constituinte proclamou a criação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Entre os principais pontos desse documento pode-se destacar:
- regulamentação dos direitos humanos;
- leis iguais para todos os cidadãos;
- direito de resistência política;
- liberdade de expressão.
A insurreição iniciada na cidade se alastrou para o campo, incentivando os trabalhadores rurais a se revoltarem contra os seus senhores que reagiram com violência contra os seus empregados. Como tentativa de conter a crise econômica, os rebeldes confiscaram os bens da nobreza e da igreja.
A turbulência do período fez com que ele ficasse conhecido como Grande Medo. Em 1791, a Assembleia promulgou a primeira Constituição, entre os seus principais pontos pode-se destacar a substituição da Monarquia Absoluta pela Monarquia Constitucional; a separação dos poderes em Executivo, Legislativo e Judiciário; instituição do voto censitário (de acordo com a renda dos cidadãos).
Convenção Nacional
Em 1792, o rei Luís XVI foi preso tentando fugir da França juntamente com sua família. A retirada dos poderes do monarca anulava os efeitos da Monarquia Constitucional, o que motivou a formação de uma nova Assembleia Constituinte chamada de Convenção Nacional.
Entre as medidas adotadas pela Convenção estava a substituição do regime monárquico pela República. Os membros da Convenção estavam divididos em:
- Girondinos: representantes da alta burguesia defendiam a Monarquia Constitucional, o voto censitário e uma revolução moderada;
- Planície: também formado por membros da alta burguesia. Não possuíam ideais políticos bem definidos, alternavam entre a moderação e o radicalismo revolucionário;
- Jacobinos: formado pelos san-culottes e pequena burguesia defendiam a república. Ficaram conhecidos pelo radicalismo de suas ações, entre seus principais líderes estava Robespierre.
A Fase do Terror
Os girondinos comandaram o país nos primeiros anos da república, mas o radicalismo dos jacobinos os levou a tomar o poder. Liderados por Maximilien Robespierre, os rebeldes pregavam o fim de tudo que fizesse referência ao absolutismo, assim o terror tomou conta da França.
Luís XVI foi julgado e condenado por traição, à execução do monarca ocorreu em 1793. Cerca de trinta e cinco mil pessoas foram executadas nesse período por serem acusados de defenderem o rei.
Robespierre não poupava sequer os membros jacobinos que defendiam uma moderação em suas ações. O terror empreendido pelo líder jacobino gerou grande descontentamento da população, o que facilitou a tomada do poder pelos girondinos. Robespierre foi julgado e condenado à morte na guilhotina em 1794.
A retomada do poder pela burguesia ficou conhecida como Reação Termidoriana.
Os termidorianos anularam todas as decisões dos jacobinos e criou uma nova Constituição, essa fase do governo ficou conhecida como Diretório. O novo governo não foi capaz de conter a insatisfação popular e as desigualdades sociais.
Na tentativa de pacificar o país e conquistar direitos para a burguesia, alguns membros do Diretório lideraram um golpe de Estado que levou ao poder o principal líder militar daquele momento: Napoleão Bonaparte. Assim que assumiu o governo, Bonaparte derrubou o Diretório e instituiu o Consulado. Sua ascensão ao poder marca o fim do período revolucionário na França.
Lorena Castro Alves
Graduada em História e Pedagogia
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