Jean-Jacques Rousseau
Um dos principais filósofos do Iluminismo, Rousseau influenciou o pensamento crítico de uma sociedade em plena Revolução Francesa.
Autor do “Contrato Social”, o filósofo acreditava na virtude e pureza do homem natural que se tornava corrupto ao entrar contato com o Estado, o dinheiro e a divisão de propriedade.
Biografia de Rouseau
O filósofo, teórico e escritor Jean-Jacques Rosseau nasceu na cidade de Genebra, na Suíça, em 27 de junho de 1712 e faleceu em 2 de julho de 1778, na cidade Ermenonville, nordeste de Paris.
Filho do relojoeiro calvinista Isaac Rosseau, não chegou a conhecer sua mãe biológica, que morreu de infecção puerperal nove dias após o parto.
Em 1722, com a negligência e desinteresse do pai pelo filho, acaba indo viver em uma escola religiosa bastante rígida, sob os cuidados do pastor protestante Lambercier.
Aos 12 anos de idade, começa a desenvolver habilidades na escrita por meio de comédias e ensaios, com aptidões autodidatas para a literatura e a música.
Quando atinge a adolescência, aos 16 anos de idade, o filósofo começa a trilhar um caminho de rebelde errante, indo viver por um tempo na cidade de Savóia, na Itália, mesmo não tendo como manter-se financeiramente.
No ano em que retorna para Genebra, acaba conhecendo Madame Varcelli, que logo vem tornar-se sua amante e provedora. Após sua morte, Rosseau, sozinho e sem recursos, decide então ir morar na França, local onde encontraria Madame Warrens, mais precisamente na cidade Cambéry.
Nessa época, entre os anos de 1732 e 1740, teve maior contato com a literatura, música e filosofia por métodos de aprendizados autodidatas. Em 1742 vai para Paris e lá conhece outra de suas inúmeras protetoras, que o indicaria para o cargo de Secretário do Embaixador da França, em Veneza.
É nesse período que o filósofo começa enxergar as falhas e mazelas do governo e começa então a dedicar-se ao estudo e compressão da política, no que daria origem a uma das suas principais obras, o Contrato Social.
Raízes Iluministas
Rousseau viveu uma época em que movimentos sociais de renovação social, econômica, política e cultural aconteciam por toda Europa, aquecidos pela Revolução Francesa, na luta contra o absolutismo que havia se instaurado.
O movimento mais conhecido dessa época foi o Iluminismo, que mesmo tendo começado na Inglaterra, difundiu-se rapidamente pela França graças ao pensamento crítico de Montesquieu (1689 – 1755) e Voltaire (1694 – 1778) a até então ordem social estabelecida no país.
Os iluministas eram intelectuais que lutavam essencialmente contra os privilégios das classes dominantes, sobretudo da burguesia e da Igreja Católica, além de seus alicerces absolutistas e colonialistas, na defesa pela reorganização da sociedade. Era a luta da luz em oposição às trevas.
Jean-Jacques Rousseau desenvolve em suas obras o caráter iluminista assim que retorna à Paris em 1745. Começa a publicar ensaios e artigos sobre política e ganha notoriedade ao participar, incentivado pelo amigo Diderot, do concurso da Academia de Dijon, em 1750, com o texto “Discurso Sobre as Ciências e as Artes”.
Recebe, então, o prêmio de melhor ensaio, além da fama causada pela polêmica ao afirmar que as artes, as ciências e as letras são os piores inimigos da moral, além de serem fontes de escravidão intelectual.
Teorias e obras mais conhecidas de Rouseau
- 1755 – Discurso Sobre a Origem da Desigualdade Entre os Homens
Ao criticar a sociedade e sua forma de organização, o autor dizia que o homem nasce naturalmente bom, sendo as circunstâncias ao seu redor que acabam por torná-lo mal.
Rousseau não crítica especificamente o determinismo social, mas desaprova e julga as desigualdades resultantes do excesso privilégios. Afirmava ainda que para o homem conseguir voltar a ser bom e poder viver em paz consigo mesmo, seria preciso voltar à sua origem natural e se afastar de toda a civilização que o corrompe.
- 1761 – Julie ou A Nova Heloísa
Em sua primeira manifestação do romantismo, o filósofo traz na obra a ideia do direito legítimo que o homem tem de se apaixonar.
Criticava a hipocrisia dos costumes da sociedade da época e exaltava poeticamente as belezas da natureza, como rios, lagos, florestas e montanhas, sobretudo como forma de purificação e libertação do amor em razão da corrupção social.
É com a obra que os aspectos românticos e de natureza entram em popularidade por toda Europa.
- 1762 – Contrato Social
Sua obra mais conhecida, o Contrato Social apresenta uma ideia utópica de Estado ideal. Nela, todos os cidadão tem a garantia dos direitos essenciais, por meio de uma reconstrução das relações sociais da humanidade.
A ideia central remete ao Discurso Sobre a Origem e Desigualdade dos Homens, ao afirmar que os homens em seus estados naturais são bons e iguais.
A corrupção do ser surge no momento que ocorrem as demarcações de terra e separação desigual de bens.
Segundo Rousseau, para que os direitos sociais sejam igualmente cedidos à toda uma comunidade, é preciso ser estabelecido um contrato entre os membros do grupo, com seus direitos e implicações.
Mesmo havendo um comum acordo entre a população, a liberdade e autonomia de pensamento devem ser respeitados. Estar sujeito ao Estado não deve necessariamente implicar na aniquilação de uma liberdade autêntica.
Em se tratando da ideia de Estado, o crítico suíço não referia-se ao governo, mas sim à vontade política que deveria em total harmonia, exprimir os desejos e anseios do povo.
O sentido de governo propriamente dito, teria apenas o papel de agente executor das ideias estabelecidas pela decisão em conjunto da sociedade.
1762 – Émile ou da Educação
Em Émile, Rousseau trata do tema educação através de uma utopia pedagógica.
Na obra, o autor somos apresentados à uma criança que vive à completamente margem do convívio social, sem qualquer influência da civilização. A personagem Émile é guiada apenas por sua vontade interior, onde a pureza do instinto não é imaculada.
Um exemplo de que o próprio ser humano pode encontrar em si as direções do seu ser natural, em oposição às doutrinas e ensinamentos aprendidos nas escolas.
Repressão e perseguição ideológicas
Tanto o Contrato Social quanto Émile foram duramente criticados pelo Parlamento de Paris, que os considerou verdadeiras heresias religiosas.
Com as edições de Émile sendo queimadas em Paris, Rousseau é forçado a buscar exílio na Suíça, em razão da expedição de um mandado de prisão. Na Inglaterra, recebe auxílio do também filósofo David Hume.
Em 1778, fisicamente debilitado, o filósofo aceita o convite do Marquês de Girardin para morar em seu domínio em Ermenonville, onde fica até seus últimos dias.
Tendo sua obra póstuma “Confissões” sido lançada em 1782, é fácil perceber porque o Jean-Jacques Rousseau é considerado um dos maiores expoentes do iluminismo e romantismo, com suas obras marcadas principalmente pelo apoio ao povo e seus movimentos sociais, criticando o domínio absolutista social, intelectual e social.
Frases de Rousseau
“O mais forte não é suficientemente forte se não conseguir transformar a sua força em direito e a obediência em dever”.
“A razão forma o ser humano, o sentimento o conduz”.
“O ser humano verdadeiramente livre apenas quer o que pode e faz o que lhe agrada”.
“Para conhecer os homens é preciso vê-los atuar”.
Veja também: Os Pensadores Iluministas – Voltaire
Os comentários estão fechados, mas trackbacks E pingbacks estão abertos.