Titanic: nova missão pretende mapear detalhes nunca vistos do navio
Uma nova expedição ao Titanic busca mapear o naufrágio com detalhes inéditos por meio de tecnologia avançada.
Nesse mês de julho, uma equipe composta por especialistas em imagem, cientistas e historiadores embarcou em uma missão inovadora para mapear o naufrágio do Titanic com detalhes inéditos.
Partindo da cidade de Providence, Rhode Island (Estados Unidos), essa expedição representa a primeira incursão comercial ao Titanic desde a tragédia da OceanGate no ano passado, que resultou na perda de cinco vidas.
A missão recente não só homenageia os 1.500 passageiros e tripulantes que faleceram em 1912, mas também aqueles que perderam suas vidas em 2023.
A tecnologia envolvida na missão
A bordo do navio Dino Chouest, dois veículos operados remotamente (ROVs) mergulharam até 3.800 metros de profundidade no Atlântico Norte.
Esses robôs de 6 toneladas são equipados com câmeras de alta definição, sistemas de iluminação especial e um pacote de sensores que inclui um scanner lidar (laser).
Juntos, eles capturaram milhões de fotografias em alta resolução para criar um modelo 3D detalhado de todo o campo de destroços.
Os pesquisadores querem mapear o navio em 3D, além de analisar toda a área onde se encontram os destroços – Imagem: RMS Titanic Inc/Reprodução
Antes de partir, David Gallo, colíder da expedição, explicou o objetivo da missão:
“Queremos ver o naufrágio com uma clareza e precisão nunca antes alcançadas. A tecnologia empregada permitirá visualizar o Titanic e seu entorno com detalhes tão minuciosos que será possível contar grãos de areia.”
A história por trás do naufrágio do Titanic
O Titanic é bem conhecido: um navio considerado insubmergível que encontrou seu destino trágico na noite de 15 de abril de 1912, após colidir com um iceberg.
Desde sua descoberta em 1985 por uma equipe liderada por Robert Ballard, o local do naufrágio tem sido objeto de inúmeros estudos. No entanto, ainda não há um mapa definitivo que capture a extensão total dos destroços.
A missão atual também tem um componente emocional profundo. Paul-Henri Nargeolet, um dos cinco que morreram no submarino da OceanGate, era o diretor de pesquisa da RMS Titanic Inc. e deveria liderar a expedição.
Em sua homenagem, uma placa memorial será colocada no fundo do mar.
O Titanic naufragou em 15 de abril de 1912, levando 1500 pessoas, entre passageiros e tripulantes, à morte – Imagem: Getty Images/Reprodução
Mistérios submersos
Os avanços tecnológicos são a espinha dorsal desta missão. Um dos ROVs, equipado com câmeras ópticas de ultra-alta definição e iluminação especial, tinha a tarefa de explorar meticulosamente uma área de 1,3 km por 0,97 km do leito marinho.
O outro ROV, carregando um magnetômetro, foi incumbido de detectar metais, mesmo aqueles enterrados no sedimento.
Isso pode ajudar a revelar se a proa do Titanic foi destruída ou se permanece intacta abaixo do sedimento. Alison Proctor, engenheira de Geofísica, compartilhou suas expectativas:
“Espero que possamos deduzir se a proa foi esmagada ao atingir o leito marinho ou se pode estar intacta, estendendo-se para dentro do sedimento.”
Além disso, a equipe deseja revisar o estado de objetos icônicos, como as caldeiras que se espalharam quando o navio se partiu.
Há também uma busca por itens previamente avistados, como um candelabro elétrico e possivelmente um segundo piano Steinway, cuja moldura de ferro fundido pode ainda estar presente, assim como algumas teclas.
Os objetos contam histórias
Para Tomasina Ray, curadora da coleção de artefatos do Titanic, os pertences dos passageiros são de particular interesse.
São esses pertences que ajudam a contar suas histórias. Para muitos, eles são apenas nomes em uma lista, e tais objetos ajudam a mantê-los significativos.
Essa é a nona visita da RMS Titanic Inc. ao local do naufrágio. Embora a empresa tenha atraído controvérsias, particularmente com seus planos de recuperar parte do equipamento de rádio Marconi, a missão atual é puramente de reconhecimento.
James Penca, pesquisador da empresa, enfatiza que todas as atividades são realizadas com o máximo respeito, reconhecendo o Titanic como o túmulo final de muitos:
“Exploramos o Titanic para aprender o máximo possível sobre ele. E, como em qualquer sítio arqueológico, fazemos isso com o maior respeito possível. Deixar o Titanic e seus passageiros perdidos para a história seria a maior tragédia de todas.”
Em última análise, a missão não é apenas sobre tecnologia e descobertas arqueológicas, mas também sobre preservar e honrar a memória daqueles que perderam suas vidas.
Como Rory Golden, amigo de Nargeolet e oficial de moral da expedição, afirmou, é a paixão contínua pela exploração que impulsiona todos a seguir em frente, mantendo vivo o legado do Titanic e de seus passageiros.
Apesar da partida ter ocorrido no dia 12 deste mês, os resultados da expedição ainda não foram divulgados.
*Com informações de BBC, CBS e Terra.
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