Trovadorismo

O Trovadorismo foi um movimento literário que vigorou na Europa durante a Idade Média.

O Trovadorismo foi um movimento literário que surgiu no continente europeu durante a Idade Média. Iniciado no século XI, no sul da França, o Trovadorismo era composto por cantigas satíricas e líricas.

Era uma mescla entre a música e a linguagem poética, se tornando um dos gêneros mais conhecidos entre os europeus medievais. Seu declínio foi por volta do século XIV.

Contexto histórico

A Idade Média foi uma fase da história fortemente marcada pelo cristianismo. Nesse período, a Igreja Católica desempenhava uma intensa influência na vida da população europeia.

A principal característica do período medieval, foi o teocentrismo (Deus como o centro do mundo). Com isso, o homem deveria seguir os valores determinados pela Igreja Católica, ocupando uma posição secundária na sociedade.

A Igreja Medieval era a instituição mais influente da Europa. Por ser a maior representante da fé, ela era a responsável por ditar os valores e, assim, determinar o comportamento e pensamento do indivíduo.

É importante destacar que somente as pessoas do clero tinham acesso à leitura e à escrita, sendo assim, a grande parte do restante da população europeia era analfabeta.

Essa estrutura se inseria no feudalismo, ou seja, numa sociedade ruralizada, estruturada na posse da terra.

Foi nesse contexto, então, que o Trovadorismo se desenvolveu.

Leia mais: Características do Trovadorismo

Cantigas trovadorescas

As cantigas trovadorescas são qualificadas em:

Cantigas de amor

As cantigas de amor relatam sentimentos profundos, tendo o sofrimento amoroso como tema recorrente.

A partir de uma expressão poética bem elaborada e sutil, as cantigas de amor são cantadas em primeira pessoa. Geralmente, o trovador se refere à dama como mia senhor (“minha senhora”).

Tal expressão se refere à relação da suserania e vassalagem, predominante durante a Idade Média. Assim, o apaixonado é servo e vassalo de sua dama.

Vejamos a seguir um exemplo de cantiga de amor:

Mesura1 seria, senhor2,
de vos amercear3 de mi,
que vós em grave4 dia vi,
e em mui grave voss’amor,
tam grave que nom hei poder
d’aquesta coita mais sofrer
de que muit’há fui sofredor.

Pero sabe Nostro Senhor
que nunca vo-l’eu mereci,
mais sabe bem que vós servi,
des que vos vi, sempr’o melhor
que nunca pudi fazer;
por em querede-vos doer
de mim, coitado pecador.

[…]

(D. Dinis, em Cantigas de D. Dinis, B 521b, V 124)

Cantigas de escárnio

De tendência irônica, elas envolvem palavras de duplo sentido e trocadilhos. Por serem críticas indiretas, elas agem de maneira insinuada, encoberta.

Ai dona fea, fostes-vos queixar
que vos nunca louv’en[o] meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei todavia;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!

Dona fea, se Deus mi perdom,
pois havedes [a]tam gram coraçom
que vos eu loe, em esta razom
vos quero já loar todavia;
e vedes qual será a loaçom:
dona fea, velha e sandia!

Dona fea, nunca vos eu loei
em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei
em que vos loarei todavia;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!

(João Garcia de Gilhade, Cancioneiro da Biblioteca Nacional, B 1485 V 1097)

Cantigas de maldizer

Elas apontam de maneira direta o alvo de suas críticas. De forma ofensiva, as cantigas de maldizer utilizam uma linguagem grosseira, além de se referir nominalmente à pessoa criticada.

Da mulher vossa, ó meu Pero Rodrigues
Jamais creiais no mal que falam dela.
Pois bem sei eu que ela por vós mui zela,
Quem não vos quer vos traz somente intrigas!
Pois quando deitou ela em minha cama,
A mim mui bem de ti ela falava,
Se a mim deu o corpo, é a vós quem ela ama.

(Martim Soares, versão de Rodrigues Lapa, em Crestomatia arcaica)

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