Universidade reduz notas de mulheres em vestibular para Medicina no Japão
Investigações dão conta de que prática persistiu por quase dez anos e se justificava pelo argumento de que as candidatas poderiam deixar a carreira após ter filhos.
Quando já pensamos ter visto de tudo sobre a desigualdade de gêneros na academia, a humanidade nos mostra que ainda há muito pelo que lutar. No Japão, uma universidade reduziu, por cerca de dez anos, as notas obtidas por mulheres nos vestibulares para Medicina sob o pretexto de que poderiam deixar a carreira precocemente ao ter filhos.
A prática foi ministrada pela Universidade de Medicina de Tóquio e foi denunciada por uma comissão de investigação na primeira semana de agosto. Sob as persistentes negativas por parte da instituição, as autoridades frisam que os atos consistem em um sério ato de discriminação.
O caso veio à tona quando foi instaurada uma investigação interna após denúncias de corrupção na prova. A partir do exame de um candidato que, por acaso, é filho de um funcionário do Ministério da Educação, concluiu-se que sua nota e de outros candidatos foi aumentada deliberadamente.
Em alguns casos, a diferença entre a nota real e a apresentada chegou a 49 pontos. O grupo de investigação apontou que a manipulação tinha o objetivo de reduzir o número de mulheres aceitas sob a justificativa de que, ao terem filhos, poderiam deixar a carreira mais cedo que os homens.
A análise de todos os resultados mostrou que as notas masculinas, mesmo aqueles reprovados em até dois exames, foram melhoradas enquanto mulheres e homens reprovados por três vezes não o foram. Segundo os advogados, ainda não há o quantitativo exato de mulheres afetadas.
E quanto à Universidade de Tóquio? Perante todas as denúncias, as autoridades acadêmicas da instituição apresentaram desculpas e promessas de possíveis indenizações. No entanto, não confirmaram se estavam a par das manipulações de notas durante os anos em que elas ocorreram.
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