Cangaço
O cangaço foi caracterizado por grupos formados por sertanejos que usavam roupas de couro, andavam armados e praticavam crimes e atos de violência.
Esses grupos eram formados por sertanejos – chamados de cangaceiros – sempre em deslocamento, sustentavam uma vida seminômade e viviam em bando.
Vestidos com roupas de couro, armados com punhais, armas de fogo e peixeiras (facas), carregavam consigo tudo o que precisavam e atuavam no sertão nordestino realizando roubos, sequestrando figuras importantes e saqueando fazendas.
Alguns pesquisadores afirmam que o cangaço se manifestou como uma forma de protesto diante das injustiças sociais que ocorriam no sertão brasileiro por meio da concentração de terras – as melhores – nas mãos dos indivíduos mais ricos. Destinando, assim, as terras improdutivas ao restante da população ou as empregando em suas propriedades.
História do Cangaço: resumo
Entre o final do século XIX e início do século XX, até a década de 1930, mais precisamente, havia na região nordeste do Brasil, bandos de homens armados, conhecidos como cangaceiros. Eles agiam desafiando o poder dos coronéis, atuando à margem da lei.
Inicialmente, eram sustentados por chefes políticos locais em troca de proteção armada ou de ajuda na resolução de conflitos entre famílias rivais.
Com o passar do tempo, eles começaram a agir por conta própria, assaltando e saqueando fazendas, armazéns e comboios. Além disso, tinham uma luta constante com a política.
A literatura e a memória popular construíram uma imagem romantizada em torno da figura do cangaceiro. Uma mistura de bandido e justiceiro social que enfrentava o poder dos coronéis e a extrema pobreza da vida no sertão, roubando dos ricos e dando aos pobres.
Entretanto, para alguns pesquisadores, eles não passavam de criminosos que agiam de acordo com seus interesses. Agindo, até mesmo, em alguns casos, de forma violenta e desumana.
Os principais líderes do cangaço foram Antônio Silvino (1875-1944), Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião (1900-1938) e Corisco (1907-1940).
Lampião cobrava dos fazendeiros e comerciantes, uma espécie de “imposto”. Quando o objetivo era se vingar, espancavam, torturavam e degolavam tanto os ricos quanto os pobres.
Em 1938, Lampião e grande parte de seu bando são delatados por um comerciante. São mortos e decapitados.
Corisco sucede Lampião na chefia do bando, mas também é morto, em 1940. Sua morte representou o fim do cangaço.
Lampião e Maria Bonita
Nascido em Pernambuco, Lampião ficou conhecido como o “rei do cangaço”, por ter sido o mais notável cangaceiro da história do país.
Em 1919, seu pai é morto em um confronto com a polícia. Virgulino jura vingança e junto com os seus irmãos passa a integrar o bando do cangaceiro Sinhô Pereira.
Em 1922, se torna o líder do bando e realiza o maior assalto da história do cangaço até então. Lampião comandava vários subgrupos paralelos, designando outras cangaceiros à frente.
Em 1929, ele conhece Maria Gomes de Oliveira, conhecida como Maria Déa e após sua morte, Maria Bonita.
Ela nasceu e cresceu na Bahia. Quando começou a namorar Lampião, em 1929, era casada e dona de casa.
Em 1930, ela decide se juntar ao bando, tornando-se a primeira primeira mulher a participar de um bando de cangaceiros.
Foi uma das poucas que entrou no cangaço por vontade própria pois muitas mulheres foram raptadas. Viveram juntos por oito anos. Os dois tiveram uma filha reconhecidamente, Expedita Ferreira Nunes.
Em 1938, ela acaba sendo morta junto com Lampião e outros integrantes do grupo em um ataque das forças de segurança no acampamento em que se escondiam.
Ambos foram decapitados. Suas cabeças foram estudadas por alguns anos a fim buscar um motivo científico que justificasse seus atos. Não encontraram nada além da normalidade.
Tiveram seus restos mortais expostos no Museu Antropológico Estácio de Lima em Salvador por mais de três décadas.
Até que em 1969, as cabeças de Lampião e Maria Bonita e dos demais integrantes do bando foram sepultadas por meio do projeto de lei n° 2.867 de 25 de maio de 1965.
Principais cangaceiros
Os principais cangaceiros foram:
- Virgulino Ferreira da Silva (Lampião);
- Maria Gomes de Oliveira (Maria Bonita);
- Antônio Silvino ou Manoel Baptista de Morais (Batistinha ou Nezinho);
- Cristiano Gomes da Silva Cleto (Corisco).
Cangaço na literatura
Existem diversos livros que falam sobre o cangaço no Brasil. Alguns deles são:
- Apagando o Lampião ‒ Vida e Morte do Rei do Cangaço – Frederico Pernambucano de Mello
- Maria Bonita ‒ Sexo, Violência e Mulheres no Cangaço – Adriana Negreiros
- Cangaços – Graciliano Ramos
- Lampião: As mulheres e o cangaço – Antônio Amaury Correa de Araújo
- Lampião e o cangaço – Luiz Wanderley Torres
- O Cangaço – Antônio Carlos Oliveira
- O Cangaço no cinema brasileiro – Marcelo Dídimo
- Na trilha do cangaço: O sertão que Lampião pisou – Márcio Vasconcelos
- Dadá: Bordando o cangaço – Lia Zatz
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