Classificação do Relevo Brasileiro

A Classificação do Relevo Brasileiro para melhor compreender a estrutura física do nosso país, foram elaborados diferentes modelos de classificação.

O território brasileiro, com uma área de aproximadamente 8.516.000 km², é considerado um país com dimensões continentais. Por esse motivo, ele apresenta uma grande diversidade no que se refere à fisionomia de suas paisagens e às características de suas formas de relevo, o que tornou o seu detalhamento uma tarefa bastante difícil. Assim, para melhor compreender a estrutura física do nosso país, foram elaborados diferentes modelos de classificação do relevo Brasileiro.

Em termos gerais de caracterização, o espaço físico do Brasil é conhecido por ter uma formação geologicamente antiga, o que significa que ele esteve, ao longo das eras geológicas, mais tempo exposto à ação dos agentes externos ou exógenos de transformação do relevo, como as chuvas, os ventos e demais fatores. Por isso, as formas superficiais foram bastante desgastadas ao longo do tempo, o que explica, por exemplo, a ausência de grandes cadeias montanhosas no país.

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A primeira classificação do relevo brasileiro – incluindo o seu mapeamento e total caracterização – só ocorreu na década de 1940, quando foi possível, então, ter uma noção inicial das composição geomorfológica do território nacional. Essa classificação foi realizada pelo Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), liderada pelo professor e pesquisador Aroldo de Azevedo.

Na classificação do relevo brasileiro, segundo Aroldo de Azevedo, o Brasil ficou dividido em 59% de planaltos, conceituados como terrenos acidentados com mais de 200 metros, e 41% de planícies, consideradas como áreas planas com altitudes inferiores. As áreas mais altas, acima de 1200 metros, perfizeram um valor muito pequeno, de aproximadamente 0,58%. Assim, o Brasil foi dividido em oito unidades de relevo: o planalto das Guianas, a planície Amazônia, o planalto Central, a planície do Pantanal, o planalto Atlântico, a planície costeira, o planalto Meridional e a planície de Pampa. Confira o mapa abaixo:

Classificação de Aroldo de Azevedo
Classificação de Aroldo de Azevedo

No ano de 1958, no entanto, uma nova classificação do relevo brasileiro foi realizada, essa também executada pelo Departamento de Geografia da USP, sob a liderança de Aziz Ab’Saber. Esse geógrafo adotou outras conceituações e passou a considerar como planalto toda e qualquer área em que o processo de erosão (perda de sedimentos) é superior ao de sedimentação (acúmulo de sedimentos. Nas planícies, de maneira inversa, é a sedimentação quem supera a erosão. Portanto, o critério da altitude não estava mais inserido na classificação do relevo brasileiro, mas sim os tipos de processos geomorfológicos predominantes.

Por conta dessa mudança nos conceitos de planície e planalto, a classificação do relevo brasileiro foi modificada. Os planaltos, então, passaram a compor cerca de 75% do território brasileiro enquanto que as planícies ficaram com 25%, perfazendo um total de dez unidades de relevo: o planalto das Guianas, a Planície e Terras Baixas Amazônicas, o planalto Central, o planalto do Maranhão-Piauí, o planalto Nordestino, a planície do Pantanal, as serras e planaltos do Leste e Sudeste, as planícies de terras baixas costeiras, o planalto Meridional e o planalto Uruguaio Sul-Rio-Grandense.

Observe o mapa a seguir:

Classificação de Aziz Absaber
Classificação de Aziz Absaber

Mas, novamente, uma nova classificação foi realizada com base na modificação dos critérios para a definição dos tipos de relevo. Dessa vez, os estudos foram realizados pelo geógrafo Jurandyr Ross no ano de 1989, que utilizou como ponto de partida a própria classificação de Aziz Ab’Saber. Assim, com base nos conhecimentos previamente estabelecidos e nas imagens obtidas pelo projeto Radam Brasil, entre 1970 e 1985, Ross realizou um minucioso mapeamento que resultou em uma classificação mais completa e complexa.

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Uma novidade na classificação do relevo brasileiro de Jurandyr Ross foi a introdução de mais um tipo de unidade de relevo: as depressões. Nessa definição, era considerada depressão qualquer área de relevo aplainada que estivesse rebaixada em relação ao seu entorno, caracterizando as “depressões relativas”, haja vista que no Brasil não existem “depressões absolutas”, aquelas que se encontram abaixo do nível do mar.

A classificação de Ross foi tão mais detalhada, por conta dos resultados do projeto Radam Brasil, que nela o território brasileiro ficou dividido em 28 unidades de relevo, sendo 11 planaltos, 11 depressões e 6 áreas de planícies. Conforme podemos verificar no mapa abaixo, o espaço geomorfológico brasileiro ficou marcado pela presença de grandes depressões, como a da Amazônia Oriental, e alguns grandes planaltos, como as Chapadas da Bacia do Parnaíba e da Bacia do Paraná. Dentre as planícies, o destaque vai para a do Rio Amazonas e os tabuleiros litorâneos.

Classificação de Jurandyr Ross
Classificação de Jurandyr Ross

Essas sucessivas caracterizações e detalhamentos de território brasileiro foram muito importantes não apenas para o conhecimento sobre as paisagens naturais do nosso país, mas também para auxiliar o planejamento público de ocupação do espaço geográfico. Além disso, uma maior e melhor noção da disposição de tipos minerais e das diferentes estruturas puderam ser analisadas, o que favoreceu a atividade econômica da mineração.

Por Rodolfo F. Alves Pena
Mestre em Geografia

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5 Comentários
  1. Batman o preparado Diz

    ??

  2. Eustaquio Fernandes Diz

    Acho essa classificação do relevo complicada e um desserviço ao ensino da geografia física nas escolas. Ninguém estuda mais o grande relevo brasileiro nas escolas de ensino básico. Não há como, com tantas unidades. Não é porque essa classificação é mais nova e nem porque conta com a chancela de muitos acadêmicos, que é melhor. As classificações anteriores eram mais simples e compreensíveis. A presença de tantas depressões é para muitos misteriosa e polêmica. Quando viajamos, lemos jornais e revistas simplesmente não há citação popular de depressões… Elas fogem à percepção que as pessoas têm do espaço. Olhando sites que ensinam a fazer maquetes conclui o que disse acima. Não há como fazê-las com base nessa classificação. Mas dá perfeitamente para fazê-las considerando diretamente os níveis de altitude. Vejam o caso da depressão 21, cercadas por planaltos. Que contribuição ela dá para compreender o relevo dos estados que atravessa? Nenhuma. Rios a atravessam de leste para oeste, saindo de planalto, entrando nela e saindo de novo para planalto. Não dá para pensar nessas unidades pelas altitudes. O rio teria que descer e subir… Claro que ela é útil no curso superior. Se entende perfeitamente que bacias de sedimentação foram erguidas e suas bordas erodidas criando as depressões entre planaltos, sem que isso implicasse em orientação da hidrografia. Não gosto da classificação para ensinar nosso relevo para alunos mais novos que simplesmente se aborrecem com tantas unidades e não compreendem como uma depressão fica entre áreas mais altas sem dar origem a lagos… Utilizo classificações mais simples e trabalho mais com formas de relevo mais próximos da realidade dos alunos: colinas, vertente, vales, serras, etc,

  3. VITOR ANDRADE Diz

    Conteúdo completo <3 muito bom!!
    Parabéns…

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