Dois indícios iniciais do Alzheimer descobertos por novos estudos
Pesquisas estão descobrindo sinais precoces de Alzheimer até 3,8 anos antes do diagnóstico oficial.
Os avanços científicos na compreensão do Alzheimer, uma das doenças neurodegenerativas mais desafiadoras, têm aberto portas para diagnósticos precoces e tratamentos mais eficazes.
Recentemente, pesquisadores identificaram sinais precursores da doença que podem ser detectados através de exames oculares, um outro estudo percebeu a correlação entre a doença e a atrofia cortical posterior (ACP), marcando um grande passo na luta contra o Alzheimer.
Alzheimer: além da perda de memória
Um estudo liderado por cientistas da Universidade da Califórnia San Francisco, publicado na The Lancet Neurology, incluiu dados de mais de mil pacientes de 16 países diferentes e destacou a ACP como um sinal precoce de Alzheimer. Surpreendentemente, cerca de 94% dos pacientes com ACP tinham patologia de Alzheimer, uma descoberta que supera o percentual daqueles identificados apenas pela perda de memória, comumente associada à doença.
Diferentemente dos sintomas tradicionais de perda de memória, os pacientes com ACP enfrentam dificuldades em avaliar distâncias, distinguir entre objetos em movimento e parados, e realizar tarefas que requerem coordenação visual-motora, apesar de terem um exame oftalmológico normal. Essa constatação ressalta a complexidade do Alzheimer e a necessidade de ampliar nosso entendimento e métodos de diagnóstico.
Ademais, a pesquisa aponta que a maioria dos pacientes com ACP mantém a cognição normal no início dos sintomas, que podem surgir em média 3,8 anos antes do diagnóstico de demência leve ou moderada. Isso sugere um período crítico para intervenção antes do avanço significativo da doença. A identificação precoce da ACP, com sintomas visuais surgindo em torno dos 59 anos – antes do aparecimento dos sintomas típicos do Alzheimer –, pode ser decisiva para o tratamento e manejo da doença.
Outro estudo também revela a importância dos olhos como indicadores da saúde cognitiva. Alterações na retina correlacionam-se com mudanças em partes do cérebro responsáveis pela memória, navegação e percepção do tempo, destacando o potencial diagnóstico dos exames oftalmológicos. Os pesquisadores encontraram aumentos significativos no beta-amilóide e redução nas células microgliais em pessoas com declínio cognitivo precoce, fornecendo um mapa para diagnósticos mais precisos e precoces.
Essas descobertas abrem novas frentes para o diagnóstico e tratamento do Alzheimer, sugerindo que um exame oftalmológico detalhado, por exemplo, pode revelar os primeiros sinais da doença. Além disso, reforçam a necessidade de conscientização sobre sintomas visuais atípicos e a importância de abordagens interdisciplinares na avaliação e tratamento de pacientes com risco de Alzheimer.
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