Lendas e mitologia indianas – deuses e histórias

Um dos países mais fascinantes do mundo detém, também, misteriosa mitologia e lendas super interessantes que despertam admiração e curiosidade.

A Índia é, sem dúvida, um dos países que mais despertam fascínio, admiração e curiosidade no mundo. Sua cultura exótica e filosofia de vida atraem, anualmente, milhares de turistas e pessoas em busca de reencontro e purificação espiritual.

De todos os seus aspectos, aqueles que mais chamam a atenção são sua mitologia e lendas. Os vários deuses e a adoração que os indianos os prestam, assim como as explicações para os acontecimentos da vida são alvo de muita leitura e pesquisa.

Confira, com a gente, quais são os principais deuses da mitologia indiana e as lendas mais famosas originadas no país.

Mitologia Indiana

A religião predominante na Índia é o hinduísmo, caracterizado pelo pluralismo de cultos, seitas e deuses. Sua base é formada por quatro livros sagrados, os Vedas. Seu conjunto mitológico reúne deuses e deusas que orientam diversos aspectos da vida do povo indiano.

A trindade dos deuses hindus, chamada de Trimurti, é formada por Brahma, Shiva e Vishnu. Cada um simboliza uma característica vital e, além deles, outras divindades são cultuadas, como Shiva, Ganesha, Saraswati, Lakshmi, Hanuman, Durga e Rama.

Brahma

Considerado como o Deus da Criação, Brahma representa a força da criação do universo, o equilíbrio e a mente. Como carrega características humanas, a exemplo da mente e do intelecto, é mais reverenciado no mundo porém, o menos popular na própria Índia.

Krishna

Um dos principais nomes dados a Deus, Krishna é considerado como o Deus do Amor e seu nome significa “o todo atraente”. As escrituras hindus dão conta de seis opulências de Krishna – riqueza, força, sabedoria, beleza, renúncia e fama.

Vishnu

A terceira divindade da Trimurti tem seis qualidades principais, sendo elas a omnisciência, soberania, energia, força, vigor e esplendor. Vishnu possui, ainda, quatro mãos que indicam as seguintes direções – renunciação, retiro na floresta, vida familiar e busca do conhecimento.

Outro simbolismo das mãos são as atividades primordiais de uma entidade na existência mundana – deveres e virtudes (dharma), bens materiais e sucesso (artha), prazer (kama) e libertação (moksha).

Shiva Nataraja

Nataraja, o “Rei da Dança”, representa Shiva como o dançarino cósmico que se apresenta para destruir o que for necessário no universo para que Brahma o reconstrua.

Ganesha

Deus do sucesso e removedor de obstáculos, é bastante popular na cultura hinduísta e influencia grandes massas de adoradores. É conhecido como o deus da educação, sabedoria, conhecimento e riqueza.

Saraswati

Deusa das artes, música e sabedoria, é esposa de Brahma e, também, faz parte da Trimurti das deusas do hinduísmo – Saraswati, Shakti e Lakshmi. Protetora dos artesãos, músicos, atores, professores, estudantes e artistas em geral.

Lakshmi

Deusa da prosperidade, representa a beleza, amor, riqueza material e espiritual. Uma das deusas mãe, é tida como a energia feminina do Ser Supremo.

Hanuman

Representa a devoção pura, ausência do ego, natureza neandertal e a mente humana.

Durga

Deusa criada para combater os demônios e seu nome significa “barreira que não pode ser derrubada”. Protege seus devotos dos mistérios e demônios do mundo.

Rama

Avatar de Vishnu e marido de Sita, simboliza o sacrifício, o modelo de fraternidade e guerreiro incomparável.

Lendas Indianas

Existem diversas lendas provenientes da Índia que buscam explicar a origem dos deuses e acontecimentos da vida. Tais histórias são frutos de uma cultura rica e miscigenada que conta com a existência de grupos étnicos variados. Conheça algumas destas lendas.

Garuda

O Garuda é um ser mitológico presente nas lendas hindus. Basicamente, é uma águia de fogo e é conhecido como um pássaro solar. Conta a lenda que, num certo dia, a mãe de Garuda fez uma aposta com a mãe dos Nagas, as serpentes da lua. Um cavalo lendário estava prestes a surgir do mar e elas apostaram qual era a cor desse cavalo.

Quem perdesse a aposta se tornaria prisioneira da vencedora. Por fim, o resultado foi que a mãe da criatura perdeu a aposta e, como haviam combinado, se tornou prisioneira da mãe dos Nagas. Quando soube do ocorrido, Garuda se apressou em ir até os Nagas e lhes perguntou o que poderia fazer para que sua mãe fosse liberta.

Os Nagas pensaram por um tempo e decidiram qual seria o preço da liberdade de sua mãe: Garuda deveria roubar a água da imortalidade dos deuses e entregar aos Nagas. O desejo de ter a mãe livre foi uma forte motivação e ele não pensou duas vezes. Voou até a montanha onde a água da imortalidade dos deuses estava sendo mantida.

Mas, não seria uma tarefa fácil, já que o lugar estava guardado por um exército de deuses e dois dragões. Garuda lutou contra todos e saiu vencedor da batalha. Conseguindo a água, voltou apressado até os Nagas para lhes entregar o líquido da imortalidade. Como prometeram, libertaram a mãe de Garuda em troca da água.

Mãe e filho partiram dali felizes por estarem novamente juntos. Quanto aos Nagas, porém, as coisas não correram muito bem. Antes que pudessem ter a chance de beber da água da imortalidade, os deuses chegaram e a tiraram deles. Foi aí que surgiu a eterna rixa entre Garuda e os Nagas.

Ganesha

Certa vez, a Deusa Parwati ficou muito tempo sem a companhia do Deus Shiva. Seu esposo costumava perder a noção do tempo quando saía para meditar. Para se distrair, Parwati foi banhar-se no rio, misturando o sândalo com a areia, modelando um bebê e dando-lhe vida. Nascia Ganesha.

Seu filho cresceu e aprendeu tudo que podia sobre as artes da guerra e da meditação. Quando já era moço, Parwati pediu que Ganesha vigiasse a porta da casa onde moravam enquanto ela cuidava de outras coisas. Enquanto isso, Shiva sai de seu estado meditativo e volta pra casa, encontrando Ganesha guardando a porta.

Como eles não se conheciam, impediu o pai de entrar em casa. Abrindo seu terceiro olho, Shiva atacou o próprio filho e arrancando-lhe a cabeça. Parwati ficou furiosa e quando deuses ficam furiosos, coisas terríveis como terremotos, tempestades e tsunamis acontecem.

Para acalmar a esposa, Shiva saiu em busca de um animal que estivesse dormindo para o lado errado (na Índia, deve-se dormir com a cabeça virada para o Norte), até que encontrou um elefante. Arrancou-lhe a cabeça e conectou-a em Ganesha, ressuscitando o filho. Parwati exigiu, também, que ele fosse adorado antes dos outros deuses nas celebrações.

O viajante do infinito

A lenda conta a história de um viajante que, sem saber entra por engano no paraíso. Cansado, senta-se sob uma árvore dos desejos. Sem ter conhecimento de que árvore era aquela e vencido pelo cansaço da longa viagem, acaba pegando no sono. Quando acordou, sentiu uma enorme fome e disse:

– Estou com tanta fome! Desejaria ter um pouco de comida agora…

De repente, surge uma deliciosa comida flutuando no ar. Ele estava tão faminto que nem parou para se perguntar de onde havia vindo aquela comida. Logo após saciar sua fome, o viajante olhou ao redor e outro pensamento lhe veio a mente:

– Se ao menos eu tivesse algo para beber.
E logo apareceram os melhores sucos e néctares. O homem bebeu e logo pensou no que estava acontecendo. Um pensamento lhe veio à mente

– O que está acontecendo? Será que são espíritos que estão me cercando e fazendo truques comigo?

Logo, os espíritos apareceram. Assustado, o homem disse:

– Agora eu irei morrer!

E, assim, foi feito! A história mostra que nossa mente é a árvore dos desejos e, mais cedo ou mais tarde, o que pensamos há de se realizar.

A busca da divindade perdida

Conta uma antiga lenda indiana que, há muitos anos, todos os seres humanos eram dotados de poderes divinos. Mas, eles fizeram mau uso de seus poderes e Brahma, o deus maior, decidiu retirar os poderes e escondê-los. Mas, ele não tinha certeza de onde esconder e convocou os outros deuses para ajudarem a decidir.

“Esconda em um buraco bem fundo”, os deuses disseram. Brahma respondeu:

– Não, em um buraco, não. Logo, o ser humano irá aprender a cavar e encontrará.

Os deuses sugeriram, “vamos afundá-los no oceano mais profundo.” Brahma respondeu:

– Não. O ser humano aprenderá a mergulhar e encontrará.

“Vamos esconder no topo da montanha mais alta”, disseram os deuses. E, mais uma vez Brahma respondeu:

– Não, isso não faremos pois, eles irão escalar todas as montanhas e, mais uma vez, encontrarão os poderes da sua divindade.

Frustrados os deuses disseram, “ão sabemos onde escondê-los porque parece que não há lugar na Terra ou no mar que os humanos não possam finalmente alcançar. Brahma pensou por um tempo e chegou a uma conclusão:

– Nós esconderemos os poderes de sua divindade no centro de seu próprio ser, pois os humanos nunca pensarão em procurá-los lá.

Todos os deuses concordaram e assim foi feito. E, desde então, o ser humano tem ido para cima e para baixo na Terra, cavando, mergulhando, escalando, explorando e procurando por alguma coisa que já está dentro dele mesmo.

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