Liberalismo – O que é, social, econômico, político, neoliberalismo
Sustentado nos ideais de liberdade econômica e igualdade de direitos sociais e políticos, o liberalismo nasceu como uma oposição ao absolutismo.
A nomenclatura liberalismo já induz a um pensamento, o de liberdade. Portanto, o liberalismo nada mais é do que uma vertente política, econômica e social sustentada nos ideais de liberdade individual e de mercado.
Nela, todas as pessoas devem ter direitos iguais e visando sempre a garantia da livre concorrência de mercado.
Possuindo como características principais as ideias liberais e a tolerância, o seu intuito era garantir o respeito à liberdade cívica, econômica, assim como a consciência dos cidadãos.
Portanto, no ponto de vista dos liberais, todos os seres humanos tinham direitos inatos.
No contexto de sua filosofia, a sociedade e o governo objetivam proteger e promover a liberdade individual; incentivar a pluralidade e a diversidade; e trabalhar para uma sociedade igual e justa na distribuição de oportunidades e recursos.
Qual é a origem do Liberalismo?
O liberalismo abarcou um grupo de pensadores da Europa, nos séculos XVII e XVIII.
A doutrina estava, de forma intrínseca, conectada ao iluminismo e às revoluções burguesas, ocorridas a partir do século XVII, com a intenção de se opor as diferentes formas de Estado absoluto.
No entanto, por estar ligada às lutas da burguesia na Inglaterra, foi associado a essa classe social.
Contudo, na sua origem, os termos liberais defendiam não apenas as liberdades individuais, ele se estendia a dos povos.
Não a toa, a atuação colaborou até mesmo com os movimentos de libertação nacional ocorridos durante o século XIX, seja na Europa ou nos territórios ultramarinos, especialmente na América Latina.
Liberalismo Econômico
O liberalismo econômico, como o próprio nome diz, é articulado na ideia de liberdade para a economia, sem interferências do Estado.
A sua reflexão está presente nas nações capitalistas, representando a vertente oposta a ideologia socialista ou comunista.
Esse tipo de liberalismo levantava a bandeira do livre uso da propriedade, defendendo a liberdade da ação produtiva, apresentando-se como o contrário do socialismo e do absolutismo.
O indivíduo e as empresas podiam escolher o que fabricar, comercializar e consumir, assim como os trabalhadores para quem desejavam trabalhar.
Desse modo, a livre concorrência ganhava fôlego e era vista como um benefício a população vigente. Contudo, isso se seguisse os padrões éticos e morais previstos na legislação.
Origem do liberalismo econômico
Após o fim do mercantilismo, cujo final do século XVIII já se apresentava em declive em grande parte dos países desenvolvidos, o liberalismo foi visto como um caminho.
Os dois principais teóricos a discorrer sobre a corrente foram François Quesnay (1694 – 1774) e Vincent de Gournay (1712 – 1759).
Entretanto, cabe ao economista britânico Adam Smith (1723 – 1790), tido como o pai do liberalismo econômico, a elaboração dos tópicos elencados como atributos da livre economia.
Segundo Smith, não era papel do Estado influenciar na economia, pois ela deveria ser guiada pelo mercado.
Inclusive, é por meio desta ideia que nasce a expressão que sintetiza o conceito predeterminado pelo liberalismo econômico:
Ainda, segundo o economista britânico, era função do Estado apenas assegurar a lei e a ordem, a defesa nacional e oferecer alguns bens públicos aos cidadãos.
Com a crise de 1929, o liberalismo econômico entrou em crise, porém muito de seus conceitos retornaram anos depois com o neoliberalismo.
Características do liberalismo econômico
O liberalismo econômico possui muitas características, porém entre essas algumas se destacam. Veja quais são:
- O individualismo, representado na liberdade da ação individual se faz presente;
- Possui livre mercado e livre câmbio;
- É típico das sociedades capitalistas;
- Se sustenta na lei da oferta a da procura, se arquitetando na livre concorrência;
- Atua na defesa da propriedade privada;
- A participação do Estado nas questões econômicas é praticamente nula;
- Há a valorização da mão de obra do trabalhador.
Liberalismo Social
No liberalismo social, acredita-se que a liberdade individual prevê a justiça social, para só assim o liberalismo ser pleno.
Em outras palavras, tem-se a liberdade individual como foco central. Contudo, sublinha-se que a ausência das oportunidades econômicas, de educação, saúde e outros direitos básicos causam os mesmos malefícios do que um Estado opressor.
Assim sendo, os liberais sociais são tidos como destacáveis defensores dos direitos humanos e das liberdades civis.
Atrelado a isso, há a busca de que o Estado regule e garanta que todos tenham acesso, invariável às suas condições econômicas, a serviços públicos que lhe garantam os direitos sociais básicos.
De modo geral, as políticas liberais sociais passaram a se desenvolver no capitalismo, pós Segunda Guerra Mundial.
Na maioria dos países, os partidos liberais sociais são de centro, ou centro esquerda. E no cenário norte-americano, a nomenclatura descreve atitudes progressistas, o oposto do conservadorismo social.
Liberalismo Político
Do mesmo modo dos liberalismos econômico e social, o liberalismo político se sustenta em uma articulação que destaca o seu olhar para a liberdade do cidadão.
As suas correntes liberais tiveram início com o representante do iluminismo, o filósofo inglês John Locke (1632-1704), na obra Segundo Tratado do Governo Civil.
John Locke sugeria o novo governo no lugar do absolutismo (Estado absoluto) e do socialismo (Estado máximo socialista). Nele, os poderes estatais deveriam ser regulados mediante a submissão de leis, delimitadas em algum documento oficial, como é o caso da Constituição do país.
No entanto, as correntes liberais que o defendem se diversificam conforme cada precursor. Dentre os nomes mais notórios, além de John Locke, estão Rousseau, Montesquieu e Adam Smith.
Principais ideais políticos
- Garantia da liberdade de imprensa, de associação, de reunião, de religião;
- Salvaguarda das liberdades e direitos individuais – individualismo metodológico;
- Igualdade perante a lei;
- A efetivação do Estado mínimo.
Neoliberalismo
Na segunda metade do século XX, mais precisamente a partir da década de 1980, o liberalismo econômico passou a influenciar o surgimento da teoria do neoliberalismo, cuja defesa se arquitetava na redução drástica do Estado em favor do livre mercado.
Entretanto, o termo já havia sido cunhado em outro momento, em 1938, pelo sociólogo e economista alemão Alexander Rüstow.
A sua instalação se dava em um momento de grande crescimento da concorrência comercial, principalmente diante da supremacia do capitalismo diante do sistema socialista.
Com o crescimento comercial elevado e objetivando lidar com a concorrência, algumas ações foram desenvolvidas no Reino Unido e nos Estados Unidos. Entre elas estão, a redução nos investimentos sociais (educação, saúde, previdência social etc.) e a privatização de estatais. Em outros termos, uma releitura clássica do Liberalismo.
Todavia, foi o Consenso de Washington, em 1989, que propiciou destaque ao Neoliberalismo.
No encontro, a líder do Reino Unido, Margareth Thatcher, e o presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan, fizeram a proposição das medidas do Neoliberalismo a todos os países, sublinhando o fato de que os investimentos com as áreas sociais deveriam ser de responsabilidade das empresas.
Em síntese, o seu objetivo foi alcançado. Porém, muitas nações não tinham condições de arcar com algumas coisas, o que acabou, consequentemente, gerando muitos empréstimos ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Desse modo, os países desenvolvidos acabavam se privilegiando em detrimento dos demais.
No cenário brasileiro, o neoliberalismo teve adoção explícita nos dois mandatos do presidente Fernando Henrique Cardoso.
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