Navio com um milhão de barris de petróleo começa a ser descarregado e preocupa ambientalistas

Trata-se do superpetroleiro FSO Safer, que está ancorado a oito quilômetros da costa do Iêmen há 30 anos e começou a ser descarregado por uma missão liderada pelas Nações Unidas.

Ancorado a oito quilômetros da costa do Iêmen por mais de 30 anos, um superpetroleiro decadente com um milhão de barris de petróleo está sendo finalmente descarregado por uma missão liderada pelas Nações Unidas (ONU).

A embarcação de 47 anos, chamada de FSO Safer, representa uma ameaça ambiental, e os especialistas trabalham para remover o petróleo bruto sem causar um desastre ecológico.

A operação está estimada em US$ 141 milhões (cerca de R$ 660 milhões) e conta com a experiência da SMIT, a empreiteira que desalojou o navio Ever Given no Canal de Suez em 2021.

Como o petróleo é removido?

Vinte e três estados-membros da ONU e contribuintes do setor privado financiam a missão. A equipe está bombeando entre 4 mil e 5 mil barris de petróleo por hora e já transferiu mais de 120 mil barris para a embarcação de substituição.

A transferência completa deve levar 19 dias. O petróleo a bordo vale cerca de US$ 80 milhões (cerca de R$ 377 milhões), e a questão de quem fica com ele continua sendo controversa.

O petroleiro reteve quatro vezes a quantidade de óleo derramado em 1989, e um possível vazamento seria catastrófico.

É necessário ainda um valor extra de US$ 22 milhões (cerca de R$ 103 milhões) com urgência para finalizar o trabalho.

Quais os riscos da embarcação?

O FSO Safer está abandonado no Mar Vermelho desde 2015, e a ONU alerta que a idade e a condição da embarcação representam riscos.

O Mar Vermelho é uma hidrovia estratégica para o comércio global, e um vazamento fecharia os portos iemenitas, impactando 17 milhões de pessoas em meio à crise humanitária causada pela guerra civil e ataques militares sauditas ao país.

A operação de descarregamento é complexa e arriscada. A primeira etapa foi estabilizar o navio para evitar o colapso. Barreiras flutuantes foram usadas para conter possíveis vazamentos.

(Imagem: Divulgação)

A segunda etapa é transferir o óleo para a embarcação de substituição. Embora a transferência evite um derramamento catastrófico, o navio-tanque ainda oferece uma ameaça devido ao resíduo pegajoso de óleo dentro do tanque.

Um possível derramamento prejudicaria também os estoques de peixes por 25 anos, afetando até 200 mil empregos.

Ramificações catastróficas à saúde pública incluiriam perigos elevados de hospitalização por doenças cardiovasculares ou respiratórias, além de problemas psiquiátricos e neurológicos em possíveis pessoas afetadas.

Qual a origem do petróleo?

A questão dos petroleiros é uma disputa entre os rebeldes Houthi e o governo reconhecido internacionalmente no conflito civil do Iêmen.

O petróleo pertence à empresa estatal iemenita SEPOC, mas a situação é complexa devido à localização do Safer em uma área controlada pelos Houthis. As discussões para determinar a propriedade do petróleo estão em andamento.

Enquanto a ONU resolve metade da questão com a descarga, ainda é preciso entender a situação do petróleo. Mantê-lo perto de uma zona de conflito representa grande perigo.

A remoção desse produto é uma esperança para o Iêmen, pois muitos veem o navio-tanque como uma ameaça. Espera-se que a operação ganhe tempo para discussões políticas e jurídicas antes de se iniciar o processo de decisão sobre o que fazer com o petróleo.

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