Pressão social no Japão: nomes incomuns complicam a vida das crianças
Pressão para a conformidade enfrentada por crianças com nomes não convencionais resulta em mudanças na legislação do país.
No Japão, o ato de nomear uma criança é muito mais do que um rótulo; é uma projeção das aspirações dos pais para o futuro de seus filhos.
Contudo, essa prática, que busca destacar as crianças em uma sociedade de forte conformismo, tem sido alvo de controvérsias e desafios sociais, revelando um dilema entre a busca por singularidade e a pressão por se encaixar.
Mudanças nas legislações do país
Yuni Matsumoto, de 24 anos, vivenciou de perto as dificuldades de ter um nome não convencional. Seu nome, que significa “brilhante” ou “reluzente”, tornou-se motivo de zombaria na escola, resultando em bullying severo e levando-o a abandonar os estudos. Recentemente, ele decidiu mudar seu nome para Yuuki, aliviando o peso que carregava há anos. “Senti como se finalmente tivesse sido libertado”, compartilhou.
Esta tendência de escolher nomes não convencionais está sendo cada vez mais adotada pelos pais japoneses, mas está enfrentando uma forte intervenção governamental. Alterações na legislação, que entrarão em vigor nos próximos dois anos, visam restringir a prática de dar nomes extremamente não convencionais às crianças, buscando garantir que todos os nomes sejam legíveis e compreensíveis pela sociedade japonesa.
Imagem: Gurutto Fukushima/reprodução
O sistema de escrita japonês, baseado nos caracteres kanji, é crucial na formação desses nomes. Cada caractere tem significados associados ao que os pais aspiram para seus filhos, mas também pode ter múltiplas pronúncias, o que permite a criação de pronúncias únicas e não convencionais.
Embora alguns com nomes incomuns os apreciem, um número crescente de casos de pessoas insatisfeitas com esses nomes tem recebido atenção da mídia. Segundo a NHK, aproximadamente 4.000 pessoas alteram seus nomes anualmente, não por casamento, mas por questões relacionadas aos nomes dados na infância.
A iminente mudança na Lei do Registro Familiar, que restringe a escolha de kanjis em nomes a aqueles “geralmente reconhecíveis pela sociedade”, visa aliviar os desafios sociais enfrentados por crianças com nomes não convencionais. Essa iniciativa representa um debate delicado entre tradição, singularidade e a pressão por se adequar às normas sociais no Japão.
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