Bioma Mata Atlântica – Animais, mapa, clima, fauna e flora
Um dos principais biomas brasileiros, a Mata Atlântica se estende até o território argentino e, apesar de sua importância, sofre com os efeitos do desmatamento.
O Brasil, em toda sua extensão territorial, é agraciado por diferentes biomas que guardam preciosa riqueza em termos de biodiversidade. Podemos classificá-los em seis principais, sendo eles a Floresta Amazônica, Pampas, Caatinga, Cerrado, Pantanal e Mata Atlântica. Todos são de suma importância para a manutenção do equilíbrio ambiental e preservação.
Aqui, vamos nos concentrar no último bioma citado, a Mata Atlântica. Com extensão que abrange boa parte do território brasileiro e chega aos limites argentinos, a floresta é considerada como um dos sistemas de maior biodiversidade do mundo. Apesar disso, é vítima da exploração indiscriminada de seus recursos desde a chegada dos europeus.
Conheça mais sobre a Mata Atlântica, suas principais características e problemas enfrentados.
Bioma Mata Atlântica
A Mata Atlântica é um importante bioma brasileiro que ocupa cerca de 15% de nosso território sendo, então, a segunda maior floresta em extensão do país. Sua área compreende as costas leste, sul e sudeste, além de parte do Paraguai e Argentina. Para termos uma ideia, dos 26 estados, 17 fazem parte da Mata Atlântica, sendo eles:
- Santa Catarina
- Rio de Janeiro
- Espírito Santo
- São Paulo
- Rio Grande do Sul
- Rio Grande do Norte
- Sergipe
- Piauí
- Pernambuco
- Paraná
- Paraíba
- Minas Gerais
- Mato Grosso do Sul
- Goiás
- Ceará
- Bahia
- Alagoas
De fato, é considerado como um biomas dos mais ricos do planeta devido a sua biodiversidade. A grandiosidade da Mata Atlântica a tornou inspiração para o renascimento do mito que buscava um paraíso terrestre retratado em obras de grandes pintores, como Tommaso Campanella e Bacon.
Características da Mata Atlântica
A Mata Atlântica é composta por formações florestais nativas e ecossistemas associados. Nisso, incluem árvores de médio e grande porte constituindo, assim, uma floresta densa e fechada. Seu estrato superior é composto por árvores mais altas, como ipês, leguminosas e manacá da serra.
Já o estrato arbustivo é formado por espécies arbóreas sombreadas pelas árvores mais altas. Por sua vez, o estrato herbáceo é constituído por plantas de pequeno porte como ervas e gramíneas. Finalmente, os estratos médio e superior da floresta agregam lianas e epífitas. Ademais, a Mata Atlântica comporta flora e fauna endêmicos, ou seja, que pertencem, apenas, ao seu ambiente.
A importância da Mata Atlântica está, também, no fornecimento de serviços essenciais para seus habitantes. Suas florestas e demais ecossistemas são responsáveis pela produção, regulação e abastecimento de água; equilíbrio climático; proteção de encostas e atenuação de desastres; fertilidade e proteção do solo; produção de alimentos, madeira, fibras, óleos e remédios; paisagens cênicas e preservar um rico patrimônio histórico e cultural.
A área original da Mata Atlântica era de 1.315.460 km². Atualmente, restam apenas 102.012 km², o equivalente a 7,91% do que era antes.
Vegetação da Mata Atlântica
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) definiu, em 1992, por cinco tipos de florestas na Mata Atlântica. São elas:
- Floresta Estacional Semidecidual
- Floresta Estacional Decidual
- Floresta Ombrófila Mista
- Floresta Ombrófila Aberta
- Floresta Ombrófila Densa
A área de proteção do Conama contempla a mata primária e, também, os estágios sucessionais de áreas degradadas que estão em recuperação. A mata secundária, então, é protegida em todos os seus estágios de regeneração.
Porém, sua extensão cobre boa parte do litoral e, também, interior do Brasil. Isso faz com que seus domínios incluam diferentes ecossistemas devido às variações climáticas e de relevo:
- Campos de altitude
- Restingas
- Mangues
- Brejos interioranos
Dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA) dão conta de 20.000 espécies vegetais existentes na Mata Atlântica o que corresponde a 35% das variedades existentes no país. Nesse cenário, são encontrados:
- figueiras
- bromélias
- ananás
- begônias
- andira
- orquídeas
- tapiriria
- ipê
- cedro
- palmeiras
- imbaúba
- quaresmeira
- jequitibá-rosa
- pau-brasil
- jambo
- cipós
- jacarandá
- peroba
- briófitas
Um dos fatores que contribuem para que a Mata Atlântica seja um dos biomas de maior diversidade do mundo é a concentração de árvores por hectares. Estudos apontam que o índice supera o encontrado na Amazônia Peruana.
Animais da Mata Atlântica
Um dos biomas de maior biodiversidade do mundo só poderia, também, abrigar fauna igualmente rica. E, nisso, a Mata Atlântica não decepciona com suas 350 espécies de peixes, 270 de mamíferos, 200 de répteis, 370 de anfíbios e 849 de aves. Inclusive, vários deles são, exclusivos desse ambiente, como 40% dos mamíferos.
Apenas para citar alguns deles, temos como animais da Mata Atlântica:
Répteis
- Teiú (Tupinambis merianae)
- Caninana (Spilotes pullatemus)
- Falsa-coral (Apostolepis assimilis)
- Jacaré-do-papo-amarelo (Caiman latirostris)
- Serpente-olho-de-gato-anelada (Leptodeira annulata)
- Jiboia-constritora (Boa constrictor)
- Cobra coral-verdadeira (Micrurus corallinus)
- Jararaca (Bothrops jararaca)
- Cágado amarelo (Acanthochelys radiolata)
- Cágado-pescoço-de-cobra (Hydromedusa tectifera)
Anfíbios
- Rã-escavadeira (Leptodactylus plaumanny)
- Sapo-cururu (Rhinella ictérica)
- Rã-goteira (Leptodactylus notoaktites)
- Sapo-martelo (Hypsiboas faber)
- Rã-de-cachoeira (Cycloramphus duseni)
- Perereca-verde (Phyllomedusa nordestina
- Rã-de-vidro (Hyalinobatrachium uranoscopum)
- Filomedusa (Phyllomedusa distincta)
- Perereca-de-bromélia (Scinax perpusillus)
- Pererequinha-da-restinga (Dendrophryniscus berthalutzae)
Mamíferos
- Rato-do-mato (Wilfredomys oenax)
- Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia)
- Ouriço-preto (Chaetomys subspinosus)
- Mico-leão-de-cara-preta (Leontopithecus caissara)
- Sagui-da-serra (Callithrixflaviceps)
- Onça-pintada (Panthera onca)
- Gato-maracajá (Leopardus wiedii)
- Irara (Eira barbara)
- Tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla)
- Tatu-peludo (Euphractus villosus)
- Muriqui-do-norte (Brachyteles hypoxanthus)
- Bugio
- Jaguatirica
- Cachorro-do-mato
- Gato-do-mato
- Lontra
- Veado-campeiro
- Tatu-canastra
- Capivara
- Bicho-preguiça
- Macaco-prego
Aves
- Gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus)
- Araçari-banana (Pteroglossus bailloni)
- Pica-pau-da-cabeça-amarela (Celeus flavescens)
- Saíra-lagarta (Tangara desmaresti)
- Tangará (Chiroxiphia caudata)
- Jandaia-de-testa-vermelha (Aratinga auricapillus)
- Araçari-poca (Selenidera maculirostris)
Clima da Mata Atlântica
Mesmo perante sua extensão por todo o Brasil, o clima predominante na Mata Atlântica é o tropical úmido em razão das massas de úmidas oriundas do Oceano Atlântico. Porém, ocorrem os microclimas devido às árvores de grande porte que a compõem. Esse tipo de vegetação faz surgir sombra e umidade.
Na região Nordeste, é detectado o clima tropical litorâneo úmido mas, a Mata Atlântica compreende, ainda, os climas subtropical úmido na região sul e tropical de altitude no sudeste. Ao longo do ano, as temperaturas médias e umidade do ar são elevadas com chuvas regulares bem distribuídas.
População da Mata Atlântica
Se a Mata Atlântica representa 15% de nosso território, há que se esperar que um largo contingente populacional a habite. E assim o é. Cerca de 70% da população brasileira vive no bioma o que corresponde a mais de 120 milhões de habitantes. E a diversidade desse bioma não está, apenas, nas suas matas mas, também, na cultura que abriga.
Sob o seu domínio, encontram-se povos tradicionais e rica diversidade cultural. Entre as comunidades que vivem por ali, estão caiçaras, quilombolas, indígenas e ribeirinhas. A relação delas com a natureza é simbiótica a partir do momento em que entendem o uso sustentável de seus recursos como indispensável para a sobrevivência.
SOS Mata Atlântica
A Mata Atlântica, assim como outros biomas brasileiros, sofre com a ação predatória indiscriminada do homem. Desde a chegada dos portugueses ao Brasil, em 1500, sofre com a degradação de suas florestas em razão do desmatamento e das queimadas. A destruição chegou ao ponto de deixar apenas 7% da mata original.
De início, o pau-brasil foi o alvo de extração e exportação pelos exploradores europeus. Depois, outras madeiras de valor foram exploradas até à beira da extinção, como sucupira, canela, jacarandá e vinhático. Mais tarde, seguiram como motivos para o desmatamento a cultura da cana-de-açúcar e café.
Atualmente, 200 espécies vegetais brasileiras são ameaçadas de extinção e, desse total, 117 pertencem à Mata Atlântica. Entre os motivos pelos quais percebe-se a degradação desse bioma, estão:
- extração do pau-brasil
- produção cafeeira
- crescente urbanização e industrialização
- ocupação urbana
Como se não bastasse a destruição florestal, o comércio e exportação indiscriminados de couro e pele de onça provocou a extinção desta espécie, além de outros animais que despertaram o interesse econômico de caçadores. O resultado disso foi a inclusão de vários exemplares da fauna local entre os animais ameaçados de extinção.
No intuito de frear essa destruição, foram tomadas ações de proteção e conservação. A preservação dos remanescentes de Mata Atlântica e a recuperação da sua vegetação nativa são o foco da criação de áreas protegidas, como Unidades de Conservação (SNUC – Lei nº 9.985/2000) e Terras Indígenas (Estatuto do Índio – Lei nº 6001/1973).
Além disso, foram estabelecidas Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal (Código Florestal – Lei nº 12.651/2012). A Mata Atlântica é protegida, ainda, pela Lei nº 11.428/2006, conhecida como Lei da Mata Atlântica, regulamentada pelo Decreto nº 6.660/2008. Em tempo, no dia 27 de maio é comemorado o Dia Nacional da Mata Atlântica.
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