Fim do tráfico de africanos escravizados
O processo de finalização do tráfico de africanos para trabalho escravo ocorreu no século XIX, momento em que várias nações europeias aboliram a escravidão nas suas colônias, motivadas por questões econômicas e religiosas.
O tráfico negreiro foi o envio forçado de africanos para serem escravizados nas colônias pertencentes aos países europeus.
Essa atividade se tornou uma das principais atividades comerciais desses países. Iniciando-se no século XVI e foi praticada por mais de 300 anos.
O fim do tráfico de africanos escravizados ocorreu por motivações econômicas e religiosas.
Resumo
Os pensamentos que impulsionaram o trabalho escravo foram sendo questionados a medida em que o iluminismo e o liberalismo passaram a vigorar, a partir do século XVIII.
Os negros passaram a ser vistos como seres passíveis de serem civilizados. Contudo, esse processo de civilização se daria em seu próprio continente.
Motivações religiosas
As igrejas anglicana e protestante foram muito importantes no processo do fim do tráfico de africanos.
Os movimentos abolicionistas europeus ganharam força ao tomarem conhecimento da forma desumana como os cativos eram tratados.
Com o passar do tempo e a compreensão do que ocorria, o comércio de pessoas passou a ser chamado de comércio de almas, comércio infame e tráfico.
As camadas populares começaram a aderir ao movimento de combate à escravidão, assim como a elite.
Com isso, a sociedade e as igrejas se unem em prol do fim da escravidão, organizando abaixo-assinados e eventos a favor da causa.
Motivações econômicas
As grandes potências europeias, principalmente a Inglaterra, viam na África uma inesgotável fonte de riqueza devido aos seus recursos naturais.
Contudo, como o tráfico negreiro era o comércio de pessoas, a manutenção dessa forma econômica passou a ser inviável, pois o foco passou a ser a exploração das matérias-primas do continente.
Os comerciantes de africanos escravizados geralmente eram os chefes locais.
Essa forma de negócio se dava basicamente na costa da África, com a finalidade de transportar os cativos para o outro lado do oceano.
Dessa forma, os governantes locais limitavam a entrada de pessoas estrangeiras para o interior do continente.
Concentrar os negros da África em solo africano seria mais vantajoso, de acordo com os ingleses, para a exploração do território. Eles seriam a mão de obra mais indicada para atuar nas minas e na agricultura.
Além disso, no continente, haviam produtos naturais importantes para as indústrias europeias que estavam nascendo, como a borracha.
Utilizar a mão de obra escrava para a exploração do território africano, assim como estimular o mercado consumidor, proibindo o tráfico negreiro e consequentemente a escravidão – visando estimular o assalariamento – contribuiria para o desenvolvimento industrial inglês.
Combate ao comércio
A abolição da escravidão ocorreu de maneiras distintas em cada um dos países que adotavam o escravismo.
Porém, por volta do século XIX, quase todos os países europeus colonizadores começaram a abolir o tráfico negreiro para as suas colônias. Essa prática foi adotada para que o número de pessoas escravizadas não aumentasse.
Essa seria a primeira etapa por parte dos colonizadores para a eliminação do trabalho escravo.
Leis começaram a ser criadas com o intuito de abolir a escravidão de forma lenta e gradual.
No Brasil, algumas das leis abolicionistas foram:
- Lei Eusébio de Queirós (1850): Proibia o tráfico de africanos escravizados;
- Lei do Ventre Livre (1871): Determinava que os filhos de pessoas escravizadas nascidos a partir de 1871 eram considerados livres. Contudo, o dono dessas pessoas tinha a liberdade de escolher em qual momento abriria mão do cativo, se aos 8 anos (com direito a indenização) ou aos 21 anos (sem direito a indenização);
- Lei dos Sexagenários (1885): Concedia a liberdade aos cativos com mais de 60 anos de idade. Porém, eles deviam trabalhar por mais 3 anos como forma de indenização ao seu senhor;
- Lei Áurea (1888): Decretou a abolição definitiva e imediata da escravidão no Brasil.
A criação dessas leis, com exceção da Lei Áurea, foi uma forma de evitar revoltas sociais e retardar ao máximo a transição do trabalho escravo para o trabalho livre.
No fim do século XVIII, as colônias começaram a ter revoltas internas em prol da libertação dos cativos. A mais expressiva delas foi a do Haiti, que conquistou a sua independência por meio das revoltas dos escravizados. Foi a única colônia que teve sua independência realizada totalmente por eles.
Em 1807, a Inglaterra proíbe o tráfico de africanos escravizados em suas colônias e começa a pressionar os outros países europeus a fazerem o mesmo.
O Brasil foi o último país do continente americano a abolir a escravidão, que só veio a acontecer em 1888, através da Lei Áurea, criada a partir da pressão popular.
Consequências
Na África, a escravidão deixou duras marcas que ainda influenciam a realidade do continente.
Cerca de 12 milhões de africanos foram arrancados de suas terras para serem escravizados nas colônias.
A invasão dos países europeus no território africano e a partilha da África intensificou as guerras étnicas e, por consequência, a desagregação social.
Nos países que receberam mão de obra escrava, os negros ainda sofrem racismo e ocupam a base da hierarquia social, sendo mais propensos a viver na pobreza, por não terem acesso a melhores condições de vida e a um ensino de qualidade.
Veja alguns traços da cultura africana que foram assimilados ou influenciam a sociedade brasileira:
- Religião: o candomblé, umbanda, santeria, entre outras;
- Culinária: o dendê, leite de côco, inhame, mugunzá, acarajé, assim como o uso constante do feijão, quiabo e novas formas de preparar determinadas carnes;
- Expressões culturais: o samba, afoxé, congada, maracatu, capoeira, etc.
- Linguagem: caçula, moleque, cochilar, quitanda, bunda, bagunça etc.
Leia mais:
- A escravidão no Brasil
- Abolicionismo
- Economia da África
- Poemas para refletir sobre racismo
- Filmes para refletir sobre escravidão
- Brasil Colônia – Resumo, revoltas, atividades econômicas e escravidão
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