Mercado financeiro analisa a situação para o segundo turno das eleições
Analistas do mercado enxergam o candidato Jair Bolsonaro com mais força nessa disputa acirrada no segundo turno.
No dia 02 de outubro aconteceram as eleições para a presidência do Brasil, e como já é de conhecimento geral, o segundo turno está a caminho. No próximo dia 30, os brasileiros vão retornar às urnas para, enfim, decidir de vez quem será o próximo presidente do país. Analistas do mercado enxergam o candidato Jair Bolsonaro com mais força nessa disputa acirrada no segundo turno.
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Mercado analisa ganho de força de Bolsonaro para segundo turno
Os resultados do primeiro turno das eleições animaram o mercado financeiro brasileiro, segundo as observações feitas pelos analistas da Bolsa de Valores. Na última segunda-feira, 3, a Ibovespa subiu para 5,2% a 115.769 pontos, enquanto o dólar caiu 4,3% com cotação fechando em R$ 5,16.
Pelo olhar dos analistas do mercado financeiro, o candidato e atual presidente Bolsonaro sai vencedor. Não só pelos resultados na disputa ao cargo, mas também pelo resultado de seus apoiadores nos governos dos estados.
“Um ponto positivo para Bolsonaro é que o governo atual conseguiu eleger vários senadores e liderou em vários estados nos cargos de governador. Isso ainda deixa a direita com bastante força no Congresso. Se Lula ganhar, terá uma oposição ferrenha. Se Bolsonaro ganhar, tende a conseguir governar com menos dificuldade” relata Pedro Medina, sócio-fundador da Quantzed.
Segundo João Beck, economista da BRA, o fato da maioria da bancada no Congresso Nacional ser do partido do atual presidente vai garantir a regra do teto de gastos, como também vai evitar uma fuga dos investidores.
“Quanto à bancada para senadores e deputados eleitos, o mercado fica animado com certa garantia que nenhuma PEC para acabar com o Teto de Gastos passa no Congresso”, sugere.
Lula contra Bolsonaro
Acredita-se, segundo os economistas, que o segundo turno vai balancear os debates econômicos, e contudo, forçar um aceno mais ao centro de Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
“O mercado vê o resultado como positivo, tanto por manter Bolsonaro no páreo quanto pela disputa mais apertada que, em tese, força Lula a acenar para o centro e conseguir mais apoio. O caminho para a vitória do Lula segue sendo mais fácil, mas há espaço para mudanças em mais um mês de campanha”, explica Beck.
Lula garantiu a maior porcentagem dos votos no primeiro turno, com 48,3% (57.258.115 votos), enquanto Bolsonaro alcançou 43,2% dos brasileiros (51.071.277 votos). O resultado final contraria as dezenas de pesquisas de opinião, que apresentavam o ex-presidente com uma possível vitória ainda no primeiro turno.
Como visto no primeiro turno, extremamente parelho e explicitamente polarizado entre os candidatos, espera-se que o segundo turno seja ainda mais acirrado. Ambos vão correr atrás de alianças com governadores, senadores e deputados. Além disso, provavelmente vão revisar seus planos de governo, a fim de receberem mais votos.
Novas estratégias de Lula para conquistar votos
No caso de Lula, o mercado imagina a nomeação de Henrique Meirelles, criador do teto de gastos, para o Ministério da Economia. O candidato também deve abrir seu programa de governo para outros partidos mais ao centro, como MDB, PSDB e Cidadania, onde existe uma expectativa de apoio ao ex-presidente no segundo turno.
“Temos que ficar de olho nos próximos passos de Lula. Não sendo eleito no primeiro turno, o ex-presidente precisa conquistar votos. E para isso, deverá revelar mais pontos do seu plano de governo, até então quase que secreto, e nomear um possível ministro da Economia mais aceito pelo mercado. Henrique Meirelles pode ser uma opção com bastantes chances”, ressalta Menin.
Contudo, em sua reta final de campanha, Lula deve reforçar os feitos de seus dois governos passados, e também focar em suas promessas de infraestrutura do país. Os pesquisadores do mercado financeiro acreditam que isso pode ser um fator que vai favorecer o petista na disputa.
“O mercado espera que Lula, caso eleito, realize as mesmas estratégias de seus dois mandatos, portanto um governo em que o estado é provedor do poder econômico e que distribua a população através dos auxílios como o antigo Bolsa Família. Também o ex-presidente sabidamente gosta de grandes obras, incentivos à linha branca, educação, podendo estes setores serem beneficiados”, afirma Marcus Labarthe, sócio-fundador da GT Capital.
Mudança de foco do atual presidente
Do outro lado, Jair Bolsonaro vai se voltar para o público que não acredita em suas promessas e ideias: a classe menos favorecida. O presidente e seu governo ajustaram o Auxílio Brasil para R$ 600,00.
O discurso de Jair deve girar em torno da criação do auxílio, exaltando acertos econômicos do governo, a fim de minimizar a gestão de Lula.
“Ficou evidente nos números e até no discurso do presidente Bolsonaro que a camada menos privilegiada da população teve em sua votação predominantemente a escolha do ex-presidente Lula. Bolsonaro deve agora demonstrar ações não somente através de números econômicos, mas de iniciativas populares que sejam do cotidiano destes brasileiros. Lula ainda é muito lembrado pelos auxílios. Isso fica na memória de muitos dos quais Bolsonaro precisa para reverter a vantagem”, afirma Labarthe.
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