Revoltas escravas
Para lutar contra a opressão e violência sofridas no regime escravista, houve diversas formas de revoltas escravas. Confira!
A escravidão é o regime de trabalho em que pessoas são forçadas a executar tarefas sem remuneração. Além disso, as pessoas escravizadas têm a liberdade impedida e são subjugadas com violência, uma vez que são consideradas propriedade.
Várias civilizações no mundo adotaram o regime escravista, porém, a escravidão africana e indígena foram as mais marcantes, uma vez que a dominação foi justificada por uma teoria racial de que não brancos seriam inferiores.
No Brasil, o período de escravidão iniciou com o trabalho forçado indígena e posteriormente milhares de africanos foram raptados de vários países da África.
Revoltas escravas no Brasil
Os povos originários foram escravizados para a extração de produtos com o pau-brasil. Porém, diversos fatores contribuíram para a substituição desses grupos, como doenças trazidas pelos europeus e a difícil dominação.
Além disso, como os indígenas estavam em suas terras, tinham mais facilidade em fugir e lutar contra os europeus.
Já os africanos escravizados foram retirados de suas terras e subjugados no Brasil. Ainda nos navios negreiros, a forma de transporte utilizada, os opressores mantinham pessoas conhecedoras dos idiomas africanos. Dessa forma, poderiam compreender quando uma revolta estava sendo planejada.
Assim, em terras brasileiras, o historiador João José Reis aponta que as revoltas escravas ocorriam para controlar o cotidiano dos escravos como um instrumento de barganha. Por meio das revoltas, os escravos buscavam diminuir a opressão, tirania e violência sofridas.
Contudo, também havia revoltas violentas, como ocorreu na Bahia em 1807. Na ocasião, os escravizados planejaram tomar a cidade de Salvador e a destruição das igrejas católicas.
A revolta foi organizada por escravizados da etnia haussás, que também visaram instaurar um líder muçulmano. Porém, a revolta foi rapidamente reprimida.
Também na Bahia, em 1814, houve uma revolta em que os escravos fugitivos foram até as fazendas unir os escravos subjugados. Após isso, passaram destruindo todo o caminho percorrido, incluindo a cidade de Itapuã. Também foram reprimidos e alguns participantes foram executados.
Outra revolta de escravos que ocorreu foi em Campinas, em 1832, quando planejaram matar os senhores de 15 grandes propriedades para conquistarem a sua liberdade. No entanto, os planos foram descobertos e duramente reprimidos.
Formas de resistência
Fuga
Além das revoltas, a luta dos escravos ocorreu de diversas outras formas. A fuga era uma estratégia tanto individual quanto coletiva, porém, a fuga individual era mais complicada por ser necessário sobreviver no mato.
Dessa forma, a fuga era uma prática comum principalmente nas décadas de 1870 e 1880, devido ao fortalecimento do movimento abolicionista. Os escravizados fugitivos procuravam se camuflar em cidades grandes como Salvador e encontrar empregos que aceitavam pessoas negras.
Além disso, os africanos escravizados e seus descendentes poderiam fugir para acionar autoridades. Nesses casos, procuravam interditar vendas de parentes, mediar conflitos e denunciar maus-tratos.
Quilombos e mocambos
Quilombos e mocambos também eram estratégias de resistência. As duas palavras têm origem em idiomas africanos. Enquanto quilombo significa “acampamento militarizado”, mocambo significa “esconderijo”.
De acordo com o historiador Flávio dos Santos Gomes, o primeiro quilombo registrado surgiu em 1575, na Bahia.
Os agrupamentos mantinham relações comerciais entre si e também com pessoas livres, cultivando a terra e praticando o extrativismo. Também, para garantir a sobrevivência, alguns quilombos realizavam assaltos em estradas ou contra engenhos.
O Quilombo dos Palmares foi o maior agrupamento, com 20 mil habitantes. Logo, esse quilombo se tornou um símbolo de resistência, uma vez que conseguiu lutar contra vários ataques até 1864, quando foi duramente atacado.
Outros quilombos notórios foram Quilombo do Jabaquara, Quilombo Buraco do Tatu e Quilombo do Leblon.
Suicídio e aborto
Também, além da fuga e organização, pessoas escravizadas praticavam suicídios e abortos para evitar mais violência e anos de escravidão, tanto para si quanto para seus descendentes.
Desobediência
A desobediência generalizada ocorreu constantemente ao longo dos anos de escravidão. Em alguns casos, os escravizados usavam da capoeira para evitar violência excessiva dos senhores de engenho.
Leia também:
- Brasil Colônia – Resumo, revoltas, atividades econômicas e escravidão
- As eras do trabalho escravo no Brasil – Dos engenhos às minas de ouro
- Filmes para refletir sobre a escravidão
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