Colonização espanhola da América
A colonização espanhola foi um processo violento de dominação das populações indígenas e exploração de parte do território do continente americano.
A colonização espanhola no continente americano ocorreu após um violento processo de dominação das populações indígenas por parte dos europeus que modificaram toda a estrutura econômica, religiosa e política do território.
Os espanhóis introduziram um complexo sistema administrativo na América, com uma nova organização econômica e social, além de um novo idioma e religião. Todas essas modificações vividas no continente ocorreram visando os interesses da Coroa Espanhola.
Características
As principais características do processo de colonização espanhola na América foram a divisão do território em quatro vice-reinados (Nova Granada, Nova Espanha, Rio de Prata e Peru) e em quatro capitanias gerais (Cuba, Venezuela, Chile e Guatemala).
Cada capitania possuía um corpo administrativo gerido por um vice-rei e um capitão-geral escolhidos pela Coroa. O principal órgão dedicado aos assuntos coloniais foi o Conselho Real e Supremo das Índias.
Os espanhóis possuíam um sistema de porto único para garantir o controle das embarcações. Eles se localizavam em Cartagena (Colômbia), Veracruz (México) e Porto Belo (Panamá). As embarcações que saíam dessa região só tinham autorização de desembarcar no porto de Cádiz, na Espanha.
Na sociedade colonial espanhola existiam os chapetones, que eram espanhóis que integravam a elite colonial, e os criollos, filhos de espanhóis nascidos na América (não possuíam expressão política).
Os indígenas, mestiços e escravos compunham a base da sociedade colonial espanhola.
Havia também as formas de trabalho compulsório impostas aos indígenas da região chamadas de mita e encomienda. Esta última consistia em uma “troca” em que os indígenas recebiam como pagamento sua catequização e alimentos.
Período histórico
A partir do século XV, a expansão do comércio europeu exigiu dos países do continente uma atenção maior à ampliação do fluxo comercial, visando um fortalecimento da economia das monarquias nacionais que estavam começando a se consolidar.
A Espanha foi o primeiro país a descobrir a existência de um novo continente a Oeste, então chamado de Novo Mundo. Tal território despertou a curiosidade, mas principalmente a cobiça dos países europeus.
Quando chegaram nas novas terras, encontraram civilizações inteiras com sistemas políticos e sociais organizados. Entretanto, a experiência da troca de culturas foi infinitamente menor do que as ambições econômicas.
A superioridade bélica dos europeus os colocou em uma posição favorável para cometer seu intento. Possuíam potentes armas de fogo, um objeto nunca visto até então pelos indígenas.
Além disso, o contato com o europeu permitiu que as populações nativas tivessem acesso a epidemias nunca antes acessadas por eles, o que causou milhares de mortes.
Dessa maneira, o confronto e as doenças foram meios importantes que contribuíram para a dominação espanhola. Outra estratégia utilizada pelos espanhóis foi o aprofundamento das rivalidades entre as tribos locais.
A partir do momento em que as tribos nativas se desgastavam em conflitos umas com as outras, a dominação hispânica ocorria mais facilmente.
A exploração de metais preciosos, assim como as atividades agroexportadoras conduziram a economia do continente colonizado. Somente com o Iluminismo e a Revolução Industrial começou-se a vislumbrar um fim para a exploração colonial.
A passagem dos séculos XVIII e XIX foi o cenário que marcou o fim das colonizações na América. Entretanto, isso não indicou o fim dos problemas sociais, políticos e econômicos do continente.
Economia das colônias espanholas
Os povos da América, antes da invasão europeia, já possuíam sua organização administrativa. Dessa maneira, os colonizadores, além de utilizarem suas próprias regras, como a encomienda, utilizavam as dos próprios povos colonizados, como a mita. Com isso, a economia das colônias espanholas se concentravam basicamente na encomienda e na mita.
Encomienda
A encomienda era uma instituição jurídica adotada nos reinos de Castela e adaptada às Índias (continente americano). Era hereditária, mas não perpétua.
O encomedero era um fidalgo espanhol que cobrava os impostos em forma de trabalho ou de bens materiais. O pagamento era dado em forma de evangelização, cuidado e defesa das populações indígenas.
Muitos encomenderos cometiam abusos, por isso suas ações, muitas vezes, eram protestadas junto ao rei. A população indígena era insatisfeita com esse modelo e se rebelava. Como exemplo podemos citar a revolta liderada pela indígena Bartolina Sisa (1750-1783), na região que corresponde a atual Bolívia.
Mita
A mita já era utilizada principalmente no Vice-Reino do Peru. Foi uma criação inca que garantia a mão de obra indígena.
A mita era uma prestação de trabalho em troca de catecismo. Além disso, a população indígena devia trabalhar na exploração das minas de prata. O trabalho nas minas era regulado e só deveria ocorrer por três semanas.
Entretanto, as condições de trabalho eram desumanas, o que provocava a morte de muitos indígenas.
Administração da América Espanhola
Como forma de controlar a administração da América Espanhola, foram criados os Vice-Reinos: Nova-Espanha, Peru, Nova-Granada e Prata.
Além deles, foram criadas as Capitanias Gerais (Cuba, Venezuela, Chile e Guatemala) como forma de organizar o território que era considerado extensão do reino espanhol no continente americano.
Vejamos as instituições que administravam a colônia, além das já citadas:
- Casa de contratação: Registrava a movimentação de pessoas e mercadorias nas Índias (América);
- Conselho das Índias: Auxiliava o rei nas tomadas de decisões;
- Real Audiência: Julgava os crimes cometidos pelos habitantes.
Cargos políticos nas colônias espanholas
Os cargos políticos nas colônias espanholas eram ocupados por funcionários escolhidos pelo rei. Eram eles:
- Vice-Rei: O cargo mais alto e por isso possuía a autoridade máxima;
- Capitão-Geral: Pessoa que comandava as capitanias gerais;
- Governadores: Auxiliavam seus superiores a administrar a gerir o território;
- Cabildo: Integrado pelos proprietários e homens de destaque.
Sociedade nas colônias hispânicas
A sociedade nas colônias hispânicas eram formadas da seguinte maneira:
- Chapetones: Espanhóis que ocupavam os cargos mais elevados da colônia;
- Criollos: Filhos de espanhóis nascidos na América;
- Negros escravizados: Os africanos escravizados eram utilizados principalmente como mão de obra nas plantações. A escravidão não foi homogênea em todos os domínios espanhóis, ela teve menos força em algumas regiões;
- Indígenas: Trabalharam especialmente nas minas de ouro, prata e mercúrio;
- Mestiços: Eram o resultado da mistura de um espanhol com um indígena. O status do mestiço dependia da tonalidade de sua pele e seus costumes.
Países colonizados pela Espanha
- Argentina
- Bolívia
- Chile
- Colômbia
- Costa Rica
- Cuba
- Equador
- Guatemala
- Honduras
- México
- Nicarágua
- Panamá
- Paraguai
- Peru
- República Dominicana
- Uruguai
- Venezuela
Os espanhóis povoaram algumas ilhas do Caribe e regiões dos Estados Unidos.
Saiba mais em:
- Independência da América Espanhola
- Colonialismo – O que é, fatores, origem e tipos
- Tratado de Tordesilhas
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