Grande Otelo

Conheça Grande Otelo, um dos maiores humoristas e atores brasileiros. Conhecido por seus personagens em Escolinha do Professor Raimundo e Macunaíma, atuou em mais de 90 filmes.

Sebastião Bernardes de Souza Prata, conhecido artisticamente como Grande Otelo, foi um ator, humorista, cantor, produtor e compositor brasileiro. Ele foi, sem dúvidas, um dos maiores atores e comediantes da história do cinema e da televisão no Brasil.

Em parceria com Oscarito, estrelou em grandes sucessos do cinema brasileiro, como: Noites Cariocas, Este Mundo é um Pandeiro, Três Vagabundos, A Dupla do Barulho e Matar ou Correr.

Biografia

Grande Otelo nasceu em Uberlândia, Minas Gerais, no dia 18 de outubro de 1915. De família pobre, teve a vida marcada por várias tragédias. Seu pai morreu esfaqueado, sua mãe era alcoólatra e, posteriormente, ainda teve que lidar com o suicídio da esposa.

Aos sete anos teve sua primeira experiência como ator em uma apresentação circense. Vestido de mulher, interpretou a esposa do palhaço e arrancou várias risadas da plateia, mostrando seu potencial como humorista.

Em sua infância, o ator fugiu de casa diversas vezes, passou por muitas famílias e chegou até a morar na rua. Ainda pequeno, conheceu uma companhia de teatro mambembe e fugiu com ela para São Paulo. Em seguida, fugiu novamente e foi parar no Juizado de Menores, até ser adotado pela família do político Antonio de Queiroz.

Estudou no Liceu Coração de Jesus até a terceira série. Abandonou a escola e, com 11 anos, ingressou na Companhia Negra de Revistas, que tinha Pixinguinha como maestro e Rosa Negra como cantora. Em 1932, entrou para a Companhia Jardel Jércolis, uma das pioneiras do teatro de revista.

Foi nesse período que ganhou o apelido de Grande Otelo. Em suas aulas de canto lírico, o maestro afirmava que quando Sebastião crescesse, poderia cantar a ópera Otelo, de Verdi. Por sua baixa estatura física, foi apelidado de Pequeno Otelo. Por sua grandeza artística, posteriormente ficou conhecido como Grande Otelo.

Participou da Rádio Nacional, da Rádio Tupi e atuou no Cassino da Urca em diversos espetáculos. Contracenou com Josephine Baker, atriz e dançarina norte-americana, em uma das apresentações mais importantes de sua carreira.

Grande Otelo
Elenco do ‘Cassino da Urca’. Na foto, Grande Otelo aparece ao lado de Emilinha Borba.

Fez inúmeras parcerias no cinema, especialmente com Oscarito e atuou como personagem título de Macunaíma. Na década de 50, atuou na Televisão Tupi do Rio de Janeiro e na TV Rio. Dez anos depois, começou a realizar diversos trabalhos na TV Globo.

Dentre os mais conhecidos trabalhos para a Rede Globo, está a Escolinha do Professor Raimundo. Seu último trabalho foi na telenovela Renascer, pouco antes de sua morte.

Grande Otelo morreu de infarto fulminante em Paris, no dia 26 de novembro de 1993, onde receberia uma homenagem no Festival dos Três Continentes.

Grande Otelo no cinema

O cinema surgiu na vida de Otelo em torno de seus 25 anos, onde estrelou filmes como Moleque Tião e Também Somos Irmãos, ao lado da grande amiga, Ruth de Souza.

Grande Otelo tinha a capacidade de interpretar tanto personagens sérios quanto engraçados. Além disso, também cantava e declarava poemas. Sua interpretação mais conhecida foi em Macunaíma, de 1969.

Macunaíma, adaptação da obra de Mário de Andrade, narra as mudanças de um anti-herói preguiçoso e sem caráter, que nasce negro, mas se transforma em branco para emigrar da selva para a cidade.

grande otelo
Grande Otelo caracterizado como personagem em Macunaíma.

Pela atuação impecável, Grande Otelo recebeu o Troféu Candango como Melhor Ator no Festival de Brasília, em 1969. Ainda por Macunaíma, recebeu também o prêmio Air France e a Coruja de Ouro pelo Instituto Nacional de Cinema.

Em seguida, fez parte do elenco de um filme não finalizado, It’s All True (“É Tudo Verdade”), de Orson Welles, conhecido mundialmente pelo filme Cidadão Kane. O filme inacabado acabou virando documentário e revelou Grande Otelo como um dos maiores atores do mundo.

Atuando em mais de 90 filmes, participou também de Fitzcarraldo, do cineasta alemão Verner Herzog, filmado na Floresta Amazônica. Além de Macunaíma, atuou em importantes filmes brasileiros, como:

  • Quilombo (1984)
  • Tudo é Brasil (1997)
  • O Homem do Pau Brasil (1981)
  • A Noiva da Cidade (1978)
  • Asa Branca (1980)
  • Aventuras D’um Detetive Português (1975)
  • A Estrela Sobre (1974)
  • O Negrinho do Pastoreio (1973)
  • Família do Braulho (1970)
  • Os Marginais (1968)
  • Os três Cangaceiros (1961)

Parceria com Oscarito

Uma das parcerias mais conhecidas de Grande Otelo foi com o também humorista Oscarito. A maioria dos filmes da dupla eram produzidos nas Chanchadas da Atlântida, companhia cinematográfica da época.

As chanchadas, gênero dos filmes da dupla, eram comédias musicais, misturadas com elementos de filmes policiais e de ficção científica. Caracterizam-se por tratar de problemas cotidianos por meio do humor e linguagem de fácil compreensão.

Os filmes mais conhecidos de Otelo e Oscarito são: Céu Azul (1941), Não Adianta Chorar (1945)Aviso aos Navegantes (1950), Barnabé, Tu És Meu (1951) e Matar ou Correr (1954).

Apesar de histórias de vida muito diferentes, a dupla apresentava alguns pontos em comum, como: o começo ainda criança no circo, o amadurecimento no teatro e a popularidade nos filmes da Atlântida.

A parceria esboçada em 1935 e iniciada de fato no final de 1949, teve seu grande momento na paródia de Romeu e Julieta, de Wiliam Shakespeare. De peruca loura e vestido da época, Otelo interpretou Julieta, e Oscarito, Romeu.

Grande Otelo e Oscarito
Grande Otelo e Oscarito nas Chanchadas da Atlântida.

Novelas de Grande Otelo

Além do cinema e do teatro, Grande Otelo também marcou presença na televisão brasileira, atuando em programas de linha de shows e telenovelas da TV Globo. Atuou nas seguintes novelas:

  • Uma rosa com amor (1972)
  • Bravo! (1975/76)
  • Maria, Maria (1978)
  • Feijão Maravilha (1979)
  • A Gata Comeu (1985)
  • Sinhá Moça (1986)
  • Mandala (1987)
  • Renascer (1993)

Citações de Grande Otelo

Todo ator é um sentimental. Do contrário não seria ator. A gente tem de ser um doido, um sentimental, um idealista. Se não for assim, não poderá ser um bom ator.

Dorme agora

Voar, voar, voar
Pra ninguém me alcançar
Amanhã você vai ficar nervosa
Impaciente, saudosa
Desta vida que você acha
Acha que é dolorosa
Eu sei disso melhor do que ninguém
Já passei por isso também

Mais do que perdida
Na encruzilhada da vida
É pessoa desistida
Que não encontra querida
Nas coisas, das coisas
Não vê mais encanto
Também não vê desencanto
Olha, toma o meu lenço
Levanta a cabeça enxuga teu pranto.

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