Poemas sobre a Consciência Negra

Os poemas sobre consciência negra, servem para como o próprio nome diz, conscientizar a população sobre a vida, cultura, o espaço que os negros possuem e o racismo que eles vivem diariamente. Confira alguns poemas na íntegra.

Por séculos negros foram escravizados e tiveram de viver sob constante privações que vão muito além da liberdade. Até que no dia 13 de maio de 1888, depois de um longo processo histórico, a princesa Isabel aboliu a escravidão no Brasil.

Apesar de não ter resolvido todos os problemas existentes, essa lei decretou que todos os escravos fossem libertados em todo o território brasileiro, e foi o primeiro grande passo importante na luta pela igualdade social.

As poesias encontradas a seguir são sobre negros, com o intuito de conscientizar a população sobre a vida, cultura e espaço que os negros possuem na sociedade, seja no Brasil, na África ou em qualquer lugar do mundo.

Confira 5 poemas sobre a Consciência Negra.

Negro Palmares – Ceiça Moraes

“Ter alma negra, ô meu irmão
É ter malícia, muito molejo
E a capoeira no coração.
Amor à arte
Arte é gingar
E o berimbau, saber tocar.
Fiz reverência ao mestre Nagô
Fiz reverência ao mestre Zumbi
Eu tenho o toque da capoeira
Gritando alto no coração.
Tombar aqui, tombar acolá
Levanta, negro! Não caia não!
Em Roda- Grande se batizar
São Bento Grande, te ajudar.
Capoeirista!
Não sabe não?
É ter o toque no coração.
Capoeiragem, não é vadiagem
É reviver sua negritude
Reviver “o Rei dos Palmares”
Ter “malandragem” sim! Pra se defender
Se for possível, não atacar
“Deixa pra lá”
Se não tem jeito…
Tem que atacar
Dá “uma benção” pra não esquecer
Que foi uma defesa de escravo humilhado
Quando feitor se dizia “endeusado”!
Reviver negros palmares
É reviver a Redenção
Saber “o Toque”… saber jogar
Treinar o “AÚ” pra se libertar
“Pulo-do-gato” … ou “bananeira”
“S Dobrado”… Meu Santo Amaro!
“Pulo Mortal”! Iê, não caia não!
“Ponte-pra-frente”… “Ponte-pra-trás”
“Ponte-voltando” Isso é demais!
Reviver a escravidão é reviver a redenção
Quem me ensinou foi o Mestre Zumbi
Eu tenho o toque no coração!
Eu tenho o toque no coração!”

Consciência Negra – Lucas Pereira

“Chega de racismo
De história mal contada
Chega de hipocrisia
De mentira esfarrapada
Esse preconceito infeliz
Que por aí diz
Que negro não vale nada.
O negro também precisa
Ser privilegiado
Chega de arrogância
Branco tenha cuidado
Com o preconceito em alta
Pois quem muito se exalta
É sempre humilhado.
Preto, branco e mulato
Vamos nos unir
O preconceito é horrível
E não é para existir
Já que todos somos irmãos
Essa grande nação
Espalhada por aí.

A consciência negra
Quer exatamente
Provar que somos iguais
E não diferentes
São lutas populares
Como as de Zumbi dos Palmares
Que morreu pela sua gente.

É preciso desde já
Com amor todo gentil
Acabar com o preconceito
E ver em nosso Brasil
O negro sorrindo tanto
Como a Daiane dos Santos,
Pelé e Gilberto Gil.”

Se tu tens consciência – Valter Alves da Silva

“Se tu tens consciência, respeite tua própria natureza.
Assuma tua beleza que muitos desejariam ter.
Se tu tens consciência, respeite o negro,
Afrodescendente e toda gente
Que vive acorrentado pelo preconceito da cor.
Mas se tu tens consciência,
Assuma sua identidade
E veja seu valor.
Já que negro quando pinta,
Tem três vezes trinta.
Assim dizia meu avô.
Viver muito pra ti é mais
Dádiva do nosso Criador.”

Eu, também – Langston Hughes

“Eu, também, canto a América
Eu sou o irmão mais preto.
Quando chegam as visitas,
Me mandam comer na cozinha.
Mas eu rio
E como bem,
E vou ficando mais forte.Amanhã,
Quando chegarem as visitas
Me sentarei à mesa.
Ninguém ousará,
então,
me dizer,
“Vá comer na cozinha”.Além do mais,
Eles verão quão bonito eu sou
E se envergonharão –Eu, também, sou a América.”

Me gritaram negra – Victoria Santa Cruz

“Tinha sete anos apenas,
apenas sete anos,
Que sete anos!
Não chegava nem a cinco!
De repente umas vozes na rua
me gritaram Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra! Negra! Negra! Negra!
“Por acaso sou negra?” – me disse
SIM!
“Que coisa é ser negra?”
Negra!
E eu não sabia a triste verdade que aquilo escondia.
Negra!
E me senti negra,
Negra!
Como eles diziam
Negra!
E retrocedi
Negra!
Como eles queriam
Negra!
E odiei meus cabelos e meus lábios grossos
e mirei apenada minha carne tostada
E retrocedi
Negra!
E retrocedi…
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
E passava o tempo,
e sempre amargurada
Continuava levando nas minhas costas
minha pesada carga
E como pesava!…
Alisei o cabelo,
Passei pó na cara,
e entre minhas entranhas sempre ressoava a mesma palavra
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra!
Até que um dia que retrocedia, retrocedia e que ia cair
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra! Negra!
Negra! Negra! Negra!
E daí? E daí?
Negra!
Sim
Negra!
Sou
Negra! Negra! Negra!
Negra sou
Negra!
Sim
Negra!
Sou
Negra! Negra! Negra!
Negra sou
De hoje em diante não quero alisar meu cabelo
Não quero
E vou rir daqueles, que por evitar – segundo eles –
que por evitar-nos algum dissabor
Chamam aos negros de gente de cor
E de que cor!
Negra!
E como soa lindo!
Negro!
E que ritmo tem!
Negro! Negro! Negro! Negro!
Negro! Negro! Negro! Negro!
Negro! Negro! Negro! Negro!
Negro! Negro! Negro!
Afinal
Afinal compreendi
Afinal
Já não retrocedo
Afinal
E avanço segura
Afinal
Avanço e espero
Afinal
E bendigo aos céus porque quis Deus
que negro azeviche fosse minha cor
E já compreendi
Afinal,
Já tenho a chave!
Negro! Negro! Negro! Negro!
Negro! Negro! Negro! Negro!
Negro! Negro! Negro! Negro!
Negro, Negro
Negra sou!”

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