Molière
Considerado o pai da comédia francesa, usou suas obras como ferramente de crítica aos costumes da época.
Molière foi um importante dramaturgo, ator e encenador francês. Considerado um dos mestres da comédia satírica, usou suas obras como ferramenta de crítica aos costumes da época.
Conhecido como pai da comédia francesa, abordou temas cotidianos com um olhar crítico e satírico. Criticou o pedantismo dos falsos sábios, a pretensão dos burgueses e a corrupção em todos os setores da sociedade. Apoiado por Luís XIV, admirador de suas sátiras, comédias e tragédias, tornou-se o provedor dos divertimentos do rei.
Molière – Biografia resumida
Jean-Baptiste Poquelin, conhecido pelo pseudônimo de Molière, nasceu em Paris, França, no dia 15 de janeiro de 1622. Filho do tapeceiro do rei, perdeu a mãe quando tinha apenas dez anos de idade. Estudou na prestigiada escola de jesuítas do Collège de Clermont, onde completou a sua formação acadêmica.
Quando atingiu a maioridade, seu pai lhe passou o título de Tapeceiro ordinário do rei e o cargo associado de criado de quarto, por onde teve desde cedo contato com o rei Luís XIV. Há teorias que Molière tenha se graduado em direito em Orleães, mas nada comprovado.
Na França, o teatro vivia seu período de apogeu, tendo Paris como centro das atividades teatrais. No entanto, os atores da época eram mal vistos pela opinião pública e excomungados pela igreja. Como grande admirador do teatro, o rei Luís XIV assinou uma lei proibindo a desqualificação da profissão de ator.
O rei financiava as companhias e o ministro Cardeal Richelieu inaugurava novos teatros como o Palais Cardinal e o Palais Royal. Molière se interessou pelo teatro desde muito novo e, em 1643, com a sua amante Madeleine Béjart, fundou a companhia de teatro L’Illustre Théâtre.
A companhia faz algumas atuações na cidade e, um ano depois, apresentam-se em Paris, no Jogo da Péla dos Métayers, mas logo entra em falência e Molière chega a ser preso por causa das dívidas.
Após ser libertado, parte em uma turnê pelas aldeias como comediante itinerante por cerca de 14 anos. Durante as viagens, conheceu o Príncipe de Conti, governador do Languedoc, que se tornou seu mecenas e deu o seu nome à sua futura companhia de teatro. Nessa altura foi escrevendo algumas pequenas peças que não se distinguem muito na sua obra.
Em 1658, no Museu do Louvre, Molière apresenta a tragédia Nicomède de Corneille e sua pequena farsa O Médico Apaixonado, chamando a atenção do público e atingindo certo sucesso. Apesar da sua preferência pelo gênero trágico, tornou-se famoso pelas suas farsas, geralmente de um só ato e apresentadas depois de uma tragédia. Em 1662, mudou-se para o Teatro Do Palácio Real Théâtre e casou-se com Armande.
Quatro anos depois, apresenta Misantropo, uma de suas obras mais refinadas e com um conteúdo moral mais elevado. No entanto, foi pouco apreciada em seu tempo, considerada um fracasso comercial. Logo adoece e tem uma queda brusca na produção de suas peças.
Um dos mais famosos momentos da biografia de Molière é sua morte, que se tornou referência no meio teatral. Isso porque o artista morreu no palco, representando o papel principal da sua última peça, vestido de amarelo, o que gerou a superstição de que esta cor é fatídica para atores.
Em 17 de janeiro de 1673, enquanto representava no palco o protagonista de sua última obra, O doente imaginário, Molière sofreu um repentino colapso e morreu poucas horas depois, em sua casa de Paris.
Críticas sociais
Considerado um dos mestres da comédia satírica, usou suas obras como ferramenta de crítica aos costumes da época, abordando temas cotidianos com um olhar crítico e satírico.
Criticou o pedantismo dos falsos sábios, a pretensão dos burgueses e a corrupção em todos os setores da sociedade. Apoiado por Luís XIV, admirador de suas sátiras, comédias e tragédias, tornou-se o provedor dos divertimentos do rei.
Além das críticas sociais, abordou também como temática os grandes defeitos e virtudes da alma humana. Sentimentos como inveja cobiça, orgulho, avareza e arrogância são objetos importantes para a composição de suas obras. Pela temática de suas obras, enfrentou uma luta constante contra as acusações de imoralidade e as proibições.
Em função do realismo e do tom cômico de suas obras, recebeu, durante grande parte de sua carreira artística, protestos, perseguições e até ameaças de morte. Esta oposição vinha, principalmente, dos setores mais conservadores da sociedade, como a burguesia, a Igreja e os políticos, incomodados com as temáticas das obras de Molière.
Mesmo depois de 400 anos, suas peças continuam atuais, relevantes e encenadas pelo mundo inteiro.
Comédias
Considerado o pai da Comédia Francesa, Molière chegou em um cenário onde a comédia era inspirada na italiana e na espanhola e se resumia a intrigas mirabolantes. Começou com o estilo da farsa, baseada em caricaturas, e foi oposição ferrenha a alcunha de farsista.
Em sua obra, destacou-se na comédia de costumes e teve seu triunfo com as comédias de caráter, em que o risível é a personalidade de uma determinada personagem, como o famoso Misantropo, ignorante em relação aos costumes sociais. Também criticou alguns comportamentos humanos, como a avareza, a inveja e a vida por aparências.
Era inovação em uma época em que a tragédia era considerada superior. A opção de Molière pela comédia lhe permitia contornar a temida lei da verossimilhança – exigida da tragédia, pregava que tudo o que fosse representado no palco fosse possível de acontecer na vida real.
Molière produziu ainda uma série de comédias e tragédias para o divertimento do rei, são elas: Psiché, O Burguês Fidalgo e As Amantes Magníficas e As Mulheres Sábias, retomando então o teatro de conteúdo social e fazendo grande sucesso.
Obras de Molière
- As preciosas ridículas (1659)
- A Escola de Mulheres (1662)
- Tartufo (1664)
- O Misantropo (1665)
- Médico a força (1666)
- O Avarento (1668)
- Anfitrião (1668)
- O burguês fidalgo (1670)
- Psiché, O Burguês Fidalgo (1670)
- As Amantes Magníficas e As Mulheres Sábias (1672)
- As sabichonas (1672)
- Os Importunos (1661)
- O Casamento Forçado (1664)
- O Improviso de Versalhes (1662)
- Os Magníficos Amantes (1663)
Frases de Molière
Para quem acha os chifres a suprema vergonha, não casar é a única forma de estar seguro.
Em qualquer negócio o dinheiro é a chave mestra.
Quem ri o que quer é rido o que não quer.
Um tolo que não diz palavra não se diferencia de um sábio que se cala.
Todos os vícios, quando estão na moda, passam por virtudes.
Antes viver dois dias na terra do que mil anos na história.
Na verdade, a grande ambição de todas as mulheres é a de inspirar amores.
Os animais não são tão animalescos como se pensa.
Leia também:
- 15 Frases de Voltaire
- Diderot
- Grande Otelo
- 15 Frases de William Shakespeare – O maior dramaturgo da história
- Ésquilo
Os comentários estão fechados, mas trackbacks E pingbacks estão abertos.