Diderot

Considerado um dos principais pensadores do Iluminismo, Denis Diderot foi um escritor, tradutor, enciclopedista e filósofo francês. Seu trabalho mais conhecido foi a organização e elaboração da Enciclopédia.

Considerado um dos grandes pensadores do Iluminismo, Diderot foi um escritor, tradutor, enciclopedista e filósofo francês. É conhecido por ter sido o cofundador, editor chefe e contribuidor da Enciclopédia.

Biografia

Denis Diderot nasceu em Langres, na França, no dia 5 de outubro de 1713. Filho de cuteleiro, recebe desde cedo uma sólida educação humanística, completada com seus estudos em colégios jesuítas.

O ensino jesuíta priorizava o ensino das línguas clássicas (grego e latim) e das orações católicas, em contraposição às influências humanistas e seculares predominantes da época.

Ótimo aluno, Diderot recebeu diversas menções honrosas e premiações. Aos 13 anos, recebeu do bispo Langres a tonsura, cerimônia religiosa onde se confere ao homenageado o primeiro grau de ordem no clero.

Aos dezesseis anos, Diderot vai morar em Paris, onde passa a frequentar o colégio de Harcourt (Liceu Saint-Louis) Quatro anos depois, recebeu o grau de mestre em Artes na Universidade de Paris, onde ampliou sua formação estudando Direito, Literatura, Filosofia e Matemática.

Nesse período, Diderot inicia sua carreira como tradutor. Em 1743, ele traduz a Grecian History, de Temple Stanyan. No entanto, a primeira peça relevante da sua carreira literária é Cartas sobre os cegos para uso por aqueles que veem, onde discorre sobre o ceticismo e o materialismo ateu. Essa obra culmina em sua prisão.

Diderot continuou fazendo pequenos trabalhos como tradutor e escrevendo alguns sermões encomendados. Passou a frequentar a vida social parisiense, convivendo com pensadores iluministas como Étienne Condillac e Jean Jacques Rosseau.

Destacou-se principalmente nos romances e escreveu vários artigos de crítica de arte. Considerado um dos primeiros autores que fizeram da literatura um ofício, nunca deixou a filosofia de lado. Foi considerado o percursor da filosofia anarquista.

Denis Diderot viveu seus últimos anos com o auxílio financeiramente da imperatriz Catarina da Rússia, admiradora de seu trabalho. Morreu no dia 31 de julho de 1784, em Paris. Atualmente, encontra-se sepultado no Panteão de Paris.

Enciclopédia

Enciclopedia Diderot
Enciclopédia, Diderot e D’alambert (1751–1772).

Em 1745, Diderot começou um projeto em parceria com o matemático Jean Le Rond d’Alembert: a tradução da Cyclopaedia, do inglês Ephraim Chambers.

Esse projeto inspirou a criação de uma enciclopédia geral, que apresentasse uma exposição dos conhecimentos humanos e incluísse os novos ideais que circulavam na época. Junto a D’alembert, Diderot organizou e idealizou a Enciclopédia.

Diderot dedicou 16 anos de sua vida a esse trabalho, redigindo parte do conteúdo, dirigindo e supervisionando os seus 130 colaboradores. A equipe era composta por importantes figuras do Iluminismo, como Montesquieu, Voltaire e Rosseau.

A construção da Enciclopédia passou por inúmeros transtornos e chegou a ser censurada pela Igreja Católica e por grupos políticos aliados ao clero. Composta por 17 volumes de textos e 11 volumes de desenhos, foi publicada entre 1751 e 1772.

A obra mais importante de sua carreira tornou-se um dos principais símbolos do Iluminismo e desempenhou papel de destaque na concepção ideológica da Revolução Francesa.

Vida política

Em 1746, Diderot publicou Pensamento Filosófico, uma formulação de objeções reacionárias em oposição ao sobrenatural. Dois anos depois, publicou Cartas Sobre os Cegos Para Uso Dos Que Enxergam, onde a tese do ensaio é a sujeição do homem aos seus cinco sentidos, o relativismo do conhecimento humano e a negação de qualquer fé transcendental.

Nas duas obras, Diderot expunha seu pensamento materialista ateu que destacava a dependência dos seus sentidos. Crítico do absolutismo e do poder e influência da Igreja na sociedade, foi perseguido pelas ordens religiosas vigentes e chegou a ser preso, passando três meses na prisão.

Defensor da ciência, pregava que a tecnologia seria a responsável por construir o futuro econômico das sociedades e que a política é a arte de eliminar as desigualdades sociais. Diderot é considerado por muitos um precursor da filosofia anarquista, que defende a eliminação de toda forma de governo.

Além disso, Diderot criticou severamente a escravidão e refutou metodicamente os estereótipos raciais que à época pretendiam justificar o comércio de africanos escravizados.

Iluminismo

O Iluminismo foi um movimento cultural desenvolvido na Inglaterra, Holanda e França, nos séculos XVII e XVIII. O desenvolvimento intelectual, que vinha ocorrendo desde o Renascimento, deu origem a ideias de liberdade política e econômica, defendidas pela burguesia.

O movimento iluminista trouxe consigo avanços que, juntamente a Revolução Industrial, abriram espaço para a profunda mudança política estabelecida pela Revolução Francesa. Além de Diderot, os principais filósofos iluministas foram John Locke, Voltaire, Jean Jacques Rosseau e Adam Smith.

As principais características do Iluminismo são: a valorização da razão, em oposição à fé, a crença nas leis naturais e nos direitos naturais, a crítica ao absolutismo, a defesa da liberdade política e econômica, e a igualdade de todos perante a lei.

Esse período é marcado por inúmeras avanços em algumas áreas da ciência. Na Astronomia, Isaac Newton ultrapassou a simples descrição do céu, chegando a justificar a posição e a órbita de muitos corpos siderais.

Na Biologia, progrediu-se também no estudo do homem, com a identificação dos vasos capilares e do trajeto da circulação sanguínea. Além disso, descobriu-se também o princípio das vacinas. Na Química, Antoine Lavolsier provou que a matéria não se altera, conservando-se a mesma tanto no fim como no começo de cada operação.

Foto do Iluminismo
Salão de Madame Geoffrin, de Anicet Charles Gabriel Lemonnier. A pintura do século XIX retrata um salão, local de reunião da aristocracia e de grandes pensadores, popular durante o Iluminismo.

Principais obras

  • As Joias Indiscretas (1748)
  • A Religiosa (1760)
  • O Sobrinho de Rameau (1762)
  • Jacques, o Fatalista e Seu Mestre (1773)
  • Enciclopédia (1751–1772)
  • Pensamento Filosófico (1746)
  • Cartas Sobre os Cegos Para Uso Dos Que Enxergam (1748)
  • Carta sobre os surdos-mudos (1749)
  • Ensaio sobre a pintura (1750)
  • O paradoxo do ator (1830)
  • Suplemento à viagem de Bougainville (1796)
  • Isto não é um conto (1773)

A maior parte da obra de Diderot só foi publicada após sua morte, inclusive a correspondência com Sophie Volland (1759–1774), sua última amante, publicada em 1830. A obra é considerada um dos melhores epistolários da literatura francesa.

Frases de Diderot

O homem só será livre quando o último déspota for estrangulado com as entranhas do último padre.

Cuidado com qualquer pessoa que queira trazer a ordem.

A vida selvagem é tão simples, e as nossas sociedades são máquinas tão complicadas.

Mil homens que não temem por suas vidas são mais formidáveis do que 10 mil que temem por sua fortuna.

Aquele que de algum modo condena o seu semelhante à felicidade, é feliz.

Aquele que contigo fala dos defeitos dos demais, com os demais fala dos teus.

Existem, hoje, cinquenta mil patifes que dizem o que querem a dezoito milhões de imbecis.

A superstição ofende mais a Deus do que o ateísmo.

O primeiro passo para a filosofia é a incredulidade.

Do fanatismo à barbárie não há mais do que um passo.

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