Oswald de Andrade
Poeta, escritor e dramaturgo, conheça a biografia de Oswald de Andrade, um dos maiores representantes do Modernismo no Brasil. Escreveu romances como Memórias Sentimentais de João Miramar e Os Condenados.
Oswald de Andrade foi um importante dramaturgo e escritor modernista brasileiro. Autor do Manifesto Antropofágico, escreveu também os romances Memórias Sentimentais de João Miramar e Os Condenados, e o livro de poesias Pau-Brasil.
Representante do movimento modernista no Brasil, juntamente com Anita Malfatti e outros intelectuais, organizou a Semana de Arte Moderna de 1922.
Biografia
José Oswald de Sousa de Andrade nasceu no dia 11 de janeiro de 1890, em São Paulo. Filho único, de classe média alta, iniciou seus estudos na Escola Modelo Caetano de Campos. Oito anos depois, concluiu seus estudos com o diploma de bacharel em humanidades.
Após conclusão dos estudos, iniciou carreira no jornalismo como redator e crítico teatral do Diário Popular. No mesmo ano, ingressou no curso de Direito e fundou um ateliê com o pintor Oswaldo Pinheiro, no Vale do Anhangabaú.
Em 1911, com a ajuda financeira de sua mãe, fundou o jornal O Pirralho. Dirigida por Oswald, juntamente com Alcântara Machado e Juó Bananère, o jornal semanal tinha como colaborador o célebre pintor Di Cavalcanti.
No ano seguinte, fez sua primeira viagem à Europa e a estada em Paris lhe trouxe muitas ideias futuristas. Com o falecimento da mãe, retornou ao Brasil, trazendo consigo Henriette Denise Boufflers, estudante francesa que conheceu em Paris.
Em 1914, o casal teve seu primeiro filho e logo em seguida se separaram. Nesse mesmo ano, tornou-se bacharel em ciências e letras, pelo Colégio São Bento e cursou filosofia no Mosteiro de São Bento. Após trancar a faculdade diversas vezes, graduou-se em Direito.
Posteriormente, ele começou a namorar a pintora Tarsila do Amaral, com a qual ficou casado por três anos. Após o divórcio com Tarsila, assumiu um relacionamento sério com sua amante, a escritora Pagu.
Por meio da escritora, Oswald se aproxima da política e torna-se militante do Partido Comunista Brasileiro. O casal funda o jornal O Homem do Povo, que existiu até 1945, quando Oswald rompeu com o partido comunista.
Devido a sua vida boêmia repleta de traições, separou-se de Pagu, casou-se novamente, divorciou inúmeras vezes até que se casou com Maria Antonieta D’Alkmin, com a qual permaneceu casado até sua morte.
Morreu vítima de um infarto em São Paulo, no dia 22 de outubro de 1954.
Oswald no modernismo brasileiro
Considerado um dos principais representantes do modernismo brasileiro, Oswald de Andrade foi o autor dos mais importantes manifestos modernistas: Manifesto da Poesia Pau-Brasil e o Manifesto Antropófago. Além disso, escreveu também o primeiro livro de poemas do modernismo brasileiro: Pau-Brasil.
Juntamente com Plínio Salgado, Anita Malfatti, Heitor Villa-Lobos, Di Cavalcanti e outros intelectuais brasileiro, organizou a Semana de Arte Moderna de 22. No evento, celebrou-se a independência política do país em relação a Portugal e consolidou-se a identidade cultural brasileira.
Na sua busca por um caráter nacional, Oswald ultrapassou o romantismo e se posicionou contra as formas cultas e convencionais da arte. Irreverente e polêmico, era um crítico ferrenho do parnasianismo. Sua escrita se aproximava mais das formas de expressão primitivas e de um certo abstracionismo geométrico.
Inspirado no cubismo e no futurismo, buscou construir uma identidade nacional baseada na valorização da diversidade cultural. A partir daí, voltou sua poesia para um certo primitivismo e tentou mesclar e equiparar a cultura popular e erudita.
Oswald no teatro
Além dos romances e poesias, Oswald também atuou no âmbito teatral, no qual estreou, em 1916, com as peças Leur Âme e Mon Coeur Balance. As duas peças foram escritas em francês com a colaboração do poeta modernista Guilherme de Almeida.
No entanto, sua grande contribuição para o teatro nacional só ocorreu na década de 30, com o lançamento de três importantes textos dramáticos:
- O Homem e o Cavalo (1934)
- A Morta (1937)
- O Rei da Vela (1937)
Na última delas, Oswald apresenta inovações técnicas e faz críticas à sociedade brasileira dos anos 60. A peça só foi encenada e levada ao palco em 1967, causando grande repercussão na época e contribuindo para o clima de efervescência cultural que caracterizou os anos 60.
Principais obras
- Os Condenados (1922)
- Memórias Sentimentais de João Miramar (1924)
- Manifesto Pau-Brasil (1925)
- Pau-Brasil, poesias (1925)
- Estrela de Absinto (1927)
- Manifesto Antropófago (1928)
- Serafim Pontes Grande (1933)
- O Homem e o Cavalo (1934)
- O Rei da Vela, teatro (1937)
- A Morta, teatro (1937)
- Marco Zero I – A Revolução Melancólica (1943)
- A Arcádia e a Inconfidência, ensaio (1945)
- Ponta de Lança, ensaio (1945)
- Marco Zero II – Chão, romance (1946)
- A Crise da Filosofia Messiânica (1946)
- O Rei Floquinhos, teatro (1953)
- Um Homem Sem Profissão (1954)
Poemas de Oswald de Andrade
Pronominais
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro.
Erro de português
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de sol
O índio tinha despido
O português.
Canto de regresso à pátria
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.
Leia também:
Os comentários estão fechados, mas trackbacks E pingbacks estão abertos.