10 Lendas africanas para contar às crianças
Cansado de contar as mesmas histórias? Confira essas lendas africanas para enriquecer seu acervo.
Lendas são comuns em todas as culturas e costumam desempenhar o papel de ensinar. O aprendizado é passado através dessas histórias contadas oralmente desde a era primitiva do ser humano. Portanto, contador de história é uma das profissões mais antigas do mundo.
Essas histórias são narradas principalmente para crianças devido ao caráter educativo e simples de entender e, se contadas com muita fantasia ao longo dos anos, tornam-se lendas. Além de passar ensinamentos valiosos, também são uma ótima maneira de conhecer novas culturas.
Confira 10 lendas africanas para enriquecer seu acervo:
1. O nascimento da galinha-d’angola
Conta-se que houve um tempo em que todas as aves viviam juntas em paz, mas começaram a perceber diferenças entre elas. Algumas tinham penas brancas e azuis, outras tinham pescoço longo e pés vermelhos, mas a espécie mais bela era a melro.
Todos achavam o melro lindo! O macho tinha o bico alaranjado e penas negras, e a fêmea, penas pardas e negras e a garganta esbranquiçada.
Com o tempo, o sentimento de inveja começou a crescer dentro dos pássaros. Assim, o melro prometeu usar seus poderes mágicos naqueles que deixassem a inveja de lado para mudar a plumagem para tons brilhantes de preto.
Várias aves receberam o presente, mas a galinha-d’angola não conseguiu admirar sem invejar e o melro ficou muito bravo.
Sendo assim, a galinha-d’angola foi transformada em um animal magro e fraco, com o corpo pintado como um leopardo. Dessa forma, seria devorado pelo leopardo tomado por inveja de ver um animal pintado como ele.
Assim, a galinha-d’angola pagou pela sua inveja.
*Adaptada do site Criando com Apego
2. A girafa e o rinoceronte
A girafa tinha um pescoço normal e era da altura da maioria dos animais, até que um dia começou uma seca terrível na terra e era quase impossível achar água e alimento no chão.
Um dia, depois de caminhar por horas em busca de água, a girafa encontrou um rinoceronte e os dois lamentaram a situação. Então, a girafa disse:
— Veja só, é muito difícil encontrar arbustos com folhas e há tantos animais com fome, mas as acácias continuam verdes. Queria poder alcançar essas folhagens no alto das copas. É uma pena que não possamos subir nas árvores.
O rinoceronte, então, teve uma ideia:
— Conheço um feiticeiro muito poderoso que pode nos ajudar!
Eles foram até a casa do feiticeiro e a girafa explicou o desejo. Ele disse que seria muito fácil realizar esse pedido e combinou com os dois animais de encontrá-los no dia seguinte para entregar-lhes uma poção que alongaria seus pescoços e pernas.
No dia seguinte, a girafa compareceu sem o rinoceronte, que ficou animado ao achar gramíneas e esqueceu do compromisso. Então, o feiticeiro deu sua poção à girafa e sumiu.
Quando tomou a poção, a girafa ficou tonta e precisou fechar os olhos. Ela sentiu suas pernas mudarem e, ao abrir os olhos, percebeu que tudo estava diferente… ela estava muito mais alta! Logo avistou a acácia e saboreou suas folhas.
O rinoceronte lembrou do seu compromisso, mas não achou o feiticeiro. Furioso, sentiu que foi enganado. Desde então, ele passou a perseguir o feiticeiro e a correr atrás também de todos que cruzam seu caminho.
*Adaptada do site Criando com Apego
3. O sapo e a cobra
Durante um passeio rotineiro, o sapo avistou um animal longo, fino e brilhante. Então, tomado por curiosidade, perguntou:
— Oi! O que você está fazendo estirada sobre a estrada?
A cobra abriu os olhos e respondeu:
— Estou tomando um Sol, pois sou uma cobra. Você é o quê?
O sapo prontamente falou:
— Sou um sapo! Quer brincar comigo?
A cobra ficou animada e brincaram a tarde toda. O sapo ensinou a cobra a pular e a cobra ensinou o sapo a rastejar. Divertiram-se tanto que prometeram voltar no dia seguinte para continuar as brincadeiras.
O sapo chegou em casa e contou à sua mãe sobre sua nova amizade com a cobra. A mamãe sapo não gostou e ficou assustada:
— Não podemos fazer amizade com cobras! Elas são venenosas! Não quero que brinque mais com ela nem que rasteje por aí.
Quando a cobra chegou à sua casa, mostrou o que aprendeu para a mãe e disse que conheceu o sapo. Por sua vez, ela também não gostou:
— Sapos não são amigos! Eles são apenas comida! Você não pode ser amiga de um sapo, e não quero que fique pulando por ai.
A cobra e o sapo ficaram muito pensativos sobre como não poderiam ter uma amizade por causa de suas famílias. No outro dia, a cobra pensou em devorar o sapo, mas lembrou de como amou brincar na tarde anterior. Então, ela correu para o mato.
Desde esse dia, não brincaram mais, mas sempre ficam estirados sob o Sol, lembrando dos bons tempos de amizade.
*Adaptada do site Criando com Apego
4. Lenda dos tambores africanos
Essa lenda é originária da Guiné-Bissau e explica de onde vem os tambores, tão presentes na cultura africana.
Certo dia, os macacos-de-nariz-branco, comuns da região, estavam conversando sobre como a Lua é linda e como queriam poder trazê-la para perto da Terra. Depois de pensar muito, o macaquinho menor teve a ideia de fazer uma escada até a Lua.
Então, cada macaco subiu sobre os ombros de outro, e o último, por ser o mais leve, era o macaquinho pequeno. Ele conseguiu agarrar-se à Lua, mas a pilha de macaquinhos desmoronou e todos caíram, menos o macaquinho pequeno.
Assim, ele ficou na Lua e uma linda amizade nasceu. Ela presenteou o macaco com um tamborzinho branco, que ele tocou com muita alegria. Depois de muito tempo morando na Lua, o macaquinho sentiu saudades da Terra e da sua família. Diante disso, a Lua se sentiu triste com o pedido para voltar:
— Você não está feliz aqui? Não gostou do tamborzinho que te dei?
O macaco explicou que adorou o presente, mas que estava com muita saudade da sua família depois de tantos anos. A
Lua entendeu a dor do amigo e disse-lhe para se agarrar à corda que ela fez até a terra. Quando chegasse no chão, o macaquinho deveria tocar o tambor para avisar que era seguro cortar a corda. Dessa forma, o macaco despediu-se:
— Muito obrigado pela sua amizade!
Então, iniciou sua descida com seu tambor. Mas, como o caminho era longo e o macaco era muito inquieto, ele começou a tocar o tamborzinho. A Lua ouviu a música e cortou a corda, levando o macaco a cair no chão e se machucar gravemente. Uma criança viu o macaquinho e foi até ele.
Antes de dormir, o macaco entregou o tambor à criança e disse: toque com muita alegria no seu país. Então, a criança levou o tambor à família e tocam todos os dias.
*Adaptada do site Conteúdos Educar
5. Quando o leão sabia voar
Muito tempo atrás, o leão tinha asas, o que fazia com que nada escapasse dele. Depois de comer sua caça, ele guardava os ossos em seu covil e mandava que os corvos vigiassem para que ninguém quebrasse os ossos.
Certo dia, quando o leão estava caçando, um grande sapo invadiu o covil, quebrou todos os ossos e disse:
— Por que os homens e animais não podem viver muito? Quando ele vier, diga que estou naquele lago.
O leão, que estava na floresta, tentou voar e não conseguiu, então, voltou ao seu covil para entender. Lá, ele viu que todos seus ossos estavam quebrados e foi avisado pelos corvos, tomados por medo, que o responsável estava no lago.
Quando ele chegou no lago, avistou um sapo grande e tentou pular sobre ele. O sapo, por sua vez, nadou até o outro lado do lago.
O leão tentou alcançá-lo várias vezes sem sucesso e voltou para casa. A partir desse dia, o leão nunca mais voltou a voar e os corvos se tornaram mudos de medo do leão.
*Adaptada do site Criando com Apego
6. A canção da criança
Algumas comunidades africanas dizem que toda pessoa tem uma canção, que nasce muito antes do aniversário da criança.
Conta-se que antes mesmo da criança ser concebida, a canção já existe. Quando uma mãe decide ter um filho, pensa na criança e senta na sobra de uma árvore. Então, ela ouve a canção.
Essa canção será cantada no nascimento da criança. Quando a criança cai, sua família a levanta cantando. Quando a criança consegue uma conquista, todos cantam sua canção. Quando a criança se perde pelo mundo, a canção guia seu coração. Depois da partida da criança, todos cantam sua canção para honrá-la.
*Adaptada do site Criando com Apego
7. A raposa e o camelo
A lenda do Sudão do Sul ensina sobre a necessidade de ter cuidado.
Um dia, a raposa Awan estava comendo lagartixas na beira do rio. Awan era muito esperto e sabia que do outro lado teria mais lagartixas deliciosas, mas ele não poderia nadar. Não muito longe, avistou o seu amigo camelo Zorol bebendo água e o chamou.
— Oi! Vamos passar para o outro lado do rio? Lá tem um grande campo com muita cevada, eu posso te levar!
Zorol aceitou e pediu para seu amigo subir em suas costas. Do outro lado, Awan mostrou onde estava o campo e correu para comer lagartixas. Quando ficou cheio, voltou para o campo onde estava seu amigo camelo para cruzar o rio novamente. Zorol ainda estava comendo e Awan ficou inquieto, começou a correr e gritar.
Os donos do campo escutaram os gritos da raposa e foram olhar quem estava ali. Alarmados, jogaram uma grande pedra no camelo, que ficou muito machucado e caiu desmaiado. Os donos voltaram para a casa e Awan retornou para ver seu amigo no chão.
— Zorol, precisamos ir embora!
Zorol respondeu:
— Por que você fez isso? Me machucaram por sua culpa!
Awan então respondeu:
— Eu grito e corro quando como lagartixas!
Zorol conseguiu levantar e foram para casa. Na metade do rio, Zorol começou a pular e dançar e Awan se assustou:
— Zorol! Eu não sei nadar e estou caindo!
O camelo respondeu:
— Eu tenho o costume de dançar depois de comer cevada.
Awan quase caiu e ficou com muito medo de ser levado pela correnteza. Zorol cruzou o rio e a raposa aprendeu uma lição valiosa.
*Adaptado do site Guia Infantil
8. Yemojá
Yemojá, filha do Deus do Oceano, era uma mulher grande, com curvas como as ondas. Ela era casada com Olofin-Oduduá em Ifé. Cansada de morar em Ifé, fugiu para o oeste e chegou em Abeokutá.
Yemojá conheceu o Rei Okerê e os dois se apaixonaram. Okerê pediu Yemojá em casamento e a mulher aceitou, desde que o rei nunca comentasse sobre seu corpo e deixasse ela triste.
Um dia, Okerê riu do corpo da sua esposa e ela fugiu novamente, tomada por melancolia. O rei ordenou que capturassem a mulher.
Desde menina, Yemojá carregava consigo um colar com uma garrafa, dado pelo seu pai, para usar em caso de perigo. Correndo, ela tropeçou e a garrafa quebrou, formando rios tumultuosos indo em direção ao oceano sob seus pés.
Okerê tentou impedir a fuga e transformou-se em colina para barrar as águas. Yemojá pediu ajuda ao seu filho, Xangô. Então, ele lançou um raio sobre a colina, que se partiu ao meio e deu passagem para o rio. Yemojá foi para o mar e nunca mais voltou para a terra.
Na Nigéria, existe uma colina dividida ao meio do nome Okerê, separada pelo Rio Ogun, que corre para o oceano.
*Adaptado do site M de Mulher
9. O jabuti e o leopardo
Em um dia normal, o jabuti estava andando pela floresta quando sentiu o chão sumir. Ele caiu e percebeu que estava em uma armadilha.
— Preciso sair daqui antes de virar sopa para humano!
Depois de várias horas e tentativas frustradas de sair, outro animal caiu ao seu lado. O jabuti se assustou e olhou para o animal. Era um leopardo! Então, o jabuti teve uma brilhante ideia. Ele se fingiu incomodado e disse:
— O que está fazendo aqui? Não viu que é minha casa? Eu não gosto de receber visitas nessa hora!
O leopardo se irritou, agarrou o jabuti e o lançou para fora do buraco. Satisfeito com sua agilidade de pensamento, o jabuti saiu andando até sua verdadeira casa.
*Adaptado do site Portal de Lauro
10. O baú das histórias
Houve um tempo em que todas as histórias do mundo estavam no céu, logo, não havia histórias na Terra.
Kwaku Ananse, um homem-aranha, queria comprar as histórias do Deus do Céu, Nyame, para contar ao povo da sua aldeia, então, teceu um fio até o céu.
Nyame ouviu a proposta e riu da visão do homem. Então, disse que suas histórias eram muito valiosas e o preço seria alto:
— Me traga o Osebo, o leopardo dos dentes terríveis, e os marimbondos Mnboro, que picam como o fogo!
Ananse aceitou a proposta e procurou a selva pelo leopardo até o encontrar:
— Ananse! Você chegou na hora certa para ser meu almoço!
O homem-aranha disse que, antes, gostaria de brincar de amarra-amarra. Osebo, que amava jogar, aceitou. Ananse amarrou uma pata e, com agilidade, atou todas as outras. Em seguida, encheu uma folha de bananeira de água, pegou uma cabaça e caminhou em direção à casa dos marimbondos.
Lá, ele derramou a água sobre si e sobre a casa:
– Está chovendo!
Os Mnoboro correram para dentro da cabaça para se proteger da chuva e Ananse tampou rapidamente a entrada. Assim, subiu por sua teia até o céu e comprou o baú de histórias.
Ao chegar à aldeia, abriu o baú e as histórias se espalharam por todos os cantos do mundo, sendo contadas até hoje.
*Adaptado do vídeo do Baú da Camilinha
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