Empirismo
A corrente filosófica do empirismo é tida como o oposto do racionalismo. Nela, argumenta-se que o conhecimento deriva da experiência prática cotidiana.
Você provavelmente já questionou de onde surgiu o conhecimento humano? De que modo o conhecimento é adquirido? E quais são os seus limites?
No entanto, essas perguntas já haviam sido feitas há tempos atrás pelos filósofos do empirismo. Mas, você sabe do que trata essa corrente filosófica?
Conheça um pouco mais sobre o empirismo!
O que é empirismo?
O termo empirismo, derivado do latim empiria, designa experiência.
A corrente filosófica remete a uma teoria do conhecimento e tem a sua origem vinculada a filosofia aristotélica.
Na modernidade, ao ter o conhecimento como conceito central na filosofia, o empirismo foi sustentado por diferentes filósofos, como Thomas Hobbes, John Locke e David Hume.
Opositores dos racionalistas, que argumentavam que o conhecimento era racional e não advinha da experiência, os empiristas acreditavam que as ideias vinham da experiência prática cotidiana.
Origem do empirismo
O empirismo é remoto a Antiguidade Clássica, quando havia uma fragmentação entre o conhecimento para a experiência e o resultado.
As artes e o artesanato, por meio da técnica e do trabalho produtivo, norteavam esse pensamento.
Ademais, tinha a separação do que era apontado como um ideal de conhecimento teórico, acoplando as áreas da ciência e da práxis.
De caráter distintos, a ciência categorizava-se como um conhecimento essencial e universal; enquanto a práxis era a prática guiada para o bem e a felicidade.
O pensamento norteou os conhecimentos científicos da Grécia, tendo a metafísica e as noções de ética como parte da práxis.
Anos depois o empirismo evoluiu, especialmente na linha do pensamento dos pensadores britânicos, como é o caso de Francis Bacon e John Locke.
Principais filósofos do empirismo
Muitos foram os filósofos do empirismo, entretanto entre os principais da corrente estão: Aristóteles; Alhazen; Avicena; David Hume; Francis Bacon; Guilherme de Ockham; George Berkeley; Hermann von Helmholtz; IbnTufail; John Locke; John Stuart Mill; Leopold von Ranke; Robert Grossetest e Robert Boyle.
Conheça um pouco sobre três deles – David Hume, Francis Bacon e John Locke:
David Hume (1711-1776)
O filósofo escocês David Hume é um dos importantes da corrente empírica, tendo contribuído com o “Princípio da Causalidade“.
Para Hume, não há causalidade, mas sim uma sequência temporal de eventos, digna de análise.
Outro conceito chave no método científico é a de que as evidências necessitam ser empíricas. Assim, é necessário a comprovação realizada pelos sentidos, em uma experiência sensorial.
Francis Bacon (1561-1626)
Francis Bacon foi um dos principais filósofos do empirismo, assim como o pioneiro no esboço da técnica científica moderna. Para ele, o método filosófico e científico deve ter início no método indutivo, servindo como alicerce para a observação da repetição de eventos.
Ao julgar a filosofia aristotélica superada, ele iniciou a produção de uma tratado que pretendia estruturar a filosofia pela busca do conhecimento.
Diante disso, redigiu o “Novo Método” (1620), argumentando o porquê do homem dominar a natureza e compreender o seu funcionamento, para depois, tendo o conhecimento das suas engrenagens, modificar e transportar para si as vantagens produzidas por ela.
Neste cenário, Francis Bacon alega que “saber é poder”.
Além disso, no seu tratado, Bacon elenca a ciência em áreas: filosofia ou ciência da razão; história ou ciência da memória; e poesia ou ciência da imaginação.
John Locke (1632-1704)
O nome principal na teoria da corrente do empirismo é o do filósofo inglês John Locke. Com uma linha conhecida como empirismo britânico, ele influenciou muitos outros filósofos.
O filósofo foi o pioneiro na definição formal e conceitual do termo, no texto Ensaio Acerca do Entendimento Humano (1690). Para o autor, a experiência era incumbida pela construção das ideias na cabeça das pessoas. O pensamento é relatado no início do livro, quando Locke afirma que “só a experiência preenche o espírito com ideias”.
Defendendo uma espécie de empirismo crítico, na sua concepção as ideias não nasciam com o ser humano, mas advinham de suas práticas.
Assim, seriam sentidos e sensações. Desse modo, os sentidos são os grandes responsáveis de transmitir a informação para a mente.
Locke associa a mente humana a uma folha em branco, uma tábula rasa, espaço em que as experiências são impressas. Diante disso, existem dois modos de surgimento de ideias, tanto na sensação quanto na reflexão, de caráter simples ou complexo.
Todavia, para Locke, as estruturas cartesianas falham ao fragmentar o ser humano em corpo e alma. Nesse sentido, ele acredita que a figura humanística se constitui por ambos, sem separações.
Racionalismo e Empirismo
O embate entre empirismo e racionalismo versa sobre a concepção do conhecimento. Se por um lado os racionalistas objetivam um conhecimento universal, os empiristas almejam o estudo da realidade apresentada ao ser humano.
Portanto, os filósofos racionais conceberam uma multiplicidade de análises conceituais e de argumentos articulados em deduções. Já os da corrente empírica se alicerçaram nos raciocínios indutivos.
Entretanto, o foco na experiência não delineia a abdicação da razão. O que se questionava era o seu emprego como exclusivo meio de alcançar conhecimentos.
Empirismo e Inatismo
Inatismo e empirismo são vistos como correntes filosóficas distintas.
Totalmente oposto do empirismo, o inatismo julga que o conhecimento é inerente ao ser humano. Em outras palavras, acredita-se que a criança nasce com algumas percepções.
Contudo, os inatistas creem que, ao passo do crescimento, as pessoas vão recebendo estímulos no intuito de que todos os conhecimentos possam ser desenvolvidos.
E esses seriam transmitidos por meio da hereditariedade.
Empirismo e Iluminismo
Na perspectiva do empirismo e do iluminismo, a conexão está no fato de que as discussões sobre a teoria do empirismo permaneceram no período do iluminismo europeu. Inclusive, o racionalista alemão Gottfried Wilhelm Leibniz influenciou a produção filosófica do iluminista Immanuel Kant.
Kant encerrou os debates ao argumentar que o conhecimento humano é originado das experiências práticas e ideias racionais.
Em sua perspectiva, a cognição do ser humano prescinde o abstrato racional (conhecimento a priori) e a experiência prática (conhecimento a posteriori). Ambos solicitam uma estrutura complexa, possível apenas para os seres humanos.
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