Monteiro Lobato
Autor do clássico Sítio do Picapau Amarelo, Monteiro Lobato foi o propulsor da literatura infantil brasileira, além de seu imenso legado deixado como tradutor e editor.
Autor do clássico Sítio do Picapau Amarelo, Monteiro Lobato foi um importante escritor, tradutor, editor de livros inéditos e produtor brasileiro. Ele se dedicou principalmente à literatura infantil.
Além disso, criou a Editora Monteiro Lobato e a Companhia Editora Nacional. Foi um dos primeiros autores de literatura infantil do Brasil e de toda a América Latina.
Monteiro Lobato – Biografia resumida
Monteiro Lobato nasceu em Taubaté, São Paulo, no dia 18 de abril de 1882. Criado em um sítio, foi alfabetizado pela mãe e por um professor particular. Aos sete anos, ingressou em um colégio e começou a despertar o interesse pela leitura.
Seu avô materno, Visconde de Tremembé, possuía uma vasta biblioteca em sua casa, o que levou Monteiro Lobato a ler todos os livros infantis em língua portuguesa que encontrou. Nos primeiros anos escolares, já escrevia contos para os jornais da escola.
Aos onze anos, em 1893, foi transferido para o Colégio São João Evangelista e, aos 14, já fala inglês e francês fluentemente. Em 1896, partiu para São Paulo. Na capital, estudou no Instituto de Ciências e Letras, se preparando para a faculdade de Direito.
Registrado como José Renato Monteiro Lobato, mudou seu nome para José Bento Monteiro Lobato, porque queria usar uma bengala herdada de seu pai, cuja as iniciais inscritas eram J.B.M.L.
Desde menino retratava a Fazenda Buquira, onde morava, desenvolvendo um grande talento para o desenho. Trabalhou como desenhista e cartunista nesse período. Tinha o sonho de estudar artes plásticas, mas, por imposição do avô, acabou ingressando na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.
Segundo relatos, em sua festa de formatura, Monteiro Lobato fez um discurso tão agressivo que vários professores, padres e bispos se retiraram da sala. Nesse mesmo ano, retornou a Taubaté, prestou concurso para a Promotoria Pública e assumiu o cargo na cidade de Areias, em 1907.
Em 1908, casou-se com Maria Pureza da Natividade, com quem teve quatro filhos. No cargo de Promotor, continuou escrevendo para vários jornais e revistas e fazendo desenhos e caricaturas. Morou em Areias até 1911, quando se mudou para Taubaté, para a fazenda Buquira, deixada como herança pelo seu avô.
Na fazenda, indignado pelas constantes queimadas, escreveu uma carta (Velha Praga) para a seção Queixas e Reclamações do jornal Estado de São Paulo. A carta provocou grande polêmica e o levou a escrever diversos outros artigos, como Urupês, dando vida a um de seus mais famosos personagens, Jeca Tatu.
Em 1918, comprou a Revista do Brasil e tornou-se um ativista do nacionalismo, defendendo uma arte genuinamente brasileira. Criou também a Editora Monteiro Lobato e a Companhia Editora Nacional.
José Bento Monteiro Lobato faleceu em São Paulo, no dia 5 de julho de 1948, vítima de um espasmo cerebral. Deixou um imenso legado literário, sendo um dos pioneiros na literatura infantil do Brasil e de toda América Latina.
Literatura infantil
Quando Lobato comprou a Revista do Brasil, tornou-se editor e transformou a revista em centro de cultura e a editora em uma rede de distribuição com mais de mil representantes. Em parceria com Octalles Marcondes Ferreira, fundou a Companhia Gráfico-Editora Monteiro Lobato, que logo foi a falência.
Com a falência, muda-se para o Rio de Janeiro e começa a publicar livros para crianças. Seu primeiro livro infantil publicado foi Reinações de Narizinho, em 1920. A obra fez grande sucesso, o que levou o autor a prolongar as aventuras de seu personagem em outros livros, dando origem a sua principal obra: Sítio do Picapau Amarelo.
Podemos dizer que Reinações de Narizinho inaugurou a literatura infantil brasileira, porque nesse período, nenhum outro autor brasileiro produziu algo que acessasse o imaginário infantil. Os livros que as crianças brasileiras tinham acesso eram apenas adaptações e traduções da literatura europeia ou material didático sugerido pelas escolas.
Dessa forma, Lobato inova em linguagem e gênero, trazendo ao debate a criança como um ser capaz de pensar, sonhar, sofrer e querer como qualquer outro humano. O livro Caçadas de Pedrinho, publicado em 1933, fez parte do Programa Nacional Biblioteca na Escola, do Ministério da Educação.
Além de sua imensa produção literária, Lobato traduziu e adaptou os seguintes livros infantis:
- Contos de Grimm
- Novos Contos de Grimm
- Contos de Andersen
- Novos Contos de Andersen
- Alice no País das Maravilhas
- Alice no País dos Espelhos
- Robinson Crusoé
- Contos de Fadas
- Robin Hood
Sítio do Picapau Amarelo
O Sítio do Picapau Amarelo é uma série de 23 volumes, publicada entre 1920 e 1947, tendo como primeiro e último livro O Saci e Histórias Diversas, respectivamente.
O cenário do livro se passa em um sítio, cujo nome é Picapau Amarelo e tem como personagens: Dona Benta, Tia Anastácia, Emília, Narizinho, Pedrinho e o Visconte de Sabugosa.
Lobato escreveu um conto chamado A História do Peixinho Que Morreu Afogado, que deu origem ao livro A Menina do Narizinho Arrebitado, posteriormente editado e publicado novamente sob o título de Reinações de Narizinho. O livro foi o propulsor da coleção Sítio do Picapau Amarelo.
A obra foi de um sucesso enorme, tendo sido publicada em inúmeros países, como Rússia, Itália e Argentina. A série foi adaptada pela primeira vez em 1951, em uma produção live-action, com um filme teatral. No ano seguinte, tornou-se uma série de televisão produzida e exibida pela já extinta TV Tupi.
Um segundo filme, O Picapau Amarelo, foi lançado em 1973, dirigido por Geraldo Sarno e baseado no livro de mesmo nome.
A Rede Globo comprou os direitos e começou a produzir, em conjunto com a TV Educativa, Sítio do Picapau Amarelo, em 1977. Essa versão foi um enorme sucesso, tendo duração de dez anos. A emissora de TV chegou a produzir uma nova versão em 2001, porém, depois de sete anos de exibição, foi cancelada devido à baixa audiência.
Principais obras de Monteiro Lobato
- Ideias de Jeca Tatu, conto (1918)
- Urupês, conto (1918)
- Cidades Mortas, conto (1920)
- Negrinha, conto (1920)
- O Saci, literatura infantil (1921)
- Fábulas de Narizinho, literatura infantil (1921)
- Narizinho Arrebitado, literatura infantil (1921)
- O Marquês de Rabicó, literatura infantil (1922)
- O Macaco que se fez Homem, romance (1923)
- Mundo da Lua, romance (1923)
- Caçadas de Hans Staden, literatura infantil (1927)
- Peter Pan, literatura infantil (1930)
- Reinações de Narizinho, literatura infantil (1931)
- Viagem ao Céu, literatura infantil (1931)
- Caçadas de Pedrinho (1933)
- Emília no País da Gramática, literatura infantil (1934)
- História das Invenções, literatura infantil (1935)
- Memórias da Emília, literatura infantil (1936)
- Histórias de Tia Nastácia, literatura infantil (1937)
- Serões de Dona Benta, literatura infantil (1937)
- O Picapau Amarelo, literatura infantil (1939)
Frases de Monteiro Lobato
Quem mal lê, mal ouve, mal fala, mal vê.
Seja você mesmo, porque ou somos nós mesmos, ou não somos coisa nenhuma.
Loucura? Sonho?
Tudo é loucura ou sonho no começo. Nada do que o homem fez no mundo teve início de outra maneira – mas tantos sonhos se realizaram que não temos o direito de duvidar de nenhum.
Quem escreve um livro cria um castelo, quem o lê mora nele.
A mim me salvaram as crianças. De tanto escrever para elas, simplifiquei-me.
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