Quilombos
Os quilombos eram locais que abrigavam os africanos escravizados que fugiam do trabalho forçado no período colonial.
Os quilombos são vistos como locais que refugiavam os africanos escravizados que fugiam das fazendas.
Entretanto, alguns estudos apontam que não devemos reduzi-los à situação de fuga, pois as dinâmicas sociais eram mais complexas.
Sendo assim, existiram quilombos que foram construídos a partir da compra de terras por pessoas escravizadas alforriadas, por meio de heranças ou através da ocupação de fazendas abandonadas.
De todo modo, esses lugares eram centros de resistências dos africanos escravizados que eram forçados a trabalhar nas lavouras.
Origem dos quilombos
Quilombo é uma palavra do idioma banto que significa “guerreiro da floresta”. Em 1740 ocorreu a primeira definição de quilombo feita pelo Conselho Ultramarino Português.
De acordo com esta instituição, se encaixava como quilombo toda habitação formada por mais de cinco africanos escravizados fugidos.
A vida no quilombo
A vida no quilombo era de acordo com a tradição dos escravizados que nele moravam. Chamados de quilombolas, os habitantes dessas comunidades desenvolviam várias atividades, tais como o extrativismo, agricultura, exploração de minérios, criação de animais e atividades mercantis.
Nos quilombos, os negros podiam manter seus costumes de forma livre, cultuando seus orixás, tocando suas músicas e dançando.
Contudo, eles sempre se lembravam dos colegas que eram mantidos nos cativeiros. Com isso, era comum que eles organizassem planos de fugas ou economizassem o dinheiro da venda dos produtos para comprar a liberdade dos companheiros.
Os quilombos eram construídos em locais de difícil acesso, visando impedir que os indivíduos escravizados fossem pegos.
Esses locais não se limitavam somente a abrigar africanos escravizados, também acolhiam indígenas e criminosos que fugiam da justiça.
Existiam códigos de conduta específicos à essas comunidades. Era proibido:
- Roubar
- Cometer adultério
- Matar
- Fugir
Caso algum desses delitos fossem cometidos, a penalidade poderia chegar a pena de morte. Ao mesmo tempo, esses locais serviram para preservar a cultura africana.
Alguns pratos, religiões, danças, músicas e expressões incorporadas pelos brasileiros são nitidamente influenciadas pelos africanos.
Visando combater a fuga dos escravos, foram criados os “capitães do mato”. Eram homens que conheciam o interior das matas e que, por isso, eram contratados para recapturar os escravos fugidos.
A resistência era constante. Mesmo quando os quilombos eram destruídos, outros eram construídos com o mesmo objetivo: abrigar escravos fugidos.
Quilombo dos Palmares
O Quilombo dos Palmares foi um dos mais importantes do período colonial. Criado na serra da Barriga Verde, no estado de Alagoas, no século XVII, ele reunia inúmeros quilombos menores, formando uma enorme comunidade integrada por milhares de pessoas.
Seu crescimento ocorreu em razão das invasões holandeses que provocaram alguns distúrbios sociais que favoreceram a fuga de vários escravos.
O Quilombo dos Palmares preocupava as autoridades coloniais que em 1678, prenderam os principais líderes da comunidade.
Em contrapartida surgiu Zumbi, um novo líder que rearticulou o grupo, conseguindo manter o quilombo até o final do século XVII.
Zumbi dos Palmares
Zumbi dos Palmares nasceu em Alagoas, em 1655, e foi o último líder do Quilombo dos Palmares. Sua imagem é considerada um símbolo de resistência.
Seu nome de batismo era Francisco. Já nasceu na condição de livre e aos 15 anos decidiu morar no Quilombo dos Palmares.
Morreu no dia 20 de novembro de 1695, data em que é comemorado o Dia da Consciência Negra, feriado em alguns estados do país.
Quilombos no Brasil
O Brasil comportou inúmeros quilombos em toda as regiões do país. Praticamente todos os estados brasileiros reuniram essas comunidades.
Comunidades remanescentes de quilombos
Hoje em dia existem várias comunidades remanescentes de quilombos do período colonial. Elas são formadas por filhos e netos dos escravos que conseguiram fugir do trabalho forçado.
Alguns habitantes dessas regiões vivem em condições precárias e ainda mantém algumas tradições dos seus antepassados como o artesanato e técnicas de cultivo.
Ao mesmo tempo, existem os que possuem celular, jogam futebol, se divertem em festas não-quilombolas e estudam em escolas e universidades.
A titularidade das terras quilombolas foram conquistadas por meio da Constituição de 1988 que prevê o reconhecimento da propriedade da terra dos quilombolas.
O fim do processo de reconhecimento não tem data prevista. Menos de 10% das comunidades quilombolas vivem em áreas tituladas.
Saiba mais em:
- Filmes para refletir sobre a escravidão
- Engenho de açúcar no Brasil colonial
- Zumbi e Dandara dos Palmares – Biografia dos guerreiros do maior quilombo do Brasil
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